Tenente Fidêncio Lemes do Prado
Começo essa História falando sobre o Museu Histórico do Rio de Janeiro que foi criado pelo Presidente Epitácio Pessoa, em 1922 e em 1923 já se enriquecia ao ponto de chamar a atenção de pessoas cultas e que são amantes da História, certo dia entrou no Gabinete do Diretor do Museu um velinho, magro e esguio, modestamente vestido com um embrulho embaixo do braço. Cumprimentou-o e sentou-se numa cadeira ao lado da mesa e disse-lhe.
Sr Diretor, sou o tenente Fidêncio Lemes do Prado, veterano da Guerra do Paraguai.
Entrei em Assunção com meu batalhão, quando o Sr Marquês (Ele continuava a chamar assim ao Duque de Caxias, como se ainda estivesse no tempo da guerra) a ocupou. Fui designado para dar guarda ao Palácio do Ditador Solano Lopez, e ali encontrei no seu gabinete servindo de tapete, uma bandeira imperial que me disseram ser do Vapor “Marques de Olinda”.
Apanhei-a e limpei-a e guardei ela, trazendo ela para o Brasil, quando terminou a Luta.
Desde então, conservo comigo essa relíquia, estou velho, porém à espera da morte mais dia menos dia.
Não tenho ninguém a confiá-la. Sabendo da criação do Museu Histórico, julgo ao mesmo posso doar esse precioso troféu, certo de ser conservado com carinho.
Tinha a intenção de oferecer esta relíquia ao “Conde d’eu” “Marechal da Vitória” mas infelizmente não encontrou-o com vida.
A Bandeira do “Marques de Olinda” repousanuma caixa envidraçada à prova de umidade, em lugar de destaque entre todos os nossos troféus. De 1923 em diante, todos os anos, no dia 5 de Janeiro, aniversário da ocupação de Assunção pelo Exército Imperial, um velinho esbelto e limpo, entrava no Museu, deixava seu chapéu na portaria, atravessava em diagonal o pátio emoldurado de canhões históricos, subia a escadaria que leva ao 1° Andar, transpunha o patamar aonde se ergue o busto de mármore de D. Pedro II envolto no Poncho de Uruguaiana, entrava na sala Osório, chegava à Sala Duque de Caxias, parava diante da velha bandeira encaixilhada, perfilava-se e lhe fazia continência.
Todos os anos, sem faltar um só. Os guardas já o conheciam e sabiam de seu costume em prestar aquela silenciosa homenagem à velha bandeira imperial.
“Esse foi o episódio mais comovente que presenciei na longa permanência à testa deste Museu, disse o Diretor.
Confesso que, na defesa do seu patrimônio muitas vezes não tenho desanimado ao lembrar-me da lição de fidelidade patriótica daquele velho soldado, pobre, humilde, ignorado, comtemplando-se em cultuar a pátria imortal no respeito ao símbolo daquele velho pedaço de pano verde e amarelo, sem esperar galardões ou elogios.
Um dos antigos guardas do Museu procurou-me certa vez para me dizer emocionado:
Sr Diretor, esse ano, no dia 5 o velhinho não veio fazer continência à bandeira…
Senti uma lágrima queimar-me as pálpebras, pois estava certo que somente a morte impediria o Tenente de homenagear a bandeira do “Marques de Olinda”.
Ele morrera como vivera, singelamente, obscuramente, o herói, que a par do Flambeau do “L’Aiglon” , poderia afirmar que o seu ato de reverência era “Du luxe” , um luxo do espírito, luxo duma alma nobre, luxo dum coração cheio de verdadeiro patriotismo, de verdadeira brasilidade. Na minha opinião, o Tenente Fidêncio Lemos do Prado foi um Grande Brasileiro”.
Essa narrativa comoveu-me profundamente, como há de comover a todos os brasileiros que a lerem. Tivemos ímpetos de beijar a mão do modesto mas glorioso veterano que soubera guardar tantos anos com devoção aquele abençoado pedaço de pano.
