Benjamin Carvalho de Oliveira

hamilton |08 março, 2022

Blog | Rastro Ancestral

 

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Nasceu em 29 de abril de 1849 em São Francisco do Sul, filho do vigário Benjamim Carvalho d’Oliveira e Joaquina de Jesus Maria de Carvalho d’oliveira, casou-se com Izabel Dias Bello de Carvalho, tiveram filhos: Benjamim de Dias Bell Carvoliva, Agenor de Dias Bello Carvoliva e Leufrido Luzin de Dias Bello Carvaliva.

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Benjamin e Izabel

Seus irmãos Maria, Arlindo Benjamim de Carvalho, Antonio Benjamin de Carvalho.

Benjamim Carvalho era conhecido também como: Benjamin Carvalho d’Oliveira, Benjamin Carvoliva, Coronel Benjamin Carvoliva, Benjamim Carvalho de Oliveira Junior.

Seu Pai foi um Vigário em São Francisco do Sul.

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Foi jornalista em São Francisco do Sul, fundador do Jornal “O Babitonga”, também colaborou com jornais de Joinville e Florianópolis, bem como no Jornal do Brasil e na Revista da Semana de 1903 a 1908.

Exerceu o magistério público em São Francisco do Sul de 1870 à 1886.

No ano de 1877 fundou na capital da Província o Instituto dos Professores Públicos de Santa Catarina.

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Maragato por convicção, combateu com armas na mão o Marechal Floriano Peixoto em 1893.

Benjamin de Carvalho de Oliveira, conforme indicação do “Dicionário Bibliográfico Brasileiro”, realizando uma contração de seu apelido de família, passou a assinar ‘Benjamin de Carvoliva”.

Julia da Costa e Benjamin Carvoliva (POESIA Júlia da Costa Zahidé – Lupinacci Muzart).

Júlia Maria da Costa nasceu em Paranaguá, PR, em 1° de julho de 1844, filha de Alexandre José da Costa, também de Paranaguá, e de Maria Machado da Costa, natural de São Francisco do Sul, SC. Depois do falecimento do marido, a viúva e a filha na época com apenas dez anos, passaram a residir em São Francisco do Sul, com o irmão da mãe, tabelião João José Machado da Costa. Vivendo toda a vida nessa bela ilha e tendo ali falecido em dois de julho de 1911, é por essa razão também incluída entre os escritores catarinenses. Escreveu poemas desde muito jovem. Foi uma figura controvertida. Há artigos e estudos que a retraiam de diversas maneiras, às vezes contraditórias. Os melhores estudos sobre a poetisa são os de Rosy Pinheiro Lima, em que estabelece sua biografia a partir de várias cartas, ao todo quarenta e quatro, e o livro do historiador Carlos da Costa Pereira, onde, além de desfazer equívocos sobre certas inverdades levantadas por alguns críticos sobre a vida conjugal da poetisa, casada com o Comendador Costa Pereira, reúne um bom número de poemas publicados em periódicos. Lendo suas cartas à família e, sobretudo, as de amor, vemos delinear-se uma personalidade muito interessante: forte, decidida, às vezes audaciosa, antes de mais nada, porém, uma mulher que se antecipou à sua época e que, por isso, muito sofreu. Nascida em um tempo cheio de preconceitos e tabus, e vivendo em uma cidade muito pequena, seu espírito ansioso de liberdade, evade-se no sonho, na poesia, nas cartas. Bem jovem ainda, colabora em revistas e jornais e, com auxílio do Padre e escritor Joaquim Gomes de Oliveira Paiva, da cidade do Desterro (Florianópolis).
Casada, por conveniência e imposição familiar, com um homem rico mas trinta anos mais velho, em 1871, Júlia da Costa leva para o casamento a desilusão de um afeto não concretizado pelo poeta Benjamin Carvoliva. Todo este namoro foi pontilhado de poemas e de cartas quase diárias. Em todas as que li, e como se pode ver na transcrição, Júlia da Costa anima o poeta o qual, como bom romântico, padecia de melancolias e tristezas sem fim pelo desprezo do
mundo… Um poeta é nada para o homem sem prestígios, para a jovem sem cultura, para esse povo rude que encara tudo pelo lado do interesse, e que só tem em si uma ideia: Ouro! Enriquecer para deslumbrar o mundo com suas riquezas. Para estes o poeta é nada, mas, para aquele que encara a vida pelo lado espiritual, para aqueles, o poeta é tudo. O horizonte de nossa vida é vastíssimo. Não precisamos das riquezas da terra, nem dos incenses de um mundo que desprezamos. Vemos, a cada linha, a generosidade e a paixão da escritora. Observa-se da parte do poeta Carvoliva muitas hesitações e dúvidas. E é ele quem foge de um compromisso mais serio (exigido pela mãe da poetisa), indo-se de São Francisco. O rapaz estaria destinado para o sacerdócio e esse seria o grande impedimento para o casamento, mas a diferença de idade entre os dois (Júlia era cinco anos mais velha que ele), penso eu, foi a razão mais forte para o recuo do jovem poeta. Depois de quatro anos de casamento infeliz, Júlia da Costa vê voltar o poeta, reiniciando-se assim a apaixonada correspondência diária, as cartas sendo colocadas em esconderijos diversos, tais como o oco de uma velha árvore. É Júlia da Costa quem, com rara audácia, pois, esposa de um comendador, chefe do Partido Conservador em uma cidadezinha como São Francisco do Sul, sugere ao poeta a fuga e a vida em comum. E, mais uma vez, é o poeta quem foge, com medo da opinião pública. Ou, quem sabe, não a amou como ela o amara… O segredo de minha vida, só tu o sabes.

