A Arte da Memória

hamilton |12 novembro, 2023

Blog | Rastro Ancestral

Para Nietzsche, por exemplo, a verdade é um ponto de vista. Ele não define nem aceita definição da verdade, porque não se pode alcançar uma certeza sobre a definição do oposto, da mentira.

A Arte da Memória
Artigo escrito em 2017
O que mais me despertou interesse enquanto estava no meio de uma pesquisa sobre as origens da Maçonaria não operativa foi quando me deparei com a “Arte da Memória” o que mais me chamou a atenção era que essa técnica utilizava a olhos vistos o conhecimento da arquitetura para didaticamente memorizar ensinamentos, segredos e rituais, fica a curiosidade. Qual a ligação entre  a Arte da Memória e os nossos antepassados construtores operativos.
Mnemosine e as Musas
O compendio desse texto foi consultado no Livro de David Stevenson (O Século da Escócia 1590-1710) Editora Madras, no qual tentei misturar esse trabalho com minhas próprias idéias sobre o Tema, o que fascina é que parece tão visto aos olhos a ligação entre essa Arte e os ensinamentos da Doutrina Maçônica, a forma didática de interpretação do que ensinam nos templos.
Para que, então tentaremos desenvolver sobre isso sem ter a pretensão de finalizar o tema, apenas expondo o meu ponto de vista pessoal.
A arte da memória era uma técnica para melhorar a capacidade de memória de uma pessoa, que se desenvolveu na Grécia antiga, mas é mais bem conhecida pelos escritores romanos, era considerada especialmente valiosa para oradores e advogados, que tinham de memorizar longos discursos, mas também tinha vasta utilização nas épocas anteriores à criação da imprensa escrita.
A técnica grega de mnemônica era baseada em um edifício.
O estudante da arte era instruído a estudar algum edifício grande e complexo, memorizando seus cômodos e sua planta, alguns lugares ou características peculiares do local. Para fazer isso, ele devia estabelecer uma ordem especifica para visitar cada cômodo individualmente e cada local do edifício. Ao memorizar um discurso ele deveria então, imaginar-se andando por esse edifício em sua rota pré estabelecida, e em cada local memorizado ele deveria estabelecer imagens que seriam associadas a cada argumento ou ponto em seu discurso.A ordem em que as imagens eram colocadas no percurso pelo edifício deveriam corresponder à ordem em que os pontos  seriam cobertos no discurso. Essas imagens estabelecidas em lugares teriam de estar ligadas de certa forma a pontos sendo memorizados. A ligação poderia ser simples e direta (por exemplo, uma arma representando um assassinato ou guerra) ou indireta e rebuscada, baseada em caprichos da mente fazendo associações entre imagens e conceitos que não fariam sentido para as outras pessoas.
Freqüentemente as imagens eram figuras humanas e acreditava-se que imagens incomuns e marcantes belas ou grotescas, cômicas ou obscenas eram mais fáceis de lembrar que as imagens comuns.
Quando ia fazer seu discurso o Orador estaria andando mentalmente pelo edifício de sua rota, e cada imagem em seu lugar o faria lembrar-se do ponto que deveria abordar em seguida, no discurso Enquanto o objetivo mais comum era lembrar-se de pontos salientes a serem abordados em ordem, havia também, nas fontes romanas, o uso intensivo da arte pelos indivíduos altamente habilidosos a ponto de memorizar todas as palavras de um discurso.
Uma primeira impressão à Arte da Memória é possivelmente a de que ela atrapalharia, em vez de ajudar o infeliz orador. Embora seu edifício de memória pudesse ser usadas repetidas vezes para diferentes discursos a necessidade de lembrar-se de um grande numero de lugares, a ordem em que visitá-los, suas imagens e importância parece um empecilho debilitante. O sistema, porem, funcionava e foi, sem duvida, responsável por alguns dos notáveis feitos de memória registrados dos antigos poetas e oradores.
