Em 1927, Romário Martins define Paranista da seguinte forma:
Paranista é aquele que em terras do Paraná lavrou o campo, vadeou uma floresta, lançou uma ponte, construiu uma máquina, dirigiu uma fábrica, compôs uma estrofe, pintou um quadro, esculpiu uma estátua, redigiu uma lei liberal, praticou a bondade, iluminou um cérebro, evitou uma injustiça, educou um sentimento, formou um perverso, escreveu um livro, plantou uma árvore.
A partir deste trecho, podemos perceber o esforço realizado por Romário Martins para definir o que é o sentimento de orgulho em se fazer parte do Estado do Paraná. Nele vemos representado um ideal de paranaense
Morigerado- “Praticou bondade” – laborioso – “lavrou o campo, vadeou uma floresta (…)” – e letrado – “escreveu um livro”.
História do Paraná
O Paraná é um Estado brasileiro da região Sul, tendo os seguintes limites: São Paulo, ao Norte; o oceano Atlântico, a Leste; Santa Catarina, ao Sul; Mato Grosso do Sul, Paraguai e Argentina, a Oeste. O Estado possui uma extensão territorial de 199.554 Km² e uma população de aproximadamente 10.000.000 habitantes. Curitiba é sua Capital, com uma população de 1.500.000 habitantes, aproximadamente. A cidade de Curitiba desencadeou uma notável revolução urbana a partir do início dos anos 70. Num roteiro de contínuas conquistas, a cidade construiu sólido referencial de vanguarda para o Brasil e o mundo, exportando inúmeras soluções e um conceito essencial: “o de que o homem é a medida de todas as coisas”.
Grande Oriente Estadoal do Paraná
Preparo para a Fundação
O Congresso Maçônico realizado no Rio de Janeiro, dia 07 de Janeiro de 1925 estimulou os participantes de Curitiba que lá estiveram. PREPARO PARA CRIAR O GR.´. OR.´. ESTADOAL. Dia 21 de abril de 1925, o Delegado do Grande Oriente do Brasil Petit Carneiro, envia correspondência aos Veneráveis das Lojas, para reunirem-se em sua residência à rua Brigadeiro Franco nº 61, no dia 26 do corrente, as 16:00 horas, para tratar assuntos de interesse da Ordem. Delegado do Grão Mestre, Abdon Petit Guimarães Carneiro, nomeado pelo Grão Mestre Luiz Soares Horta Barbosa, em 13/06/1919, pelo Ato nº 0.448 e reconduzido ao cargo até então, convida os Veneráveis das Lojas de Curitiba, para uma nova reunião em sua residência no início de setembro de 1925. O Orador da Loja Luz Invisível nº 0.749, O Irmão Dario Persiano de Castro Vellozo, na reunião do dia 9 de novembro de 1925, refere-se à fundação do Grande Oriente do Paraná, mostrando as conveniências que haviam em tal fato, sendo marcada uma reunião especial para tratar sobre este assunto,no dia 16 de novembro as 7 horas da noite. Nesta reunião, discutiram o assunto e foi aprovado por unanimidade a criação do \” Grande Oriente Estadoal do Paraná\”. ( Livro Atas nº 6 pág. 50 da Loja Luz Invisível nº 0.749 ). |
Jornal \”O Dia\”, 3 de abril de 1925, sexta feira, pág. 4
No Jornal \”A Gazeta do Povo\” do dia 1º de Maio de 1928, terça feira, encontramos na 1ª página, o seguinte destaque:
A INSTALLAÇÃO, HOJE, DO GRANDE ORIENTE DO PARANÁ
“Um
pouco de historia da Maçonaria Paranaense Installa-se hoje, solemnemente, nesta
Capital, o Grande Oriente do Paraná.
A organização de Orientes Estadoaes confederados é permittida pela Constituição
da Maçonaria Brasileira, desde que, em um Estado, existam, no mínimo, 21 Lojas
em plena actividade. E, por isso a installação de hoje, exprime com serena, mas
incisiva eloquencia, o incessante e surpeendente progresso da multi-secular
instituição de Hiram em terras paranaenses.
Não
deixa de ser, com effeito, consoladora surpreza tão notavel desenvolvimento
quando, ao contrario do que se fazia supor pela premencia das circunstancias
ambiente, ella parecia em tacito e largo esmorecimento.
Não é mysterio que, este Estado, acaba de passar por uma phase de verdadeira
compreensão a ( ilegível ) Universal Ordem dos franco-maçons, a qual o Brasil
deve os mais assignalados serviços em toda sua historia politico-social. –
Ostentava e implacavelmente hostilisada, como todo e todos que discrepassem do
fanatismo religioso do ex-presidente deste Estado, a Maçonaria Paranaense, com
animo inquebrantavel dos que sabem cumprir o seu dever, correspondia á
intolerancia governamental com a pertinencia silenciosa de sua acção fecunda,
arregimentando proselytos, disciplinando o exercito do Bem e desdobrando mais
amplo o pallio de sua discreta philosophia.” Leia-se como se transcreveu à época
O IMPULSO TOMADO PELA MAÇONARIA PARANAENSE
“É assim que, ao principio de
octiennio tão sectarista, existam em nosso Estado, nove Lojas maçônicas, e no
decorrer dos oitos anos de mesquinhos espesinhamentos, houve um vultuoso
progresso de serviços liberais que elevou o número delas ao expoente preciso
para a instalação que, nesta data, se efectiva:
e este fato, é tanto mais digno de nota e eloquente, ao saber-se que dos
Estados brasileiros, somente quatro preenchem os requisitos necessários á
formação de Grandes Orientes.
