Manoel Eufrásio Correia nasceu em Paranaguá em 16 de agosto de 1839. Era filho do Tenente-Coronel Manoel Francisco Correia, o Velho, e de sua terceira esposa, Dona Maria Joaquina da Trindade. Fez seus primeiros estudos em sua cidade natal, sendo aluno dos estimados educadores Francisco Félix da Silva e Dr. João Manoel da Cunha.
Posteriormente, mudou-se para São Paulo, onde completou o curso de humanidades com distinção. Seu pai desejava que ele estudasse Direito sob a supervisão do Conselheiro Agostinho Ermelino de Leão, seu antigo amigo, e o enviou para Recife, onde Leão era Presidente da Província. Sob a rígida orientação do magistrado, Manoel Eufrásio cursou os três primeiros anos de Direito, demonstrando grande conduta e talento.
Depois, matriculou-se e formou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, destacando-se entre os colegas e, no quinto ano, editando o jornal “A Ordem”. Ao se formar, em 3 de dezembro de 1862, as Associações Acadêmicas conferiram-lhe os títulos de sócio honorário e benemérito.
De volta à sua terra natal, iniciou sua carreira na advocacia e na política.
Periódico Jornal do Commercio (PR) – 1883 a 1884
Casou-se com Dona Maria Ermelina Pereira e, desde cedo, envolveu-se na política, defendendo ideias conservadoras e assumindo um papel de destaque na redação do jornal “A Fênix”, onde mostrou-se um argumentador habilidoso.
Foi eleito Deputado Provincial em 1874, depois de ocupar os cargos de Delegado de Polícia, Promotor Público e Suplente de Juiz Municipal. Foi reeleito várias vezes até 1887.
Periódico Livre Paraná 1886.
Também exerceu as funções de Chefe de Polícia de Santa Catarina e Inspetor da Tesouraria Provincial. Eleito Deputado Geral em quatro legislaturas, destacou-se na Câmara dos Deputados Gerais.
Manoel Eufrásio Correia foi um firme opositor do Visconde do Rio Branco, defendendo seus princípios conservadores com veemência. Segundo um de seus biógrafos, ele enfrentou Rio Branco, sem se intimidar pela sua grande influência.
O próprio Rio Branco reconheceu seu talento, mesmo discordando dele.
Apesar de suas convicções conservadoras, Manoel Eufrásio mantinha independência em relação aos ministérios de seu partido, seguindo sempre sua própria opinião. Com um caráter franco e nobre, evitava ofender adversários, mesmo nos debates mais intensos. Em um discurso notável, defendeu os direitos do Paraná na disputa territorial com Santa Catarina.
Recusou convites para ser Ministro do Império e para governar as províncias do Pará, Maranhão e Rio Grande do Sul, mas aceitou presidir a Província de Pernambuco. Como jornalista, defendia seu partido, mas também apresentava ideias progressistas, como a do casamento civil.
Publicou obras sobre o casamento civil e sobre a “Justificação do Partido Conservador do Paraná”. Evitava os cerimoniais palacianos e raramente frequentava o Paço Imperial, apesar dos convites do Imperador Pedro II, devido ao seu espírito independente.
Manoel Eufrásio Correia era um homem robusto, de voz marcante e personalidade expansiva. Seus adversários o apelidavam de “O Treme-terra”. Era leal, mesmo com os opositores.
Durante os conflitos causados pelo imposto de 2% sobre as vendas, agiu com calma e bom senso, negociando entre governo e comércio para encontrar uma solução digna.
Do primeiro casamento com Dona Maria Ermelina Pereira, teve os filhos Ciro, Lourença, Cisplatino e Eufrásio. Do segundo casamento com Dona Alice Guimarães Correia, filha do Visconde de Nácar, teve Adalberto Nácar Correia e Alice Correia de Castro.
Manoel Eufrásio Correia faleceu em 4 de fevereiro de 1888, aos 49 anos, enquanto presidia Pernambuco, deixando um grande vazio no partido conservador e na província. Seu legado de honra e nobreza permanece, sendo lembrado como um líder de prestígio e defensor incansável de seus ideais.
Periódico Der Pionier (PR) – 1885 a 1888.
Uma praça em Paranaguá leva o nome de “Doutor Manoel Euphrasio” em homenagem ao Dr. Manoel Euphrasio Correia, uma figura de grande relevância no Paraná. A praça é popularmente conhecida como “Praça dos Leões”.
É importante fazer uma observação: muita confusão tem sido gerada devido ao nome da praça ser frequentemente abreviado para “Euphrasio Correia”. No entanto, ao examinar o documento abaixo, podemos confirmar que o nome correto da praça é “Doutor Manoel Euphrasio”. Portanto, essa confusão deve-se àqueles que desconhecem o nome completo e o abreviam indevidamente, ignorando que Dr. Manoel Euphrasio Correia tinha um filho chamado Eufrásio Correia, falecido no Rio de Janeiro em 1892.
Hamilton F. Sampaio Junior
Referências:
Alessandro Cavassin Alves (2014). «A Província do Paraná (1853-1889) a classe política. A parentela no governo.» (PDF). Universidade Federal do Paraná – Tese de Doutorado em Sociologia. Consultado em 19 de julho de 2016
AGOSTINHO DE LEÃO, Ermelino. Coisas nossas: Coisas nossas. 1. ed. Paranagua: Propria, 1956. 12 p. v. 1.
«ALEP :: Assembleia Legislativa do Paraná». ALEP :: Assembleia Legislativa do Paraná. Consultado em 23 de fevereiro de 2016