A maioria das pessoas pensa em coisas que já memorizaram de uma forma indireta e complexa porque funcionava melhor, para elas ainda que não para os outros do que a memorização simples e direta. Talvez isso nos ajude a entender a Arte da Memória. As peculiaridades da mente que podem levar as pessoas e terem mais facilidade para memorizar um fato complexo, foram elaboradas pela Arte da Memória em uma ferramenta sistemática e poderosa, a Memória Artificial.
As freqüentes imagens humanas que revelavam sua importância por meio de ações, vestimentas e posses também podem estar relacionadas às figuras de deuses e as personificações de conceitos abstratos (tais como as virtudes identificáveis por seus atributos) que eram populares no mundo antigo. No império romano, por exemplo, estes foram desenvolvidos na cunhagem de moedas, em uma elaborada “forma de referencia simbólica a quase toda atividade do estado”, que fosse intimamente ligada à crença popular, pela tendência de considerar as personificações.
A Paz segurando um ramo de oliveira ou a Abundancia segurando espigas de milho e uma cornucópia de plenitude poderia ser chamada, em um sentido geral, de imagens de memória, de fato muitas outras espécies de simbolismo podem ser vistas assim, pois os símbolos ou imagens sempre foram amplamente usados para lembrar ao portador de determinadas coisas. Com a vinda do cristianismo, o sistema romano de personificação foi tomado e desenvolvido como parte da Iconografia Cristã na qual cada santo tinha seus atributos (recordando sua vida, virtudes especiais ou martírio) para auxiliar a identificação. As seqüências de imagens nas igrejas medievais sejam elas em grupos de santos (que na ordem transmitem uma mensagem especifica) ou representações simbólicas de eventos bíblicos, também eram guias para a memória.
Acima de tudo a Arte da Memória era baseada em imagens mentais que não tinham evidencia física. Ela geralmente se baseava em edifícios mentais e lugares reais dentro deles, e com o uso da memória artificial o edifício era visitado na mente.
Alem disso muitas das imagens empregadas na Arte da Memória eram invenções do usuário da técnica e não fariam sentido para outras pessoas enquanto a iconografia de personificações e santos era para que as imagens fossem compreendidas por todos .
No mundo antigo, a arte da memória era classificada como um aspecto da retórica, mas Cícero também um defensor da Arte classificava a Arte como uma das três partes da virtude da Prudência (as outras sendo inteligência e presciência), como passar do tempo, isso teve grande importância para a Arte da Memória, pois as virtudes definidas por Cícero (Prudência, Justiça, Fortitude e Temperança) foram aceitas na idade média como as quatro virtudes capitais.
Assim a Arte da Memória, identificada como prudência, passou a ser considerada um aspecto da ética. O trabalho de Santo Agostinho, pois ela a considerava uma das três partes da alma (sendo as outras duas compreensão e vontade) e ensinava que, explorando a memória os homens poderiam encontrar uma imagem memória de Deus imbuída em suas almas. O que adquiria importância na religião, não só pelo valioso método de incutir verdades religiosas na mente, mas também como algo que em si tinha valor moral e levaria ao conhecimento de Deus.
A primeira pessoa a dar proeminência a esse novo tipo de sistema de memória foi Giulio Camilio, que morreu em 1544. Suas atividades despertaram intenso interesse, principalmente na França e Itália, pois ele construiu um sofisticado modelo de madeira de um “Teatro de Memória” atribuindo notáveis poderes ao seu funcionamento, mas recusando-se a revelar a qualquer pessoa os segredos da Arte, exceto ao Rei da França. Na verdade os segredos nunca foram revelados, mas a reconstrução que o Frances Yates fez do teatro mostra que ele foi baseado no teatro clássico, conforme descrito pelo arquiteto romano Vitruvio, embora com o acréscimo de influencias bíblico, como se observa pela inclusão dos sete pilares da Casa da Sabedoria de Salomão (“A Sabedoria edificou a sua casa, lavrou as suas sete colunas” – Provérbios 9,1). Da clássica Arte da Memória, Camilo tirou lugares memória e construiu imagens em madeira para colocar neles. Mas essas imagens eram consideradas talismãs capazes de invocar os poderes mágicos do sol e dos planetas, de acordo com teorias derivadas dos escritos herméticos.
