João Eugênio Gonçalves Marques

hamilton |13 dezembro, 2022

Blog | Rastro Ancestral

O Cel. João Eugênio Gonçalves Marques era filho do Capitão João Gonçalves Marques e de Dona Ritta de Mendonça Marques.

Nasceu em Paranaguá em 13 de novembro e, segundo a genealogia paranaense em sua página 177 no 6 volume, foi batizado em 25 de fevereiro de 1855. Casado com Josephina Gonçalves de Lacerda teve filhos: Coronel Ennio Gonçalves Marques, Dr Plinio Gonçalves Marques, Eurydice Marques Vianna.

            Industrial progressista, foi o concessionário da empresa de bondes da cidade de Paranaguá ao pitoresco recanto Rocio e, um dos primeiros exportadores de madeira do Paraná. Espírito empreendedor e de iniciativa, tornou-se intérprete das aspirações do povo auxiliando os poderes constituídos a resolver os problemas de relevância política.

Homem empreendedor e ativo, tudo fez para o engrandecimento de Paranaguá, foi um dos primeiros exportadores de madeira do Paraná, para cujo progresso muito contribuiu. Pelo seu esforço próprio, conseguiu tornar-se abastado capitalista. foi um patriota ardoroso e de ideias elevadas.

No ano de 1872 foi o primeiro vice-presidente do Club Litterario de Paranaguá.

Em 1872, o ministro do império João Alfredo Correia de Oliveira, criou uma lei auxiliando as bibliotecas populares do Brasil, no intuito de propagar e amparar a instrução no nosso pa. O Club Litterario de Paranaguá, teve então a sua fundação, sob os auspícios do ilustre membro do governo imperial, sendo sócios fundadores: Francisco José Pereira Machado da Silva, Joaquim Pinto de Amorim, Barnabé de Carvalhaes Pinheiro, José Albino da Cruz, Joaquim Pereira da Costa, Manoel Fausto do Nascimento, Adélio Pinto de Amorim, falecidos  e João Eugênio Gonçalves Marques, Constante de Souza Pinto, Manoel Rodrigues Vianna, João Estevão da Silva e Manoel Correia de Freitas. Foi uma das primeiras sociedades que tiveram o apoio oficial. A sede primitiva do Club Litterario, era na rua da Ordem-r-nome dado pela igreja da Ordem—que mais tarde se denominou Imperador e atualmente 15 de novembro n.22, na parte baixa do prédio de propriedade do sr. Henrique Veiga, em frente ao antigo estabelecimento comercial do saudoso sr. Adélio Pinto. Não existia mensalidade. Cada um concorria de acordo com suas posses, tendo na sede do Club uma caixa, na qual diariamente os sócios depositavam qualquer quantia. O histórico do Club Litterario é longo e muito interessante. Ligeiramente damos os dados mais curiosos, pois as razões expendidas não nos permitem maiores divagações.  Fizeram parte da primeira diretoria: Como presidente, Bernabé de Carvalhaes Pinheiro; Vice-presidente, Bibliotecário e Zelador João Eugênio Gonçalves Marques e Tesoureiro José Albino da Cruz. O Club Litterario teve dois jornais o Echo Litterario, impresso nas oficinas de Florêncio Rodrigues Vianna e o «Itiberê» que se imprimia em maquina própria, pertencente a sociedade e no qual colaboravam Leocadio Correia, Manoel do Rosario e outros. Hoje o Club Litterario ocupa um prédio próprio, construído por meio de ações, tendo os baixos alugados ao Correio desta cidade.

A função social, do Clube Literário fazia-se sentir em todos os acontecimentos citadinos. Assim é que, a 2 de dezembro de 1873, quando o Sr. Pedro Alóis Scherer convidou o Clube para a inauguração dos trabalhos do trecho da estrada de ferro Paranaguá-Morretes, foram designados  para essa representação os sócios Claro Américo Guimarães, José Albino das Dores, João Eugênio Gonçalves Marques e Honório Décio da Costa Lobo, e por oferta do maestro Bento Antônio de Menezes mandou o Clube executar, durante a cerimônia, pela banda da Sociedade “Progresso Musical”, o dobrado “Viva a Progresso!” composto especialmente para a solenidade.

No ano de 1876 foi promovido ao posto de Capitão da Guarda Nacional.

Esteve a frente das comemorações da Loja Maçonica Estrela de Antonina.

Foi Membro da Loja Perseverança de Paranaguá, segundo encontramos na obra “Maçonaria Paranaense no Século XIX de Hercule Spoladore”.

No ano de 1880 tinha segundo o Almanake Laemmert Casa de Comissão em Paranaguá.

D. Pedro II, quando em visita para inaugurar a Estrada de Ferro em 1880, fez uma visita especial ao “Club Litterario”, acompanhado de sua comitiva e das autoridades da Província.

O Club Litterario ocupava, nessa época, o sobrado n.94 da rua Ipiranga (hoje, Mal. Alberto de Abreu), esquina com a rua Paissandu (hoje, 15 de novembro).