Tu foste o noivo escolhido por minh’alma; não posso morrer sem que se realize o sonho embriagador que me afaga o coração. Se me fores fiel, juro-te em nome deste sol, que nos alumia, em nome de Deus, que nos ouve, que
serei tua um dia, custe o que custar.
Conheço que te amo; não com esse amor ávido de saciedade onde o cálculo e’ tudo, mas com um
amor imenso, imenso como o infinito. Nunca amei senão agora, acredita.


Imagino esta mulher toda de branco e rendas a correr furtiva e levemente pela estrada deserta para depositar as cartas ao amado que não a soube amar. As missivas se sucediam, apaixonadas, até a fatal proposta de Júlia da Costa, na Carta XLIII:
Se Deus demorar a realização do nosso sonho, então pisarei em todos os preconceitos da sociedade e serei tua
embora no centro das florestas, longe do mundo, longe de tudo que possa lançar-me em rosto o excesso da
minha paixão.

À proposta generosa da poetisa, responde o silêncio profundo do poeta catarinense. Novamente, optara pela fuga. A partir daí, os poemas de Júlia da Costa se tornam cada vez mais desesperançados, cada vez mais melancólicos. “Outrora, outrora eu amava a vida/ Meiga, florida na estação das flores!/ Amava o mundo e trajava as galas.

Dos matutinos, virginais amores!

Embalde, embalde, no ruído insano

Das doidas festas eu procuro a vida!

Meu corpo verga…meu
alento foge…

Sou como a rosa do tufão batida!”
Segundo Rosy Pinheiro Lima, essa última desilusão mudou Júlia da Costa. Passou a escrever febrilmente, passou a frequentar mais e mais serões e festas. Passou a pintar os cabelos de negro em uma época em que somente meretrizes e artistas o faziam, a pintar o rosto a usar muitas jóias, a receber muito em seu casarão e a se tornar uma lenda na pequena cidade que muito se orgulhava de sua poetisa… A partir daí, a nova mulher Júlia da Costa vai levar uma vida de : festas, campanhas políticas, publicações inúmeras em jornais e revistas: Júlia da Costa, desiludida e descrente, sempre elegante, um sorriso nos lábios, colaborando no periodismo literário da época, discutindo política nos serões do sobrado, brilhando nas festas e bailes, aparentemente feliz, desde que se não tivesse o cuidado de decifrar a tristeza dos olhos tão grandes, mergulhados nas sombras de tantos sonhos, guardando avaramente o seu segredo..

