Alberico Figueira de Alcântara

hamilton |28 outubro, 2019

Blog | Rastro Ancestral

Na capital de São Paulo no bairro do Cambuci à Rua Scuvero, na vivenda da filha e genro Lilli e Gilberto, com os quais residia, ao lado de sua diletíssima esposa dona Julinha ao lado de netos e bisnetos, a 1 hora da madrugada de 10 de Setembro de 1952, faleceu Alberico Figueira de Alcantara, chefe de sessão aposentado da Instrução Pública do Paraná e brilhante jornalista de um transcurso de 61 anos de jornalismo na vida da imprensa paranaense inciada aos 18 anos de idade, nascido na cidade histórica de Paraty no Rio de Janeiro, seguiu com o seu pai para a lendária cidade de Paranaguá ao qual o pai era arquivista da alfandega e trabalhava na Estrada de Ferro, tornou então Paranaguá como sede efetiva de sua residencia, ali iniciou sua vida estudando e participando de gerações escolares paranaguaras de seu tempo, que o consideravam filho dali e ele tinha Paranaguá no seu coração como sua verdadeira terra natal, começou na vida comercial depois na Estrada de Ferro ao qual serviu pelo espaço de 26 anos, inicialmente na época “Compagne Generale de Chemins de Fér“.

Era presentemente entre os vivos, na atividade jornalistica o decano de nossa imprensa.

Nasceu Alberico Figueira a 10 de Agosto de 1873, faleceu com 79 anos de idade, foi contemporaneo, como aluno notável do professor Cleto, do Dezembargador José Henrique de Santa Rita e muitos outros paranaenses ilustres.

Fez época no jornalismo dirigindo Jornais em Curitiba e Paranaguá e colaborando em quase todos os jornais do Paraná tendo ainda fundado o preciso anuário, o “Almanaque dos Municípios”, na Estrada de Ferro, foi uma tradição de operosidade e trabalho, pertencente a “Velha Guarda”, no exercício da função pública, nos meios sociais e boêmios, Alberico era uma alegria pelo seu espírito folgazão e comunicativo, orador na roda de amigos, folclorista conhecedor do lirismo e da alma de saudades do cabloco praieiro. Todos os que riam o estimavam.

Aposentado, deixou o Paraná, mudando-se para São Paulo, ao lado de seus queridos, entretanto, si não fora esse afeto de família, seu desejo era viver, sempre e sempre no seu Paraná amado.

Periodicamente vinha ver a terra dos pinherais, estar ao lado de seus amigos e admiradores, abraçar sua mana D. Vinina e seu cunhado Capitão José Basílio, e quando ainda era viva sua Santa Mãe Dona Albertina, vinha sempre beijar-lhe as mãos, deixou trabalhos inéditos que devem ser reproduzidos devendo as entidades culturais a que ele pertencia, tomarem a si a nobre tarefa.

Era Orador do Clube Republicano em Paranaguá.

De Alberico Figueira, fomos amigos inquebrantavelmente, durante 47 anos.

Data de 1905, quando entrei na Estrada de Ferro e conheci tantos tão bons e tão preciosos amigos e colegas, uns já partidos para a saudade e outros, ainda vivos, que continuamos em indissolúvel estima.

Alberico não era Paranaense, era Fluminense, mas verdadeiramente pelo seu coração, pela dedicação e amor e pelas suas obras de ideais e patriotismo, ele era um grande e abnegado paranaense.

Assim se referiu no Jornal Diário da Tarde seu amigo Otavio Secundio em idos de 1952.

Alberico era na colocação atual de Romário Martins um “Paranista”.

 

Em Historia do Clube Literário de 1872 à 1972 Anibal Ribeiro Filho em sua pág 99 nos agracia com esse belo relato que segue…