Diretor do Museu Histórico Dr Gustavo Barroso.
“Quando o Exército Brasileiro entrou na cidade de Assunção, capital do Paraguai , no dia 5 de Janeiro de 1869, e comandado pelo General Osório , não encontramos ninguém. A cidade estava deserta. Depois que aquartelamos, convidei o mestre de música Clarimundo José da Silva e o corneteiro-mor Antonio Roberto para dirigirmo-nos ao palácio do Ditador Lopez, Ahi chegados, penetramos no interior, não com a idéia de sangue, mas para apreciarmos a beleza do edifício que pela sua beleza nos atraíra a atenção. Encontramos em um compartimento, um grande arquivo velho contendo muitos papéis de musica. O mestre de musica e o corneteiro-mor entretiveram-se em escolher papéis de música, enquanto eu segui para o ultimo andar, acabando por entrar em um gabinete que era o escritório do ditador.
Ali encontrei uma bandeira imperial brasileira, estendida no assoalho, em frente a cadeira do referido ditador, servindo de tapete. Levantei-a e levei-a comigo. Seriam talvez , quatro horas da tarde”.
Vamos agora a biografia e a bela fé de oficio do Tenente Fidêncio Lemes do Prado:
Fidêncio Lemes do Prado nasceu a 21 de Setembro de 1844. Na cidade de Curitiba, então à época ainda Vila.
Capital do Estado do Paraná, sendo filho legitimo de João Lemes do Prado e Dona Rosa Bandeira, e tendo como avós, paterno Francisco Lemos do Prado, natural do Estado de São Paulo e , materno João Nepomuceno Pinto Brandão, natural de Portugal. Apresentou-se como Voluntário para seguir para a Guerra do Paraguai com 21 anos 4 meses e 4 dias no dia 25 de Janeiro de 1865, ao então Presidente do Estado, Manuel Alves de Araujo, ficando aquartelado juntamente com os voluntários que tinham também se apresentado, fazendo parte desse contingente os irmãos 1° Tenente Cristiano Pletz (Maçom iniciado em 22 de Setembro de 1868 na Loja Philantropia Guarapuavana) e 2° Tenente Francisco Pletz (Maçom iniciado em 22 de Setembro de 1868 na Loja Philantropia Guarapuavana) 2° Tenente João Pichetti, Mestre de Música da Policia, Clarimundo José da Silva e Antonio Roberto, Corneteiro (convidados estes últimos por ele Fidêncio Prado) Assumindo o comando o Sr. 1° Tenente Antonio João de Lira Flores oficial honorário do Exército, permanecendo o contingente aquartelado e fazendo exercícios, na escola de Tiro, até o dia 1° de Março. Marcharam todos a 2 do mesmo mês para Antonina, onde embarcaram para o Rio de Janeiro. Ali chegando, aquartelaram-se no Campo de Santana. Criando-se nessa ocasião o 4° Batalhão de Voluntários, aquele contingente ficou sendo a 1° Companhia do mesmo corpo.
Fidêncio Lemes do Prado – Fez parte da Loja Estrela de Imbituva inclusive existe uma condecoração da Loja, para maçons que prestarem relevantes serviços prestados à sociedade
Fé de Oficio
José Maria Ferreira de Assunção, oficial da Imperial Ordem da Rosa, Cavaleiro da mesma, condecorado com as medalhas de prata das Campanhas do Uruguai e Buenos Aires, em mil oitocentos e cinqüenta e dois, do Uruguai em mil oitocentos e sessenta e cinco do combate em Jataí, da rendição de Uruguaiana e com a de Mérito-Militar, Major da Arma de Infantaria e comandante interino do vinte e sete corpo de Voluntários da Pátria.