O Fortíssimo impulso que a Maçonaria Paranaense
recebeu, nos últimos anos, é fenomeno que não causa admiração aos que se acham
na intimidade desta organização, e de sua vasta historia, cujas irradiações
benéficas se alastram pelo mundo inteiro. – De fato, através de séculos, a
norma da Maçonaria é procurar não se iscuar do meio em que exercita seus nobres
ideais e, dessa maneira, ou absorve-se de todo na pratica de seus sentimentos
de altruísmo, ou embora sempre pacifista, porém compelida pelas circunstancias
hostis, faz-se militante, levada pelo dever da defesa intransigente de seus
sagrados princípios.
E, então, crescem suas colunas e seus
batalhadores…
Aquela face tranquila, voltada apenas para os recalcados exercícios da amizade e da caridade, que não indagam de religiões nem de raças; voltada para a obra gloriosa de cultivar espíritos e moldar caracteres; aquela face tranquila é que dá, as vezes, a impressão ilusória de aparente adormecimento. Leia-se como se transcreveu à época
Pensa-se que a secular Instituição, batida pela opinião mortiça de seus adversários vai esboroar.
Dá-se, entretanto, no tumultuar dos embates, exatamente o inverso. E a Maçonaria, sempre paladina do progresso, com a admiravel plasticidade das verdades eternas, surge aos surtos do espirito humano, em sua mar cha ininterrupta para a sempre distante perfectibilidade.
Leia-se como se transcreveu à época
O SEGREDO DA MAÇONARIA . . .
“Acompanhando
a evolução social, a Maçonaria, apesar da venerabilidade de suas tradições, não
hesita em aceitar praxes e cerimônias rituais postas ao nível da mentalidade
contempôranea.
Assim, identificada com o organismo social possue, como ele, armas de
defesa – as intrínsecas virtudes vitais que inutilizam os elementos nocivos,
cujos olhos jamais conseguem passar por sobre os próprios interesses.
Eis o segredo pelo qual a Maçonaria prospera sempre e a prova
inconcussa é a inauguração de hoje.
Diante do Grande Oriente do Paraná, em penhor de brilhante êxito, estão
velhos e dedicados legionários de Hiram, como sejam o dr. Petit Carneiro que
empunha com serenidade e ponderação, o malhete de Grão Mestre; o professor
Dario Vellozo, o cel. José Carvalho, o cel. Euclides Bandeira, o cel. Francisco
Simas e o cel. Isaias Miranda e outros denotados paladinos do livre
pensamento.\” Leia-se como se transcreveu à época
A posse das GGr.´. DDig.´. do Gr.´. Or.´. Estadoal do Paraná, deu-se no dia 1º
de maio de 1928 as 20:00 horas no Templo da Loja Fraternidade Paranaense, na
Praça Zacharias.
A
Loja Concórdia IVª nº 0.368, nomeou uma comissão, composta pelos IIr.´.:
Augusto Iwersen, Luiz Pinto da Rocha e Carlos Stelfeld, para representarem-na
nas solenidades de posse.
( Livro Atas nº 3 pág. 66. )
Esteve presente na festividade de Posse dos dirigentes do Gr.´. Or.´. Estadoal
do Paraná, o Ir.´. Dario Vellozo, manifestando seu pensamento sobre o fato.
(Livro Atas nº 04 pág. 397 da Loja Cardoso Junior nº 0.661)
Instalou-se na sede desta Loja, dando expediente diário, de segunda a sexta feira, no horário das 8 as 11h.
O Grão Mestre eleito pelo povo maçônico paranaense, Dr. Affonso Alves de Camargo, não assumiu o cargo para o qual foi eleito, assim, os primeiros atos oficiais deram-se no dia 7 de maio, sendo o Grão Mestre em exercício, o Irmão Petit Carneiro, eleito para o cargo de Grão Mestre adjunto.
Neste local funcionava o Grande Oriente Estadoal do Paraná – Foto 1932, e também várias lojas e inclusive uma escola noturna.
Leia-se como se transcreveu à época.
Em 19 de Outubro de 1927 o Soberano Grão Mestre Geral, autoriza a criação do “Grão Mestre do Grande Oriente Estadoal do Paraná”, sendo seu primeiro Grão Mestre foi o então presidente da Província do Paraná, Dr. Affonso Camargo que ocupou o cargo por 20 dias e renunciou.