Dentre as instituições visitadas pelo Imperador, o Club Litterário mereceu essa honrosa distinção. Após a recepção condigna que a diretoria do Clube prestou ao Monarca, dirigiram-se todos os presentes para a secretaria da Sociedade, onde S.M. deixou sua heráldica assinatura no álbum dos visitantes. Além do Imperador, assinaram o referido álbum, os seguintes senhores: dr. Buarque de Macedo (Ministro da Agricultura), dr. de Sousa Dantas (Presidente da Província), Artur Silveira da Mota, Vice- Almirante Barão de Jaceguai, Almirante-Visconde de Tamandaré, dr. Barão de Maceió (Vereador do Paço), conselheiro Antônio Alves de Araújo, dr. João Batista Guimarães da Silva (Secretário do Governo), engenheiro Rodolfo Paixão (Ajudante de ordens), João Eugênio Gonçalves Marques e Manoel Bonifácio Carneiro, estes dois últimos como membros da diretoria do Club Litterário.

No ano de 1884 foi participante ativo da “Sociedade Redentora Paranaguense”.

No ano de 1886 foi eleito para Assembleia Provincial pelo partido conservador.

No ano de 1887, João Guilherme Guimarães, que era Presidente da Câmara, em ofício datado de 15 de novembro, convidou seus leais amigos e companheiros do “Club Litterario” para constituírem a Comissão de Cidadãos, encarregada de alforriar escravos.  Essa comissão era oficial, organizada pelo poder público e municipal e dela faziam parte, Artur Ferreira de Abreu, João Eugênio Gonçalves Marques, Antônio Santa Rita e os Vereadores da Câmara, Teodorico Júlio dos Santos, Manoel Francisco de Souza e Francisco Norberto dos Santos.

Exerceu os seguintes cargos: camarista e presidente da Câmara Municipal de Paranaguá; deputado estadual em várias legislaturas, cônsul da Bélgica, 1888,  despachante geral da Alfândega; Prefeito de Paranaguá.

O ano de 1889 deixou de ser despachante da alfandega de Paranaguá.

 O cel. João Eugênio pertenceu à pleiade de grandes homens do seu tempo.

Tornou-se abastado capitalista, a custa do próprio esforço, mesmo no fastígio da opulência, manteve-se sempre atencioso, acessível, tratando a todos sem exceção de classe, cavalheirescamente.

A 03 de setembro de 1893 foi inaugurado em Paranaguá o tráfego de “bondes”, da Empresa de Transportes Paranaguense, da qual foi o primeiro diretor o Cel. João Eugênio Gonçalves Marques.

Em março de 1893 inaugurou-se uma “linha de bondes”, com trilhos de bitola estreita e carros tracionados por locomotivas a vapor. Era explorada pela Empresa de Transportes de Paranaguá.

Concessionário o Sr. João Eugênio Gonçalves Marques e pelo prazo de 50 anos, para o transporte de carga e passageiros. Saindo os trilhos da frente da Alfândega de então (antigo Colégio dos Jesuítas, hoje Museu), seguia pela Rua da Praia (hoje Gen. Carneiro), seguia em direção ao Porto D. Pedro II  (Trapiches) pelo Boulevard Serzedello (depois Av. Cinco de Outubro  e hoje Av. Coronel José Lobo), chegando em frente ao local onde se construiu o novo edifício da Alfândega (hoje Casa do Homem do Mar, sede da Sociedade de Amigos da Marinha do Estado do Paraná — SOAMAR-PR), em acentuada curva, o trajeto continuava pela Rua  Manoel Bonifácio (denominação que permanece), seguia contornando  o litoral, passando pela antiga Estação do Porto D. Pedro II (pelo lado norte) e fazia ponto final nas proximidades da Igreja N. Sra. do Rosário do Rocio. (Ver Planta de Ligação das linhas férreas do Cais com as da E.F. do Paraná – Fiscalização Estadual das Obras do Porto de Paranaguá, 12.10.1934 – Hans Nirschner).

Entre 1893 e 1894 foi Provedor da Santa Casa de Misericórdia de Paranaguá.

Uma particularidade sobre a personalidade de João Eugenio.

Maragato convicto, auxiliou os revoltosos de 1893. Retornando, porém, o País à legalidade, sofreu perseguição.  O General Ewerton de Quadros telegrafou ao delegado de Polícia de Paranaguá, dando ordem para que o prendesse. Entretanto, quando a escolta o procurou, não o encontrou porque, fora avisado pelo justo e generoso coração do então delegado João Eugênio Gonçalves Marques. O comandante da praça Léon Sounis denunciou-o por esse gesto. O gal. Ewerton ordenou a prisão do benfeitor.  Graças às grandes amizades que João Eugênio gozava,  fora relaxada sua «prisão. Este episódio constituiu mais um documento dos desmandos que foram efetuados nesse triste e doloroso período.