Atesto que o oficial abaixo declarado tem no arquivo deste corpo os assentamentos seguintes:
Quarta Campanha. Alferes Fidêncio Lemos do Prado foi incluído neste corpo a oito de março de mil oitocentos e sessenta e cinco, vindo da Provincia do Paraná como ”Furriel” *1, embarcou a nove de abril e desembarcou em Montevideu dia dezenove , embarcou novamente e em sete de Maio e desembarcou em São Francisco do Uruguai dia 11, embarcou a primeiro de Junho e desembarcou em Damião dia dois e baixou hospital dia quinze, teve alta dia vinte e quatro de Setembro e ficou adido ao Sexto Batalhão de Infantaria. Apresentou-se a esse corpo dia vinte e quatro de Outubro. Pediu e obteve baixa de posto a três de Novembro, tudo de mil oitocentos e sessenta e cinco. Transpôs o Rio Paraná e dezesseis de Abril de mil oitocentos e sessenta e seis e assistiu os combates desse dia e dezessete do mesmo mês e aos de dois e vinte de Maio. Tomou parte da Batalha de Vinte e quatro de Maio, na qual foi ferido. Assistiu aos combates de dezesseis e dezoito de Julho do referido ano de mil oitocentos e sessenta e sete, e teve alta a três de Maio. Fez marcha de Tuiuti para Tuiucuê a vinte de Julho do mesmo ano e assistiu aos combates desse dia. Baixou ao hospital a treze de Janeiro de mil oitocentos e sessenta e oito e teve alta a dezessete. Tomou parte do assalto da trincheira de Sauce *4 em vinte e um de Março. Foi promovido a Anspeçada *2 , a nove de Junho. Marchou de Curupaiti para Humaitá a vinte e cinco de Junho, e marchou novamente a dezoito de Agosto e acampou em vinte e quatro de Setembro em Palmas. Transpôs o Rio Paraguai, para a margem direita, em vinte e cinco de Novembro; passou novamente à margem esquerda na noite de vinte e um de Dezembro. Tomou parte nos combates de vinte e dois e vinte e cinco e assistiu ao de vinte e sete. Todos em Lomas Valentinas *3 , e presenciou a rendição da Guarnição de Angostura no dia trinta do mesmo mês, marchou dia trinta e um do mês de Dezembro de mil oitocentos e sessenta e oito, acampou em Assunção a cinco de Janeiro de mil oitocentos e sessenta e nove. Marchou e acampou em Luque *5 a dez de Março. Marchou novamente e acampou novamente em Lambare em seis de Abril. Assistiu aos reconhecimentos de vinte e seis no acampamento Ascurra e em três de Junho no Serro Leon. Promovido a Cabo a primeiro de Julho e a Furriel dia dezenove do mesmo mês. Expedicionou com a primeira divisão de cavalaria em vinte e oito de Julho e reuniu-se ao Exercito em sete de Agosto. Continuou a marchar acampou nas proximidades da Vila de Perobebui dia dez. Tomou parte do assalto a essa Vila dia doze, marchou dia treze e assistiu a batalha de Nheenguaçu dia dezesseis , dia 30 acampou na margem esquerda do Rio Manduvirá, aonde embarcou novamente a nove de Setembro e desembarcou em Checutaguá . Embarcou novamente dia vinte e desembarcou dia vinte e um na Vila do Rosário. Foi promovido a segundo sargento para a Sétima Compania em primeiro de Outubro. Marchou dia oito e acampou no Capivari dia dezessete regressou dia onze de Novembro e acampou na citada Vila do Rosário dia quatorze. Dia vinte e cinco de Fevereiro de mil oitocentos e setenta embarcou com destino a Humaita, chegando lá e desembarcando dia vinte e sete. Foi elogiado em ordem de Comando das forças ao Norte do Rio Manduvirá em vinte e quatro do citado mês por haver com valor, abnegação e constância desafrontado a Honra Nacional, suportado fadigas de cinco anos da Campanha do Paraguai. Em virtude da lembrança do Comando em chefe em Seis de Abril foi comissionado no posto de Alferes e ficou pertencendo à quarta Compania. Embarcou em Humaita, no Vapor “Villeta” dia dezesseis e desembarcou na Côrte do Império dia 30 do referido mês de Abril. Por decreto de sete de Maio foram-lhe concedidas as honras do Posto de Alferes do Exército em atenção aos relevantes serviços prestados na Campanha do Paraguai.