A Arte da Memória utilizada foi, portanto, transformada em um método do oculto, pelo qual o homem poderia compreender o Universo e canalizar seus poderes, o salto de um edifício terrestre para os céus facilitado pelo fato de que, embora desde tempos antigos, a Arte da Memória se baseasse em edifícios, uma variante da tradição tinha procurado seus lugares memória nos signos do zodíaco e nas estrelas.
Outro famoso expoente da hermética da arte da memória no século XVI foi Giordano Bruno (1548-1600) ele entrou para a Ordem dos frades Dominicanos, tradicionalmente interessados na Arte da Memória, diz que se tornou altamente qualificado na arte, ainda muito jovem sua primeira obra era abertamente hermética, ele visitou Paris em 1581-1583 publicou suas duas primeiras obras a respeito da arte em 1582 em seguida ele se mudou para a Inglaterra aonde publicou a terceira obra foi publicada em 1583 nessa época quase imediatamente á publicação de sua terceira obra surgiu uma grande controvérsia em torno de suas idéias.
No conflito que se seguiu, a causa de Bruno foi defendida por um Escocês que morava em Londres. Alexander Dickson esse mesmo publicou em 1584 um tratado baseado na primeira obra de Bruno, esboçando a clássica Arte da Memória, mas inserindo-a num contexto egípcio hermético, esse seu ato foi seguido por duas denuncias (com base religiosa). Os esforços de Dickson para defender Giordano Bruno foram recompensados em diálogos publicados pelo próprio Bruno em 1584 Dickson aparecia nas obras como um dos principais oradores, sendo apresentado como “astuto, honesto gentil nobre e fiel amigo” de Bruno.
E provável que Bruno e seu discípulo Alexander Dickson tenham se conhecido na Inglaterra em 1583-85, mas mesmo que isso nunca tenha acontecido, o episódio revela que o principal defensor de Bruno na Grã-Bretanha foi um Escocês, e embora morasse na Inglaterra naquela época ele devia ter contato sem sua terra natal talvez por meio dele a Arte da Memória tenha se alastrado pela Escócia.
Com seu amor pelas varias formas da Arte da Memória Dickson combinava a Lealdade ao Catolicismo e a Mary, Rainha da Escócia (ate sua execução em 1587) nos anos seguintes ao seu envolvimento na controvérsia intelectual em 1584, ele é mencionado inúmeras vezes participando de empreitadas perigosas ele era Papista devoto e ainda foi acusado de espionagem morreu em 1604.
Outro personagem na corte escocesa a se interessar pela arte da memória era Willian Fowler, poeta, homem de letras, e secretário da Rainha Ana, da Dinamarca.
Dickson e Fowler, os dois protagonistas na Arte da Memória na escócia talvez tenham se conhecido na juventude, Dickson freqüentava a Leonard’s College, St Andrews formando-se em1577, e é certo que Willian Fowler, formado pela mesma instituição no ano seguinte, foi o futuro poeta e secretario.
Portanto Willian Schaw, Mestre de Obras do Rei James VI, trabalhou em uma corte aonde a Arte da Memória era conhecida e até o Rei se interessava por ela, suas ligações com Willian Fowler, em termos profissionais eram bem próximas, este era camareiro da Rainha, e Fowler era secretário da Rainha. Os dois homens acompanharam o Rei em seu passeio a Dinamarca em 1589-1590. Um relato de Fowler sobre o batismo do filho mais velho de James IV, o príncipe Henry, em 1594, nos dá uma idéia do relacionamento e do trabalho dos dois com o Rei “notando quase no fim do dia, que a Capela Real no Castelo Stirling “estava em ruínas e era pequena demais” James VI ordenou “ que a velha capela fosse demolida  e outra foss construída no mesmo lugar mais larga e mais longa”.