“Relata-nos o cronista que, em 1884, o Padre Marcelo Anunzziata, João Eugênio Gonçalves Marques, João Régis Pereira da Costa, Afonso de Camargo Penteado, Antônio Santa Rita, Dr. Antônio de Almeida Lima Júnior, José Cleto da Silva, Prisciliano Correia, foram ao distante lugar chamado “Imbocuí”, em demanda do sítio do velho Galdino, abastado agricultor daquele arrebalde do município de Paranaguá, a fim de festejarem a libertação de três escravos pertencentes ao sitiante. Lá chegados, foram recebidos com festa e na ocasião João Régis discursou sobre a cruzada abolicionista, enaltecendo o nobre e generoso coração do velho Galdino, referindo-se aos escravos que lhe pertenciam. Nessa altura, o fazendeiro declarou que não tinha mais escravos nem nunca os teve propriamente em suas terras, coisa que podia ser perguntada a eles mesmos. Levantou-se então João Eugênio que, pedindo o comparecimento dos três escravos, leu perante eles o documento lavrado no Tabelião, no qual o velho Galdino lhes concedia ampla liberdade, alforriando-os. Foi um momento emocionante de surpresa e de contentamento do qual todos compartilharam, vendo os escravos agradecidos, chorando de tristeza, beijarem as mãos do velho Galdino. Galdino fêz servir aos abolicionistas um farto almoço, à sombra de frondosas jaboticabeiras, durante o qual o Padre Marcelo, com sua voz vibrante e sonora de consumado orador, quebrou o silêncio daquela paz bucólica, discursando sobre a campanha vitoriosa que se desenvolvia em Paranaguá“.

Filho de Manoel José FIgueira de Alcantara, arquivista da alfandega. Foi preso em Paranaguá em 1894, como participante do levante da Guarda Nacional em oposição ao governo Florianista , pertenceu a Loja Perseverança, Paranaguá.

Em 1904 dirigiu o Jornal “Bilontra” era uma jornal Carnavalesco.

Assumiu a redação do Jornal “A Luta” em 15 de Fevereiro de 1905.

Assumiu parte da redação do Jornal Diário da Tarde em 1906

Uma interessante crônica do inolvidável escritor Alberico Figueira, publicada na revista “Marinha”, nos dá notícia dessas atividades e do entusiasmo com que se desenvolveram.

Escreveu uma cronica em 12 de Janeiro de 1907, como sendo testemunha viva dos fatos ocorridos em 11 de Janeiro de 1894,faz uma narrativa sobre os fatos que levaram a Revolução e conta como as tropas se insurgiram em Paranaguá, mas a Esquadra não adentrou a Barra em 11 de Janeiro entrando somente dia 12 de Janeiro, ele ainda narra sobre uma punição que o Coronel Eugenio de Melo tinha decretado a um soldado da “Costeira” Pedro Hygino no dia 11 de Janeiro e neste mesmo dia houve a revolta das Guardas Nacionais, estas esperavam que a Esquadra entrasse na Barra, mas isso não aconteceu então todos os insurrectos foram presos e iriam ser executados mas a Esquadra no dia 16 adentrou a Baia e apoderou-se da cidade, cita ele de como o povo brasileiro era pacifico mas acusavam o governo de Floriano de ter cometido violências e golpes profundíssimos contra a constituição da Republica e foi esse um dos Estopins para deflagar a revolução de 1894, a guarnição do Coronel Eugenio de Melo abandonou suas posições e fugiram quase toda, os revolucionários dirigiram-se a cadeia aonde existia o último foco de resistência, sendo ai então que o Coronel Theophilo Soares Gomes, que se encontrava preso pronunciou esta frase que mais tarde foi repetida em um boletim de aclamação.

A Fatalidade tem Leis Imutáveis

Nos informa ele que foi uma revolta da classe militar, nada tendo a ver com os politicos locais.

Fez Parte da 3 Brigada de Infantaria estacionada em Paranaguá, Foi orador do Clube da Pátria aonde era Presidente Pedro Scherer, também era Redator da Revista do Clube Republicano de Paranaguá.

Foi Diretor do Clube Republicano em Paranaguá noticia fornecida pelo periódico “Jerusalém” em 1901

Em 1901 encontramos uma admoestação de Alberico contra o Sr Bernardino de Carvalho que era escriturário da alfandega no Periódico Jerusalém devido ao mesmo ter lhe escrito algo contra sua pessoa.

 

 

Passagem interessante nos dá o Jornal do Brasil recebeu do Jornal Diário da Tarde que em Paranaguá uma senhora ao sair para fora de sua casa aos gritos porque sua irmã acabava de cair no quarto desfalecida deu de cara quando abriu a porta da rua com os Srs Dr Petit Carneiro, Coronel Lourenço de Carvalho e Alberico Figueira que imediatamente correram para tentar salvar a dita moça.

Pelos seus discursos no Clube Operário de Paranaguá, inclusive incitando os operários a usarem explosivos e mais.