Foi dispensado do serviço do Exército dia dezessete de Maio de mil oitocentos e setenta, por ter sido nessa data dissolvido o dito “Vinte e Sete Corpo de Voluntários da Pátria” em cumprimento à ordem do Governo Imperial, transcritas a ordem regimental numero duzentos e quatorze da mesma data.
Nada mais consta que lhe seja relativo. Em firmeza do que mandei passar a presente que assino.
Quartel General de São Cristovão.
Dezoito de Maio de mil Oitocentos e Setenta. Eu Joaquim Martins de Sousa Martins. Tenente Secretário a subscrevi. (Assinado) José Maria Ferreira de Assunção, Major Comandante Interino
(Da Gazetilha do “Jornal do Comércio” de 13 de Setembro de 1922.
A preciosa bandeira repousa recolhida no Museu Histórico, aonde fica cuidadosamente guardada. Durante alguns anos o Bravo Tenente Fidêncio Lemos do Prado veio ao museu nas datas aniversárias da entrada triunfal do Exército Brasileiro em Assunção, viajando com dificuldade de sua longínqua IMBITUVA. Entrava dirigia-se a Sala Duque de Caxias, aonde se acha exposta a sagrada relíquia, perfilava-se , batia continência, e permanecia alguns instantes diante dela em comovido silencio. Então retirava-se discretamente. Depois nunca mais aparecei. Foi dormir o sono tranqüilo dos Justos que souberam amar e defender a sua pátria.
A 1ª Cia., de paranaenses foi formada no mês de fevereiro de 1865, constituída de 75 praças e 03 oficiais.
Voluntários oriundos da Companhia da Força Policial do Paraná
Nela foram incorporados 13 policiais militares que já haviam se oferecido voluntariamente no dia 26 de janeiro, entre esses 13 primeiros, destacamos:
Músico Clarimundo José da Silva
Corneteiro Antonio Roberto
Soldado Fidêncio Lemos do Prado
Esses foram os primeiros voluntários procedentes de Curitiba, porquanto os outros que vieram fazer parte da Cia., só se alistaram a partir dos meses de fevereiro e março de 1865.
Destaques de Policiais Militares na Guerra do Paraguai
Clarimundo José da Silva
Foi um dos primeiros voluntários a seguir para o Paraguai.
Com a ausência de corneteiros no batalhão de Voluntários da Pátria, o coronel Pinheiro Guimarães, sugeriu que Clarimundo treinasse o ouvido da soldadesca ao pistão.
Quis o comandante fazê-locornetiro-mor, mas ele não aceitou e partiu como simples soldado.
Esteve em Tuiuti e fez a Dezembrada.
Foi vítima de epidemias como a cólera e avaríola, mas voltou Sargento e com peito coberto de medalhas, entre elas 27
a de campanha com o passador nº 5.
Aqui chegando foi nomeado Mestre da Banda de Música da PMPR
Fidêncio Lemos do Prado
a 25 de janeiro de 1865, apresentou-se como voluntário com destino ao Paraguai, sendo a 08 de março, incorporado na 4ª Cia., do 27º Corpo de Voluntários da Pátria.
Participou dos combates de 22 e 24 de maio, onde foi ferido. Participou em Tuiuti, Tuiaqué, Salce, Curupaiti, Hu-maitá, e Lomas Valentinas, na redenção de Augustura e Assunção.
Foi elogiado em Ordem do Dia, do comandante das 29
forças de Manduvira, por haver com valor, abnegação e constância, suportado as fadigas de cinco anos de campanha.
No Paraguai. No dia 07 de maio de 1880, foi-lhe concedido às honras do posto de alferes do Exército em atenção aos relevantes serviços de guerra. O bravo e patriótico curitibano, residia,no ano de 1922, em Imbituva/PR, onde gozava de estima e respeito geral e, apesar de sua avançada idade, ainda forte, conservava a vivacidade e ardor patriótico de sua mocidade. Fidêncio Lemos do Prado, que serviu a Polícia Militar, por dois meses e sete dias, faleceu com as honras do posto de major do Exército brasileiro.
