Clarimundo José da Silva

hamilton |11 abril, 2024

Blog | Rastro Ancestral

Nascido em Paranaguá em 1843, filho de Luiz José da Silva era um homem de cor parda com 1,44m de altura conforme os sinais característicos constantes no primeiro livro mestre da companhia da força policial da província do Paraná.

Mesmo exercendo as profissões de alfaiate e carpinteiro dedicava-se a música, seu instrumento predileto era o pistão, embora tocasse todos os de sopro com desenvoltura, era também barítono e cantava em coros de igreja.

Conhecia com certa profundidade a sua arte e, era compositor de pequenas peças.

Em Paranaguá frequentava assiduamente a casa do mestre Bento Antônio de Menezes seu grande amigo e incentivador em cuja propriedade havia 3 salas de concertos, 2 pianos de cauda um cravo e dezenas de instrumentos musicais.

Assim que o maestro Menezes adquiriu os primeiros instrumentos e organizou a banda da música da companhia da força policial, convidou-o para ingressar na milícia paranaense.

Aceitando o convite, no dia 25 de julho de 1861 sentou praça como voluntário por 4 anos na qualidade de músico, deixando assim sua atividade de artífice para dedicar-se musicista. Tornando-se nesse mister “um homem tão notável que a tradição dos seus méritos permaneceu por muito tempo em referência ao pé do fogo em jornais da época”.

Como brasileiro patriota apresentou se como voluntário da pátria e, a 6 de janeiro de 1865 seguiu para o Paraguai como integrante do batalhão de voluntários paranaense comandado pelo doutor Pinheiro Guimarães.

Foi casado com Maria Fernandes da Silva.

Embora nessa época não tivesse corneteiro, Clarimundo vibrava as manobras do pistão dos toques da ordenança em punho, entretanto não queria ser corneteiro, marchou como soldado e,  fez toda a campanha em nada menos de que 5 anos de abnegação e bravura, tendo tomado parte em vários terríveis combates como Tuiuti e Itororó sendo estes  uma série de sacrifícios.

Em 16 de março de 1870 chegava a Curitiba a grande notícia da paz e, em volta dos companheiros que ficaram vivos veio a narrativa das ações heróicas.

Já em 27 de abril daquele mesmo ano chegava a primeira leva de voluntários dentre eles o músico Clarimundo José da Silva.

Novamente em Curitiba passou a exercer a profissão de carpinteiro durante 4 anos.

Entretanto não poderia esquecer-se do tempo que fazia parte da banda de música da companhia da força policial e, por isso no dia 14 de março de 1874 revertia as fileiras da corporação como músico de primeira classe e chefe da referida banda.

Foi elevado a categoria de contra mestre sendo o primeiro músico a ocupar na corporação essa tarefa passando em consequência a desempenhar seus deveres de músico e regente nos ensaios e formaturas, onde destacou-se como um grande divulgador da música do Paraná.

Como a reforma do professor Bento António de Menezes verificado em 30 de junho de 1880, foi nomeado mestre efetivo exatamente na época em que a província entrava em uma crise financeira jamais vista.

Assim nossa banda entrava num declive de bancarrota sendo logo dissolvida e o maestro Clarimundo dispensado.

12 anos mais tarde foi a Banda reorganizada tão logo assumiu seu cargo o maestro  Clarimundo tratou também de reorganizar o conjunto musical colocando-a no lugar de destaque que ocupava antes no cenário musical do Paraná.

No entanto no dia 25 de fevereiro de 1887 contando com 54 anos de idade e com saúde abalada devido aos 5 anos ininterruptos nos Campos de Batalha do Paraguai rescindiu o contrato indicando para substituí-lo o seu grande amigo Vicente d’aló

Em maio de 1880 Dom Pedro II em sua excursão majestática ao Paraná quando em Curitiba visitou também o corpo de polícia militar e, conforme os jornais da época enquanto durou essa visita a banda de música do corpo com a sua reconhecida proficiência manteve executada escolhidas peças do seu belíssimo repertório merecendo que se dignasse a sua majestade manifestar-lhe o seu agrado e perguntar quem era o professor da banda, isto equivalia por uma condecoração era quase uma comenda Florida da ordem do rosa.

 

Faleceu em 14 de abril de 1902 em Curitiba

Deixou a sua Terra como único patrimônio o seu caráter o seu amor que sempre dedicou a arte musical não obstante ter sido deixado no ouvido pelos seus antigos camaradas e amigos.

O Mestre Clarimundo é digno de ter nos recantos tranquilos nossa capital a sua figura sugestiva em seu nome como patrono de um dos nossos conjuntos musicais.

Colaboração Capitão da PM reformado João Alves da rosa filho diretor do museu histórico da polícia militar do Paraná.

 

 

 

 

 

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