Leôncio Correia nasceu em 01 de setembro de 1865, na cidade de Paranaguá.
Foi advogado, jornalista, político e escritor.
Filho de João Ferreira Correia e de Carolina Pereira Correia.
Pertencia a uma família de políticos e de empresários de grande influência do Paraná.
Ficou órfão de pai aos seis anos de idade e, acabou sendo tutelado por seu tio o Comendador Ildefonso Pereira Correia (Barão do Serro Azul), político e maior empresário no setor de erva-mate da, então província.
Imagem Barão do Serro Azul sem data.
Viveu no Rio de Janeiro, e estudou no Colégio Pedro II, entretanto não foi possível encontrar nas fontes pesquisadas, o período em que morou na cidade.
Periódico Folha do Paraná edição 0001 pág 4 de 10 de julho de 1885.
“Das quadras, bellas, infantis, risonhas,
Só tenho goivos para ofertar aos meus…
Não sinto na alma uma impressão Fagueria.
Elevo preces… não as ouve Deus…
da infância amada que passou ligeira….
das quadras bellas, infantis, risonhas.”
Abolicionista ferrenho sobre a abolição diz o poeta.
“O Pais hoje reclama
Um serviço de alta fama
De nós todos a mocidade
Para que nos cimos dos montes,
Nos brasileiros horisontes
Raie a pura liberdade.”
Patriota, como deve ser toda a mocidade, o jovem poeta paranaense dedica a sua província natal o seu primeiro livro.
Quando voltou a viver no Paraná, ingressou na vida política.
Exerceu o mandato de deputado estadual por duas legislaturas de 1892 a 1897.
Nesse mesmo período, deu início a alguns projetos jornalísticos.
Leôncio Correia, iniciou sua vida pública em 1889, como secretário de Polícia do Estado do Paraná.
Fundou o jornal Quinze de Novembro, em 1889, sendo ele próprio seu redator chefe.
Imagem Biblioteca Nacional
Em outro jornal, o Diário do Commércio: propriedade da Companhia Impressora Paranaense de 1891.
Leôncio aparece como redator.
Entretanto, a partir de 1892, o jornal aparece com outro subtítulo, Diário do Commercio: propriedade do Barão do Serro Azul.
Em 1892 foi eleito deputado Estadual.
Participou do memorável “Cerco da Lapa”, sob o comando do Gal. Gomes Carneiro, recebendo pela sua bravura e grande valor as insígnias de capitão.
Foi também colaborador em outras publicações como Gazeta Paranaense, O Cenáculo (PR), além de Cidade do Rio, cujo proprietário e diretor foi José do Patrocínio (1853-1905).
Atuou tanto na vida política como na vida acadêmica.
Exerceu o mandato de deputado estadual pelo Paraná por duas legislaturas de 1892 a 1897, entre 1897 e 1899, período em que retorna à capital do país.
Periódico A Republica edição 0136 pág 2 1893
Mudou se para a Capital Federal fixando residência lá, foi diretor no Ginásio Fluminense, situado em Petrópolis, e diretor do Ginásio Nacional, atual Colégio Pedro II.
Em 1897 ocupando cargo de Deputado Federal, deu-se um fato interessante, e marcante, em sua vida:
“Certa noite, (30 de julho de 1899) indo ao Teatro Recreio, prestigiando um recital em benefício de determinada atriz, viu a casa engalanada de bandeirinhas brasileiras, confeccionadas de papel; e ouviu-se, dando início à festa, o “Hino Nacional”.
Tal ocorrência, causou-lhe forte indignação; e, no dia seguinte como Deputado paranaense, cuidou, em colaboração com seus pares Manoel Miranda e Lindolfo Azevedo, de redigir louvável projeto, regulamentando o uso da Bandeira Nacional, e do Hino Nacional.
Projeto esse, mais tarde convertido em Lei.
Quando diretor da Instrução Pública no Rio de Janeiro tornou obrigatório, o culto à Bandeira Nacional, sendo celebrada, com entusiasmo, e grande vibração cívica a “Festa da Bandeira” em todas as escolas Publicas do Distrito Federal.
Foi o eterno enamorado da “Cidade Maravilhosa”, de seus encantos, de sua gente.
Lecionou história na antiga Escola Normal, atualmente Instituto de Educação do Rio de Janeiro, ocupando a direção desta escola, por um período. Não foi possível encontrar, as datas de sua atuação nestes centros de ensino, nas fontes pesquisadas.
Foi presidente da Liga Espírita do Brasil, atual Liga Espírita do Estado da Guanabara, no triênio 1939-1942.
Em 1922, participou do Conselho da Associação Espírita Obreiros do Bem, entidade que ainda existe e está sediada no bairro de Rio Comprido, Rio de Janeiro.
Participou da Academia de Letras do Paraná, instituição criada em 1922 e dissolvida tempos depois.
Em 1936, Ulysses Falcão Vieira, também personagem deste dossiê, criou uma nova agremiação a Academia Paranaense de Letras, para, segundo ele próprio, resgatar o valor cultural da antiga academia. Leôncio Correia foi um de seus fundadores.
Escreveu, Barão do Serro Azul, publicado em 1942, A Bohemia do meu tempo, editado no Rio de Janeiro em 1935.
A verdade histórica sobre o 15 de novembro, editado pela Imprensa Nacional em 1939.
Foi biografado por Claudio Murilo em 1937 com o livro Leôncio Correia, poeta do amor, editado em 1957 pela Editora Prata da Casa, de Curitiba.
Antes havia sido lembrado por Deolindo Amorim (1906-1984), em O sentido imortalista do pensamento de Leôncio Correia, em conferência apresentada durante as comemorações do aniversário do personagem, em 1º de setembro de 1955, no Centro Paranaense, localizado no Rio de Janeiro.