Um “Amor” em Imbituva
Joaquim Gaspar Teixeira foi um dos fundadores de Imbituva, conheceu a região devido a seu trabalho como tropeiro, estabeleceu-se aqui com esposa e filhas, entre as quais Mariana Gaspar, e a partir daqui começamos nossa história.
Já era noite quando o Major Fidêncio Lemos do Prado passava pela região denominada Campos do Cupim, onde hoje se localiza Imbituva, ao longe avistou o que parecia ser uma grande festa. Joaquim Gaspar Teixeira, comemorava o noivado de sua filha mais velha, América, e vendo os tropeiros aproximarem convidou-os a ficarem ali.
O que Joaquim Gaspar não sabia era que Fidêncio Lemos do Prado era na verdade um herói de guerra, responsável por resgatar em 05 de Janeiro de 1869, a bandeira Imperial do Brasil utilizada como tapete por Solano Lopez, Ditador Paraguaio, Fidêncio lutou bravamente na Guerra do Paraguai e de acordo com Maria Silvana Prado, bisneta do Major, o mesmo era amigo e confidente de Dom Pedro II.
Joaquim e Fidêncio tornaram-se grandes amigos, e não raras as vezes se encontram em Curitiba, região de venda de gado. Em certa feita antes de sair para mais uma viagem Joaquim Gaspar pergunta as filhas o que desejam que ele traga de presente. América, a mais velha, pede ao pai um colar de ouro, enquanto a mais nova. Mariana faz um pedido inusitado, dizendo ao pai que deseja um jovem para ser seu futuro marido.
Mais uma vez Joaquim encontra Fidêncio em Curitiba, e depois de dias negociando não consegue vender seu gado, então pede a Fidêncio que o venda para ele e depois retorne a sua fazenda nos Campos do Cupim. Tempos depois o Major retorna a Imbituva trazendo consigo o dinheiro da venda e também o colar de ouro de América.
Fidêncio passa alguns dias na fazenda do amigo e conquista não apenas a admiração do tropeiro, mas também o coração de uma pessoa em especial. Mariana. Dias depois Joaquim chama a filha mais nova para uma conversa e diz a ela que não se esqueceu de seu pedido, um jovem rapaz para se casar. Então informa a Mariana que Fidêncio é o homem que será seu futuro marido.
O amor de Fidêncio e Mariana já existia na troca de olhares e com a benção do pai, só se torna mais forte. Contudo Fidêncio se ausenta da fazenda para resolver problemas pessoais deixando Mariana. O casal só se reencontra tempos mais tarde quando Fidêncio retorna para o casamento de América. Percebendo que ambos tinham o desejo de ficar juntos. Joaquim Gaspar Teixeira autoriza o casamento de Mariana e Fidêncio que se unem no mesmo dia em que América, a irmã mais velha casa-se com Jorge Zattar.
Bisneta do Major Fidêncio Lemos do Prado, Silvana Prado, conta que o bisavô renunciou a vida de oficial e a tarefa de fazer guarda pessoal de Dom Pedro II, em nome da amada. O casal construiu sua vida em Imbituva, onde participaram ativamente da comunidade.
Jornal o Dia 24 de Maio de 1942
Homenagens em Curitiba
“Mais duas praças serão entregues, este mês, pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Na quinta feira, o prefeito Jaime Lerner inaugura a Praça “Fidêncio Lemos do Prado”, em homenagem ao major curitibano que foi reconhecido como herói da Guerra do Paraguai.
A Praça esta localizada na Av Victor Ferreira do Amaral, esquina com a Monte Castelo, no Alto da XV, em frente ao laboratório Prado, que devera fazer a manutenção do local através de convênio de cooperação a ser assinado com a Prefeitura.