Não há menção especificamente ao “Mestre de Obras” do Rei para esse evento mas é inconcebível que ele não estivesse presente, as obras de construção da casa real eram de sua responsabilidade, e esse devido a escassez de tempo seria uma obra de grande urgência, com o próprio rei no local. Os arranjos para os magníficos festivais que acompanhariam a cerimônia de batismo (quando finalmente ocorresse) eram confiados pelo Rei a dois homens, um deles William Fowler.
Na ocasião do batismo do príncipe, há indícios de que Willian Schaw tenha trabalhado bem próximo ao Rei James VI e de William Fowler, ambos interessados na Arte da Memória. Sem duvida, contatos próximos entre os três homens também existiam na corte em outras épocas, e é mais do que plausível que tenham conversado sobre a Arte da Memória. Schaw pode ter desenvolvido seu interesse com tratados escritos, ou durante sua visita a Paris com  Lord Seton em 1584 na mesma época que Giordano Bruno esteve na cidade e publicou suas três obras a respeito da Arte, a corte Escocesa na década de 1590 era claramente um local onde tais interesses poderiam ser instigados e desenvolvidos. Embora Schaw  trabalhasse para a Rainha, e com Fowler , os dois homens eram separados pela religião, pois Fowler era um devotado protestante. E é possível que Schaw tenha encontrado uma afinidade maior do ponto de vista intelectual, com Alexander Dickson, seu colega católico.
Não se pode encontrar nenhum contato direto entre os dois homens, mas  seria um esforço de credulidade achar que os dois homens não se conheciam, uma vez que freqüentavam círculos semelhantes do que acreditar que nunca se viram. Mesmo que o interesse de Schaw pela Arte da Memória fosse anterior ao seu encontro com Dickson , seria inacreditável ele não discutir um assunto com um homem costumeiramente identificado como mestre da Arte da Memória, e bem  conhecido por suas publicações a respeito do tema , foi quando resolveu que o conhecimento da Arte seria uma qualificação necessária para membros de Lojas  Maçonicas.
Das muitas variantes da arte da memória , antiga medieval e renascentista, em  qual delas Willian Schaw  queria que os maçons escoceses se habilitassem na Arte da Memória?
A provável ligação com Dickson  e o fato de outros elementos da tradição hermética estarem presentes no surgimento da Maçonaria Livre nessa época deve, sem duvida, indicar que ela foi no mínimo influenciada pela arte hermética , oculta, de Giodano Bruno que, depois de oito anos de prisão morreu na fogueira em Roma por heresia, poucos meses após a emissão dos Segundos Estatutos de Schaw, em 28 de Dezembro de 1599. Se foi em parte, a arte de Bruno que Schaw introduziu aos maçons, então ele estava tentando implantar elementos de um culto hermético secreto à Arte dos maçons, usando a Arte da Memória para conduzir ao avanço e conhecimento espiritual do divino. Mas embora Schaw considerasse esse aspecto da Arte da Memória, devem ter sido outros aspectos, mais antigos da arte que o levaram a acreditar que ela tinha alguma relevância especial para a arte do maçom.
E concebível que a Arte da Memória , em alguma forma tenha sido usada pelos maçons escoceses antes de 1599, pois embora era costume ser estudada pelas obras dos eruditos  que escreveram a seu respeito , a arte era utilizada por homens em todos os niveis da sociedade, de fato, quando a palavra impressa começou a ser difundida , ela teria um potencial muito mais valioso para os analfabetos que para os alfabetizados. Há  registros de que ela foi usada por um cantor Italiano em 1435 , e pode ter tido grande uso também na transmissão oral de culturas tradicionais,  alem disso a Arte da Memória era especialmente apropriada para ajudar na transmissão de material  considerado secreto demais para ser registrado por escrito. É possível  que esse seja o motivo de não haver versões manuscritas escocesas de pelo menos parte de conteúdo dos Antigos Deveres até cerca de meio século mais tarde , os “ Old Charges”Antigos Deveres, deviam ser considerados na Escócia , secretos demais para serem escritos.