A versão escrita dos estudos de Amorim, foi publicada, pela mesma Editora Prata da Casa.
“Mãe! minha mãe! na doce claridade
Dos teos olhos tranquillos e maravilhosos
Ri-se Deos; e, se Deos não rir, quem ha-de
Rir, ó Santa, por olhos tão piedosos?
Como as estrellas pela immensidade,
Desenrolam-se nella os dons formosos
Dessa alma; e, os vejo__Mãe!__ com que saudade!
Com que sabor de beijos lacrimosos!
Pois, que a vida me dando, Mãe, me deste
Parte da tua, e o teo amor, que enlaça
Meo ser, como uma faixa azul-celeste;
Sei que darias, com um sorriso doce,
Para salvar o teo filho da desgraça,
A propria vida, se preciso fosse…”
Periódico O Cenáculo (PR) 1895 n 1.
Falemos agora de Leôncio Correia, em sua primeira obra, reeditada pelo “Governo do Paraná”, por ocasião do seu 1.° Centenário
“Meu Paraná é o seu nome!
Traduz todo o seu amor e a sua saudade, por sua terra natal, e a qual anualmente a visitava, mostrando sua devoção, e fervoroso culto, pela passagem rica da terra dadivosa, e da sua gente boa e brava”.
A revista “Marinha” de Paranaguá, seu berço natal, muito colaborou com artigos nela elaborados, e, assim integrou no volume, “Meu Paraná”, livro, cujo título foi inspirado pelas expressivas quadras que o abrem (já ditas no inicio desta oração).
Prefaciado por nosso ilustre conterrâneo Andrade Wluritíy, do qual também nos valemos, para este difícil trabalho.
Falando de Paranaguá, berço ilustre de Leôncio Correia, diz:
“Ali na margem do lento “Itiberê, bem próximo de vasto água-mar paranaguense, formou-se a primeira civilização do Paraná, assim também, digo eu, Antonina Morretes e Porto de Cima, onde habitavam os “ilustres” da terra, antes de ser construída a maravilhosa Estrada de Ferro, grande obra de engenharia que as ligou a Curitiba.
Lá, também nasceu Nestor Vitor, o mais sútil dos críticos literários do período Parnasianismo-simbolista que recebeu também de Paranaguá, o seu profundo caráter de humanidade.
A poesia, a literatura, começaram para o Paraná, em Paranaguá e Morretes. Depois do Parnanguara Fernando Amaro de Miranda, foi Júlia da Costa a primeira poetisa do Paraná.
O grande historiador Rocha Pombo, de Morretes.
Ainda de Paranaguá, Brasílio Itibere da Cunha, patrono da música brasileira nacionalista autor da célebre “Sêrtaneja”.
Seu nome aparece em ruas de cidades do Brasil, em Curitiba no0 Bairro Agua Verde, no Leblon, Rio de Janeiro e em Duque de Caxias, Rio de Janeiro.
Colégios também receberam o nome deste escritor: Escola Municipal Leôncio Correia, na localidade de Guaratiba, Rio de Janeiro, Escola Estadual Leôncio Correia, em Curitiba, e a Creche Leôncio Correia em Brasília.
Em sua terra natal tem um nome de praça no antigo largo do Pelourinho, na Rua General Carneiro, 519 – Centro Histórico, Paranaguá.
O CENTRO DE LETRAS DE PARANAGUÁ
Essa entidade cultural nasceu dentro do ” Club Litterario ” , integrada por pessoas pertencentes ao seu quadro social, tendo por Patrono o grande literato Leôncio Correia, filho de Paranaguá e Sócio Honorário do clube.
Por iniciativa e a convite do Sr. Caetano Gomes Corrêa reuniram-se,
dia 20 de agosto de 1960, na biblioteca da sede social os Srs. Dr. Joaquim Tramujas, Dr. Genaro Régis Pereira da Costa, Dr. Hugo Pereira Corrêa,Professor Manoel Viana, Professor Nelson de Freitas Barbosa e Dr. Anibal Ribeiro Filho, para trocarem idéias e discutirem a criação de uma entidade cultural dedicada às letras.
Pelos presentes foi designado o Dr. Anibal Ribeiro Filho para presidir e orientar os trabalhos da reunião preparatória, servindo de secretário substituto o Sr. Caetano Gomes Corrêa que, como autor do projeto, fêz amplo relato sobre o mesmo.
Aprovada a idéia e assentadas as bases da entidade,
f o r am sugeridos os nomes de outras pessoas que na época exerciam atividades literárias, para integrarem a nova instituição.
Como homenagem a destacados intelectuais e artistas já falecidos,
todos filhos eméritos de Paranaguá, foram escolhidos para patronos também da entidade cultural: Fernando Amaro de Miranda, primeiro poeta do Paraná;
Júlia da Costa, primeira poetisa paranaense; Dr. Leocádio José Correia, literato, poeta, orador; Ada Macaggi, poetisa e escritora e Vicente Nascimento Júnior, literato e historiador.
Leoncio Correia faleceu no Rio de Janeiro, RJ em 19 de junho de 1950.
Seus restos mortais se encontram no panteão do Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá ao lado da poetisa Julia da Costa.
Referencias:
Esses moços do Paraná… Livre circulação da palavra nos albores da República”- Silvia Gomes Bento de Mello – 2008″Imprensa e Política no Paraná: Prosopografia dos redatores e pensamento republicano no final do século XIX” – Amélia Siegel Corrêa – 2006Galeria de ontem e de hoje – livro primeiro da galeria de ontem – David
Carneiro – Editora Vanguarda, páginas 381 e 382.Leoncio Correia, Poeta do Amor – Cláudio Murilo – Editora ” Prata de Casa”
Curitibana – 1957.