A Bandeira do “Marques de Olinda”
PRISÃO DO VAPOR MARQUES DE OLINDA – 12 DE NOVEMBRO 1864
Diario do Rio de Jan 27 Jan de 1866
Ao tratarmos do primeiro Ato de Hostilidade oficial entre Paraguai e Brasil é tratado o episódio do Aprisionamento do Navio Brasileiro Marques de Olinda, tripulação e o coronel Frederico de Campos que assumiria a Presidência da Província de Mato Grosso.
As fontes bibliográficas são escassas e apresentam alguns pontos de divergências quanto as informações e a data do ato. Isto tanto para as mídias escritas, quanto para os documentários em vídeos.
Para fins Didáticos adoto a data de 12 de Novembro de 1864.
Para o leitor, estudioso, pesquisador, historiador fica em aberto a análise destes fatos.
Como os fatos são tratados fragmentados ou dentro de um contexto geral optei em disponibilizar os diversos fragmentos onde o leitor pode complementar assistindo os vídeos documentários.
H i s t ó r i c o
Marques de Olinda
“El buque de vapor brasilero Marquês de Olinda llevaba su nombre en homenaje a Pedro de Araújo Lima, Ministro, Regente y Presidente del Consejo Imperial. No era un buque de la Armada Brasilera, sino un mercante destinado a la carrera del río Paraná y Paraguay.
Se trataba de un vapor de casco de madera impulsado por ruedas laterales. De escaso calado, lo que lo hacía apto para la navegación fluvial, tenía un desplazamiento de 180 toneladas y poseía un motor de 80 HP.
Con las compañías Bernal y Cárrega primero, y G.Matti&Cía después, entre 1860 y 1862 hizo la carrera entre la ciudad de Buenos Aires y Corumbá al mando de José Berisso, con escalas en San Nicolás de los Arroyos, Rosario, Paraná, Corrientes y Asunción del Paraguay. Ya en el río de la Plata, alcanzaba también Montevideo para el traslado exclusivo de pasajeros. En 1863 al mando de Hipólito Betancour extendió su servicio hasta la ciudad de Cuiabá, distante unos 660 Km de Corumbá, un trayecto total de alrededor de 3.000 Km.
Fue capturado por el gobierno paraguayo el 12 de noviembre de 1864 cuando subía el Río Paraguay llevando a bordo al coronel Frederico Carneiro de Campos, presidente de la Provincia de Mato Grosso. Este hecho fue considerado el hecho desencadenante de la Guerra del Paraguay: la captura del navío, seguido del ataque al Fuerte de Coimbra y la invasión del territorio de Mato Grosso en enero de 1865 provocó la declaración de guerra del Imperio del Brasil al Paraguay.
Los paraguayos armaron el buque en guerra en los arsenales de Asunción del Paraguay montando 8 cañones”.
“O Vapor Marquês de Olinda, ostentava esse nome em homenagem a Pedro de Araújo Lima, que tinha esse titulo e era também Ministro, Regente e Presidente do Conselho do Império.
O Marquês de Olinda, nunca pertenceu a Marinha do Brasil, mas teve papel de destaque em nossa história por ter sido capturado pelo governo paraguaio em 12 de novembro de 1864, quando subia o Rio Paraguai, levando a bordo o Coronel Frederico Carneiro de Campos, presidente da Província de Mato Grosso. Esse fato foi considerado, após um longo período de crise com esse pais vizinho, o marco inicial da Guerra do Paraguai ou da Tríplice Aliança.
A captura desse navio, seguido do ataque ao Forte de Coimbra e da invasão armada do território do Mato Grosso em janeiro de 1865, foi a causa imediata da declaração de guerra do Brasil ao Paraguai.
1865 Foi armado em guerra pelo Paraguai”.
Em 11 de junho, tomou parte na Batalha Naval do Riachuelo, integrando a força naval paraguaia, sendo abalroado e metido a pique pela Fragata Amazonas”.
