Albino José da Silva

hamilton |18 janeiro, 2024

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Albino José da Silva

O professor Albino José da Silva nasceu em Paranaguá, a 19 de janeiro de 1850. Foi filho de José Manoel Marques da Silva e de da Maria Francisca Gonçalves Marques da Silva. Fez quase de tudo na vida, incluindo político, negociante, comissário de polícia, professor, fazendeiro, administrador das capatazias do Porto de Paranaguá, jornalista, fundador de diversos periódicos, deputado estadual, abolicionista ferrenho, republicano, poeta e, delegado literário do ensino,

Foi devotado paladino do ideal republicano, militou na imprensa de Paranaguá. Jornalista culto, de espírito combativo, livre-pensador, não poupava em seus ataques a religião católica o que lhe valeu, em várias ocasiões, acirradas polêmicas e não poucas inimizades.

A sua infância foi uma quadra dura de atravessar, órfão com 5 anos de idade, poucos recursos recebera de seu pai, bem cedo enfrentou as durezas da vida, passando a residir na casa de um tio que lhe deu tratamento severo e cruel, logo que pôde, abandonou a casa de seu tutor, deixando o litoral e alcançando o planalto curitibano em busca de novos horizontes.

Em companhia de João Carvalho de Oliveira, dedicou-se ao comércio, seduzindo os clientes a tocar viola ante um círculo de admiradores, daí advindo o apelido de Albino Viola, levou em sua bagagem unicamente uma inteligência inculta e, um grande coração, aliados à grande força de vontade. Graças ao Criador, não são dotados de inteligência somente os abastados. Os desprotegidos da sorte têm o seu quinhão que, tantas vezes faz o paupérrimo superar àqueles que nasceram em berço de ouro. Chegando à Capital ingressou, na oficina do “Dezenove de Dezembro”.

Nas horas de folga, rabiscava versos, suas rimas foram, então, encaminhadas ao periódico “íris Paranaense”. Aperfeiçoou-se, após tenaz dedicação, tanto na poesia, como na prosa. Patriota exaltado, por vezes se vira demitido do cargo que dignamente ocupava por questões políticas, seu caráter rígido não o deixava esmorecer.

Mudando- se para Campo Largo, dirigiu uma escola subvencionada e outra particular, ao mesmo tempo que se dedicava ao jornalismo e à advocacia, como rábula. Aí fundou o jornalzinho “O Escolar” mais tarde, o “Guaíra”. Bateu-se ardentemente pela instrução, pela raça negra, tão maltratada e pela implantação da República. Foi um vigoroso escritor e um sensível poeta, tendo deixado um livro de versos intitulado “Flores Campesinas”.

Dissera Albino Silva num dos seus calorosos artigos: “Se é reconhecida a necessidade da criação de escolas, deve ser “ipso-fato”, reconhecida a necessidade de fazê-la frequentada”.

“Desde que os poderes públicos têm obrigação de prover de escolas as populações, devem ter o direito de exigir dos pais e tutores, a frequência dos seus filhos e tutelados. A obrigação é recíproca”.

Em 1888 fora nomeado para a ‘Escola Oliveira Belo”, de Curitiba, porém, defendendo os ideais republicanos, viu-se novamente obrigado a imprimir cartões de visitas e a editar o “Diabinho”, em minúscula máquina tipográfica a fim de manter sua família.

Regressando a Paranaguá, fundou “A Pátria Livre”, em cujas páginas pregava vibrantemente a necessidade da mudança da forma de governo para a republicana. Educador
e libertador de escravos. E diga-se que no desempenho dessas missões, algumas de enlevo espiritual, outras de sacrifício, sempre se houve com galhardia e brilhantismo.

Em 1874 fêz parte, como fundador do Clube Literário “Curitibano”, fundado a 19 de outubro desse ano. Ao proclamar-se a República, ninguém dele se lembrou. Em vão padecera por um sistema de justiça e igualdade. Nessa altura todos eram republicanos. Albino Silva, dotado, porém, de animo forte, prestou inestimável auxílio no preparo da Constituição estadual. Eleito deputado em 1891 foi um dos que muito trabalharam, apresentando inúmeros projetos de lei, todos visando o bem da coletividade, principalmente acerca da principal alavanca construtora — a instrução. Mais tarde foi delegado literário do ensino, ocasião em que visitava as escolas com frequência, animando e estimulando o professor, tão mal compreendido dos governantes, até mesmo em nossos dias.

