A Cidade do Rio de Janeiro como conhecemos hoje é fruto de um processo de modificação que foi acontecendo ao logo do tempo.
No século XIX, ela estava bem longe de ser chamada de cidade maravilhosa, as pessoas eram brutas, as ruas esburacadas, sujas e, o esgoto fazia parte do cenário da pequena cidade chamada de Rio de Janeiro.
No século XIX quem sofria bastante com esse cenário eram os ”Tigres”.
Muitos podem se assustar ao ouvir isso hoje em dia, mas na aquela época fazia parte do cotidiano, os “tigres” não eram animais, eram africanos escravizados que faziam o serviço doméstico.
Nessa época, a maior parte das casas não contava com banheiros, água corrente ou algum outro tipo de instalação sanitária.
Por isso, os moradores das antigas cidades faziam as necessidades em penicos e outros recipientes de metal ou porcelana.
Esses objetos ficavam sob as camas ou em armários até a manhã seguinte, quando eram esvaziados em grandes tonéis que comportavam todos os dejetos dos moradores da casa.
Um dos trabalhos dos tigres era jogar estes dejetos dos seus senhores na Baia de Guanabara e, nas Lagoas próximas, existiam até pontes de madeira que eram exclusivas para isso.
O cheiro dos tonéis, obviamente, não era agradável e fazia com que as pessoas não se aproximassem dos “tigres” enquanto os carregavam.
De tardinha os escravos saiam para jogar os dejetos com uma tina na cabeça cheia de fezes, às vezes escorriam pelos seus corpos, e suas peles ficam manchadas, quando isso acontecia eles eram chamados de ”tigres” devido às manchas.
“A pele ficava listrada, com alternância de faixas pretas e outras descoloridas pela ação química dos dejetos, afirma o jornalista Laurentino Gomes, autor do livro Escravidão, sobre o tema.
Algo bem pior acontecia com frequência, as tinas estouravam, o escravo ficava furioso, e muitos diziam: ”O escravo está enfezado”.
Referências e Texto: “Marcelo S. Souza” &
Imagem: Revista “A Semana Ilustrada”
Ano de 1861.