Desiludida de encontrar uma finalidade para a sua vida de solitária e sonhadora, rebelde ante a possibilidade de vir a casar, por casar, Julia encontrou, na guapa figura de Benjamin Carvalho de Oliveira, uni ponto de fixação para a incerteza das suas aspirações. A principio, tomou-o como um interessante passatempo, naquela vida monótona de cidade pequena, mas, pouco a pouco, foi emprestando ao jovem músico, todas as qualidades, todas as perfeições, todas as excelências, todos os mil predicados do eleito. A beleza máscula do rapaz, o espirito cintilante, ávido de poesia e beleza, os dons de músico e poeta, pareceram únicos à jovem sonhadora. O que lhe faltava em talento, ela o supriu com amorosa cegueira, emprestando-lhe até, centelhas de gênio. Assim o amou, com todo o seu amor. Seu sofrimento foi violento e total ao comprovar os pés de barro do seu ídolo. Sacudiu-a como um vendaval enfureci- do sacode as arvores de uma floresta. Deixou-a exausta. Não vencida.

“Jornal o Paiz edição 15008 de 1925 pág 2.”

Durante 1872 e 1904 colaborou nos jornais ‘Jornal do Comércio”, “Gazeta de Noticias”, “ O Paiz”, “Jornal do Brasil” e outros nos anos de 1887, 1900, 1903.

Suas poesias repassadas de um lyrismo contemplativo, suas comédias mais editadas de que levadas a cena e, suas múltiplas produções musicais e a lembrança de seu nome estaria circunscrita á sua ilustre família e, aos que viveram ao tempo de sua fecunda atividade intelectual.

Foi em uma de suas escolas gratuitas que germinaram mentalidades como a  de Cruz e Souza entre outros.

No ano de 1876 foi condecorado com a “Ordem do Rosa” o qual recusou por ter sentimentos republicanos já muito definidos aquela época.

Como literato publicou além de outras obras “A Caridade” em 1877, criticada e, elogiada por Camilo Castelo Branco, “Aureo Canhenho” em 1878, comentada com os melhores louvores por Pinheiro Chagas, que a ele se referia assim “Seu talento poético me faz lembrar aquele rio da fábula, que quando se enchia, iluminava ardentemente em ouro.

Como Poeta além de inúmeros versos em jornais e revistas editou “Teatro – Mundo e Novos Versos”.

Referindo-se a esta modalidade do seu espírito escrevia o Visconde de Taunay, “

Já de muito o conheço como poeta, e poeta de grande valor, pois tenho lido várias produções suas, que honram a sua fecunda inspiração”.

Por suas produções de caráter religioso que não foram poucas recebeu em 1872, aos 23 anos de idade para si e sua família, a bênção episcopal do bispo D. Pedro Maria de Lacerda e, a bênção Papal de Pio IX.

Notável musicista e, algumas das suas produções desta natureza fizeram sucesso em 1887, mereceram louvores de Carlos Gomes e Henrique Mesquita, ainda como patriota no ano de 1865, além de ter sido voluntário número 1 (um) da Guarda Nacional de Camboriú, em Santa Catarina sua terra natal, produziu o “Hynno do Voluntário da Pátria”, além do Hynno da Revolução de 1893.

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Jornalista, poeta, musicista e patriota, foi sempre um apaixonado. Sua vida Bohemia, sem pouso certo em Florianópolis, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro em um eterno preambular nesta terra em eu não se vive de letras ou artes, levou a terminar seus dias, pobremente, desiludido, como funcionário público, já muito avançado em anos, alquebrado por múltiplos sofrimentos morais, entre estes a perda de sua esposa e, de um filho idolatrado.

Foi um bom, um justo, um trabalhador de legitima mostra de modéstia.

Faleceu com 76 anos de idade em 20 de outubro de 1925 no Rio de Janeiro.

Hamilton Ferreira Sampaio Junior∴

Referências:

Family Search

My Heritage

Biblioteca Nacional

Fundação Cultural Ilha de São Francisco

Wikipédia

Texto publicado em Zahidé Lupinacci Muzart (org.). Escritoras brasileiras do século XK. Florianópolis: Mulheres;
Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 1999, p. 401-423.

POESIA Júlia da Costa Zahidé – Lupinacci Muzart

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