Os traços da arte da memória clássica que a tornam particularmente relevante para a arte dos maçons são óbvios. A Arte era baseada em caminhar por um edifício sofisticado, e acreditava-se que ela trazia grandes poderes ao adepto, aumentando muito a capacidade da memória humana , portanto essa poderosa Arte como outras artes consideradas capazes de aperfeiçoar as capacidades humanas, podia facilmente adquirir implicações ocultas e, em certo sentido baseava-se na habilidade do Arquiteto maçom.
Frances Yates apesar de não conhecer referencias no Segundo Estatuto de Schaw à Arte da Memória, sugere uma ligação entre a Arte que usava uma estrutura arquitetônica em busca de sabedoria e a Maçonaria.
Segundo a autor, na Inglaterra , “ a forma hermética da arte da memória talvez tenha raízes mais profundas (que na Italia) associando-se a simpatizantes católicos ou grupos religiosos secretos, ou ainda  com a incipiente Rosa-Cruz  ou com a própria maçonaria.
Os historiadores Maçonicos “não encontram solução para o problema da origem da Maçonaria “Especulativa”, com seu uso simbólico de colunas, arcos e outros traços arquitetônicos, e de simbolismo geométrico, uma vez que  sua estrutura interior apresenta um ensinamento moral e uma perspectiva  mística direcionada para o Grande Arquiteto do Universo. Eu penso que a solução para esse problema pode ser sugerida por meio da História da Arte da Memória, que a memória oculta na Renascenca… talvez seja a fonte real de um movimento hermético e místico que usava não a arquitetura real da Maçonaria  “operativa” , mas sim a arquitetura imaginaria ou “especulativa” da Arte da Memória como o veiculo de seus ensinamentos.
Isso pode ser por demais contundente. Na idade Média e na Renascenca, obcecadas por simbolismo e imagens, qualquer arte  desenvolveria simbolismo baseado em suas ferramentas , por isso a idéia de que o simbolismo maçônico teria surgido apenas da Arte da Memória renascentista não convence.
Mas tomando-se o Segundo Estatuto de Schaw, a Arte da Memória pode agora ser diretamente associada ao desenvolvimento da Maçonaria, e as implicações do oculto , adquiridas pela Arte, contribuíram para o desenvolvimento dos segredos e dos rituais maçônicos.
Porque Schaw o os maçons usavam a Arte da Memoria?
Sem duvida, a busca generalizada pela “ ilustração” mística estava presente , mas como já foi sugerido, a Arte provavelmente era empregada para fins mais mundanos, como por exemplo, memorizar os Antigos Deveres.
Por fim e para tornar mais excitante a compreensão de como surgiu a Maçonaria Livre,  poderemos ir ate uma Loja do século XVII que talvez fosse um templo a Memória,  um edifício com lugares e imagens nele colocados como estímulos para memorizar os segredos da Palavra do Maçom e os rituais de iniciação .
A injução de Willian Schaw de que os maçons fossem testados na Arte da Memória e sua ciência já foi lida por gerações de historiadores maçônicos , mas sua importância nunca foi devidamente observada.
No entanto, essa curta afirmação é uma chave para compreendermos aspectos vitais  das origens da maçonaria, associando a Arte operativa do maçom aos grandiosos esforços do mago hermético.
Hamilton F Sampaio Junior
Referências
David Stevenson 1590-1710
H Mattingly  Roman Coins
Durkan  Alexander Dickson
H.W.Meikle J Craigie TheWorks the Willian Fowler
Works of Willian Fowler
P Burke popular culture in Early Modern Europe
Yates Art of Memory, 286,304
whats | Rastro Ancestral