Nos consta que a Escola Humanitária Paranaense estabelecimento de ensino ocupa, na sua maior parte, o terreno doado antes de 1896 pelo prestimoso cidadão Cel. João Eugénio Gonçalves Marques.

Em 15 de junho de 1896, inaugurou-se a “Escola Humanitária Paranaense” no local onde hoje se situa o prédio do IHGP. A Escola inicialmente sob a direção da professora D. Olivia Pereira Alves funcionou por vários anos. Fundada a Escola Normal “Dr. Caetano Munhoz da Rocha”; fecharam, não se sabe porque, a “Humanitária Paranaense”, e os alunos se dispersaram pelos Grupos Escolares recém-criados; inclusive ao Grupo Anexo à Escola Normal. A velha Casa Escolar ficou ao abandono.

Referência: Viana, Manoel; Paranaguá na História e na Tradição; 1971

Foto: Acervo do IHGP

No ano de 1897 esteve a frente de uma comissão para tratar da “Questão de Limites”.

No ano de 1900 na exposição agrícola Paraná concedeu ao cidadão João Eugênio Gonçalves Marques a “Medalha de Prata” por serviços prestados à cidade de Paranaguá.

Em 18 de julho de 1924 pelo “Diário do Comércio”

VAMOS TER UM PARQUE

O activo moço sr. José da cruz está montando na aprasivel chácara do Cel. João Eugênio, ao lado da via férrea, próximo a nova estação da Paraná, um magnifico parque. O Novo estabelecimnto destina-se a conceder à população horas agradáveis de prazer, ouvindo boa muzica e tomando parte em vários divertimentos ao ar livre. O Parque será inaugurado por estes dias com um vasto programma de festas attrahentes, inclusive uma saborosa churrascada..

(grafia da época)

Foto: Acervo digital IHGP.

Artigo transcrito por Luiz A. Siqueira (in memoriam)

Balsa Nova distrito judiciário de Campo Largo, atualmente denominado João Eugênio, em homenagem a o Coronel João Eugênio Gonçalves Marques, que ali montou uma grande serraria e fabrica de caixas no ano de 1920.

Serraria João Eugênio importante serraria e fabrica de caixas fundada na estação de Balsa Nova pelo saudoso paranaense Cel.João Eugênio Gonçalves Marques e pertencente a firma João Eugênio Cia. Este estabelecimento muito concorreu para o progresso da localidade.

Faleceu a 19 de janeiro de 1924, com 69 anos de idade vítima de edema agudo de pulmão em Curitiba na sua casa sito a Rua 7 de setembro número 68.

Uma Rua em Paranaguá leva seu nome.

Hamilton Ferreira Sampaio Junior∴

Referências:

NICOLAS, Maria. A Alma das Ruas de Paranaguá: A Alma das Ruas de Paranaguá. 4. ed. Curitiba: Própria, 1964. 55 p. v. 4.

POLADORE, Hércule. HISTÓRIA DA MAÇONARIA PARANAENSE NO SÉCULO XIX: HISTÓRIA DA MAÇONARIA PARANAENSE NO SÉCULO XIX. In: HISTÓRIA DA MAÇONARIA PARANAENSE NO SÉCULO XIX: HISTÓRIA DA MAÇONARIA PARANAENSE NO SÉCULO XIX. 1. ed. LONDRINA: Ruahgraf Gráfica e Editora Ltda, 2007. v. 1, cap. 1, p. 2. ISBN 8590725804, 978859072580.

SAMPAIO, Hamilton. ENTRE O COMPASSO E O ESQUADRO: Gênese das Lojas Maçônicas no Paraná entre 1830 e 1930. In: ENTRE O COMPASSO E O ESQUADRO: Gênese das Lojas Maçônicas no Paraná entre 1830 e 1930. 1. ed. Curitiba: Novagrafica, 2019. v. 1, cap. 1, p. 2. FILHO,

Instituto Moisés Soares http://msinstituto.blogspot.com/

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VIANA, Manoel. Paranaguá na História e na Tradição: Paranaguá na História e na Tradição. 1. ed. [S. l.s. n.], 1971.

SANTOS, Antônio Vieira dos. Memória Histórica: Paranaguá. 1. ed. Paranaguá: Própria, 1951. 422 p. v. 1. ISBN xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.

REVISTA PANORAMA. nº 44, p. 50, 51, 25, jan.1956.

NICOLAS, Maria.Vultos paranaenses. 1958. v. 3.

LEÃO, Ermelino Agostinho de. Dicionário Histórico e Geográfico do Paraná. v. 1.

FILHO, Francisco negrão. Genealogia paranaense: genealogia paranaense. 3. ed. PARANA: Tipografia paranaense, 1928. 347 p. v. 1. ISBN xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.

SANTOS, Antônio Vieira dos. Memória Histórica: Paranaguá. 1. ed. Paranaguá: Própria, 1951. 422 p. v. 1. ISBN xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.

Arquivo Público do Paraná BR PRAPPR PB001 IIP787.57.

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