Mesmo sem ter alisado os bancos escolares, revelou-se poeta e, depois, jornalista, fundando seis jornais pelas cidades por onde passou: O Escolar e O Guaíra, em Campo Largo; O Diabinho, em Curitiba; Pátria Livre e Leitura Popular, em Paranaguá e Ponta Grossa. Publicou um único livro de poesias, Flores Campesinas, alguns folhetos e contos. Casado com a campo-larguense Rosinha (Rosa de Souza Munhoz), seus nove filhos herdaram-lhe o nome honrado e a inteligência. Cinco deles, Niepce, Zeno, Aldo, Ciro e Alda participaram da fundação do Centro de Letras do Paraná. Entregou-se à tarefa de lutar contra a escravidão chegando, muitas vezes, a ocultar em sua residência os escravos que fugiam do cativeiro, sofrendo pelo gesto altaneiro perseguições políticas, enquanto em Campo Largo

Certamente um dos mais entusiastas propagandistas do regime republicano no Paraná, , em Paranaguá participou do Clube Republicano e o jornal Pátria Livre – este com excelentes colaboradores, como Leôncio Correia e Emiliano Pernetta.

Por ocasião da revolta da Armada, tomou armas em defesa da República. Por atos de bravura recebeu a patente de capitão. “Viva a República, era o brado com que gritava, incitando os combatentes à vitória.

No ano de 1902 ingressou como “Sócio Benemérito” no Cub Litterario de Paranaguá.

Finda a triste e inglória campanha, mudou-se para Itararé, onde se estabeleceu como comerciante, foi também prefeito municipal em São Pedro de Itararé, aonde fundou o Clube de Leitura.

Dentro em breve os seus livros só acusavam débitos e as suas prateleiras vazias. O seu bondoso coração e sua extrema boa-fé, obrigaram-no a fechar as portas de sua casa comercial. Daí passou-se para Ponta Grossa, dedicando-se ao labor tipográfico, que era uma das suas paixões. Nessa cidade adoeceu, sendo obrigado a retornar à Capital. A 24 de junho de 1905, aí extinguiu-se o grande batalhador Albino José da Silva. Não conheceu o egoísmo. Incapaz de um gesto desleal. Otimista extremado. Viveu a praticar o bem, só pelo amor ao bem. Nasceu pobre; pobre morreu. Foi, porém, um nobre de sentimentos bons e elevados.

Maçom pertencente à Loja Perseverança de Paranaguá citado por Hercule Spoladore em sua obra “História da Maçonaria Paranaense no Século XIX”.

Foi o Patrono da cadeira de n º 20 da Academia Paranaense de Letras.

Faleceu aos 55 anos de idade, em 24 de junho de 1905.

 

Hamilton Ferreira Sampaio Junior

Referências:

NICOLAS, Maria. A Alma das Ruas de Paranaguá: A Alma das Ruas de Paranaguá. 4. ed. Curitiba: Própria, 1964. 55 p. v. 4.

Instituto Moisés Soares http://msinstituto.blogspot.com/

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VIANA, Manoel. Paranaguá na História e na Tradição: Paranaguá na História e na Tradição. 1. ed. [S. l.s. n.], 1971.

SANTOS, Antônio Vieira dos. Memória Histórica: Paranaguá. 1. ed. Paranaguá: Própria, 1951. 422 p. v. 1. ISBN xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.

REVISTA PANORAMA. nº 44, p. 50, 51, 25, jan.1956.

NICOLAS, Maria.Vultos paranaenses. 1958. v. 3.

LEÃO, Ermelino Agostinho de. Dicionário Histórico e Geográfico do Paraná. v. 1.

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SANTOS, Antônio Vieira dos. Memória Histórica: Paranaguá. 1. ed. Paranaguá: Própria, 1951. 422 p. v. 1. ISBN xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.

Arquivo Público do Paraná BR PRAPPR PB001 IIP787.57.

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