Compôs com outros cidadãos Paranaguaras a “Empresa Predial Paranaguense” Conforme o Jornal “A Republica edição 243”.

Era Orador do “Clube da Pátria” formado em Paranaguá, também redator do Jornal Clube Republicano de Paranaguá,

Assumiu a redação do periódico “A Luta” a partir de 1905, conforme nos informa oi jornal Diário da Tarde de 15 de Fevereiro de 1905.

Em 1907 passou a integrar a redação do Jornal Diário da Tarde, inciou sua trajetória neste jornal com um artigo intitulado ” O Natal nos Arrebaldes”.

Assinou o Manifesto da Independência apresentado por Correia de Freitas, devido às questões de divisa com Santa Catarina, assinado em 7 de Dezembro de 1911. Fonte: Jornal Diário da Tarde sexta feira 8 de Dezembro de 1911.

Nos conta Manoel Viana em sua obra “Paraná na História e na Tradição”

Em 1910, JÚLIA DA COSTA recebeu a visita dos jornalistas, Alberico Figueira e Domingos Duarte Veloso. Não foi sem dificuldade que os dois intelectuais conseguiam ser recebidos, É que a velha poetisa, bastante abatida pelo sofrimento, já se achava sem a velha poetisa, bastante abatida pelo sofrimento, já se achava sem vista e com pouca lucidez de espírito, não lhes dando a mínima importância. Enquanto os dois amigos falaram de seus versos, das suas lindas produções, ela ouvia com a maior indiferença.

Quando porém tocaram em Paranaguá, a memória da doente se lhe avivou de tal maneira que começou a discorrer sobre a velha terra natal do seu tempo; relembrando o Campo Grande, o saudoso Caminho Velho do Rossio, o manso Itiberê, bem como os aspectos sociais da inesquecível Paranaguá… Embora compassadamente falando, sua voz se tornou trêmula ao lembrar a sua terra amada, Não esqueceu de perguntar aos dois visitantes se haviam conhecido o poeta Fernando Amaro e José Morais. Na despedida, ao apertar a mão de Domingos Duarte Veloso, Na despedida, ao apertar a mão de Domingos Duarte Veloso, percebeu, pelo sotaque, ser português; disse: “Sempre fui grande admiradora de Guerra Junqueiro e de Antero de Quental!” (Foram suas últimas palavras) .

Já na porta da rua, ao agradecerem à companheira e amiga da poetisa, ouviram dela estas palavras: “Estou surpresa por ouvir D. JÚLIA falar tanto. Isso é raro, porque passa todo o tempo num verdadeiro mutismo”.

Fez parte da diretoria do “Clube Literário de Paranaguá” conforme relatado no jornal “A Republica” de 4 Janeiro de 1901 retratado em sua Capa.

Podemos notar acima os laços de parentesco entre alguns Paranaguaras.

Era Sócio da Academia de Letras José de Alencar o qual enviava artigos etc.

1906 Deixa a Estação Ferroviária de Paranaguá onde era funcionário e transfere-se para Curitiba na Estação Portão

Consta no Alamanach do Paraná em 1912 Alberico Figueira trabalhando na Receita. Em 1913 fazia parte do Partido Liberal

 

Jornal o Rionegrense 28 de Dezembro de 1824 edição 12
Consta conforme acima que o mesmo era Diretor também da revista “Itibere” que circulava em Paranaguá.
Ainda somente suposições se foi ele o compositor de “Tristezas do Pinheiro” musica do Maestro Bento Mossurunga, porque a linha do tempo combina com sua estada em Curitiba.

Em 1918 Lançou o Almanach dos Municipios no Paraná, tendo alcançado imenso sucesso informava sobre:

Tarifas Ferroviárias, tabela de câmbio, mapa de estradas , serviço de portos, tabelas de impostos municipais e estaduais e etc etc etc.

Diário da Tarde 27 de Setembro de 1952 pág 2 edição 17.734Hamilton Ferreira Sampaio Junior

Referencias:

Spoladore Hercule Historia da Maçonaria no Paraná no Século XIX

Filho Anibal Ribeiro – História do Clube Literário de Paranaguá.

Figueira Alberico Como se fez a propaganda da República em Paranaguá.

Viana Manoel – Paraná na História e na Tradição

Biblioteca Nacional

 

 

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