“O Marquês de Olinda estava para começar sua viagem regular para Mato Grosso, Souto ficou sabendo que o vapor de guerra brasileiro Amazonas iria acompanhá-lo e que transportaria grande quantidade de armas e uma valiosa carga, além de uma grande soma de dinheiro. O agente uruguaio estava bem informado e sabia que um importante engenheiro militar e o novo Governador da província de Mato Grosso subiriam nesses navios. Souto escreveu para o Presidente López, dando total conhecimento de tudo que tinha sabido e o aconselhou a se apoderar dos navios. Esta correspondência, na qual a captura era aconselhada, foi enviada para López através do próprio Marquês de Olinda. O plano de enviar o Amazonas foi por alguma razão abandonada e o Marquês de Olinda iniciou sozinho a viagem e tudo ocorreu como de costume até que o navio deixou Assunção, no dia 11 de novembro (1864)”.
A Canhoneira Paraguaia Tacuari apreende o navio brasileiro Marquês de Olinda
“A Canhoneira Paraguaia Tacuari tinha um deslocamento de 488 toneladas e dois motores de 180 hp que lhe dava uma velocidade de 16 nós. Whitworth tinha seis canhões das quais duas foram de 60, duas 32 e duas 8-mm. O navio liderou parte das forças paraguaias durante a Batalha de Riachuelo. Sobreviveu mas foi afundada por navios brasileiros no encontro do rio Guaycurú com Paraguai em 1865.
Canhoneira Paraguaia Tacuari
No dia 12 de novembro de 1864, o vapor paraguaio Tacuari uma canhoneira Paraguaia, construída na Inglaterra em 1854 no estaleiro “Joh e Alfred Blyth”, e adquirida pelo governo de Carlos A Lopez em 1854, comandada pelo Capitão George F. Inglês Morice, também autor do plano para a organização básica da Marinha de Guerra Paraguaia, apreende o navio brasileiro Marquês de Olinda, que atravessava o território paraguaio rumo a Mato Grosso. No dia 13 de dezembro, o Paraguai declarava guerra ao Brasil. Três meses mais tarde, em 18 de março de 1865, declarava guerra à Argentina. O Uruguai solidarizou-se com o Brasil e a Argentina”.
“Em 1864 foi indicado Presidente da Província do Mato Grosso. A fim de tomar posse do cargo, embarcou no navio mercante imperial Marquês de Olinda seguindo o caminho normal daquela época até Mato Grosso, que consistia em seguir para o sul do Brasil até o Uruguai, entrar no estuário do Rio da Prata, e subir o rio Paraná passando pelo Paraguai. Ao passar por Assunção foi recebido solenemente pelo presidente do Paraguai, Francisco Solano López. Entretanto, depois de alguns dias, em 12 de novembro de 1864, quando estava no rio Paraguai, foi aprisionado por soldados paraguaios juntamente com toda tripulação e passageiros do navio Marquês de Olinda
Cel Frederico Carneiro de Campos
Diario do Rio de Jan 15 Set de 1869.
Prisioneiros de Guerra na Campanha do Paraguai (1864-1870)”.
*1 – graduação militar superior a cabo e inferior a sargento.
*2 – graduação de praça entre marinheiro/soldado e cabo
*3 – As Fortificações de Lomas Valentinas localizavam-se na margem direita do arroio Piquissiri, afluente do rio Paraguai, em território do Paraguai.
No contexto da Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870), o corte das comunicações com a Fortaleza de Humaitá levou ao seu subsequente abandono pelas forças paraguaias, que se retiraram, abandonando-a (Julho de 1868).
Francisco Solano López estabeleceu então um novo quartel-general em Lomas Valentinas, fortificando essa posição, alcançada e conquistada, em sucessivos assaltos, de 22 a 27 de Dezembro de 1868 pelas forças aliadas, a caminho da capital paraguaia, Assunção (campanha da Dezembrada).
*4 – Linhas de Sauce , uma das grandes trincheiras da Guerra do Paraguai
*5 – Luque cidade próximo a Assunção aonde Solano Lopez evacuou a população da cidade de Assunção.