Decreto 878 de Criação do Grande Oriente Estadoal – PR
Decreto 879 criação do Grande Oriente Estadoal do Paraná
Relação de Grão Mestres 1928.
AFFONSO ALVES DE CAMARGO(85 anos)Político* Guarapuava, PR (25 de Setembro de 1873)+ Curitiba, PR (16 de Abril de 1959)
Affonso Alves de Camargo nasceu em Guarapuava, PR, em 25 de Setembro de 1873, filho de Pedro Alves da Rocha Loures e Francisca de Camargo Loures. Depois de concluir o curso primário, transferiu-se para Curitiba, onde frequentou o Parthenon Paranaense, Colégio Arthur Loyola, terminando humanidades em São Paulo, em fase preparatória, com vista à Faculdade de Direito. Aprovado com distinção, cumpriu brilhantemente o período universitário, formando-se em 1894.
Já estava a essa altura envolvido em política, por força de inegável vocação de liderança. Valeu-lhe muito o apadrinhamento do conselheiro Jesuíno Marcondes, oráculo do Partido Liberal e último presidente provincial do Paraná. Durante a Revolução Federalista, ainda adolescente, Affonso Camargo revelou seu pendor maragato, aliando-se aos correligionários do governador revolucionário João de Menezes Dória.
Foi nomeado chefe de polícia e depois promotor público da Capital, ainda que por pouco tempo.
Nas eleições parlamentares de 1897 disputou, com sucesso, pela oposição, lugar no Congresso Legislativo estadual. Cumpriu cinco legislaturas, sempre com destacada, atuação graças à habilidade e competência na condução das questões político-partidárias. Culto, capaz, dinâmico e planejador, não custou a ocupar espaços importantes, notadamente quando se celebrou a Coligação Republicana, em 1908, de que participou da coordenação do movimento de reconciliação entre os pica-paus e maragatos. Era ainda deputado estadual.
Desde a sua primeira eleição, manteve-se no Congresso Legislativo até 1914. Mantinha permanente colaboração na imprensa, notadamente nos jornais: \”A Federação\”, \”Diário da Tarde\” e \”Gazeta do Povo\”, além de uma movimentada banca de advocacia, apesar dos encargos parlamentares que lhe absorviam o tempo, principalmente a presidência do Congresso Legislativo.
Sua ascensão ganharia contornos definitivos a partir de 1911, no governo Carlos Cavalcanti, do qual era 1º vice-presidente. Desafeito à política partidária, o presidente confiou-lhe integralmente os encargos dessa área, permitindo-lhe ampla liberdade de ação. Com tais triunfos na mão, Affonso Camargo preparou sua candidatura à sucessão governamental. Não ganhou pacificamente o governo. Teve pela frente a candidatura do médico e deputado Randolpho Pereira Serzedelo, apoiado por forte dissidência comandada por Alencar Guimarães, Generoso Marques dos Santos e Xavier da Silva, poderoso triunvirato de largas tradições na política local. Mas, ainda assim, Affonso Camargo elegeu-se, tendo por base a plataforma de resistir até a última gota de sangue à ameaça ao território paranaense do Contestado. Este foi povoado por bandeirantes curitibanos, desde o século XVIII.
Um pseudo \”direito\” oriundo de decreto de Dom João VI (1820) e mesmo quando conseqüências ulteriores, dele proveniente fossem reais, estaria em desacordo com o direito da mesma posse derivado. Este argumento, o do \”uti possidetis\” conferiu ao Barão do Rio Branco vitória contra Zeballos, advogado argentino, no caso de Missões.
A decisão do Supremo Tribunal Federal, contrária aos direitos paranaenses, publicada em 06/07/1904, causou profundo abalo. Entretanto, em face de embargos opostos à sentença. A questão vinha se arrastando. Exauridos todos os recursos judiciais, e na iminência da execução da sentença, chegou ao clímax em 1916. Ou o Paraná se sujeitava ao acordo proposto pelo presidente da República, Wenceslau Braz, perdendo 28.000 quilômetros quadrados do seu território, ou se submeteria a maiores danos e perdas, pois o acórdão do Supremo Tribunal Federal alcançava, em favor de Santa Catarina, as margens do Rio Iguaçu.
Resistir à força das armas, como desejavam alguns, era temeridade. Selar o acordo, suicídio político. Os interesses do Estado, entretanto, estavam acima das paixões que dividiam a população. O entendimento poderia resgatar área que hoje compreende dezenas de municípios, tais como: Palmas, Pato Branco, Francisco Beltrão, Mangueirinha, Clevelândia, etc.
Pressionado por essas perplexidades, Affonso Camargo não teve outra alternativa, senão assentir para salvar grande parte da área contestada. A maioria do Congresso Legislativo respaldou-lhe a dramática decisão, referendando-lhe o ato corajoso. O acordo foi celebrado a 20/10/1916.
Atacado impiedosamente pelos radicais, respondeu o presidente paranaense:
\”Agora, se julgardes que o humilde filho desta abençoada terra errou, não obstante os aplausos gerais da nação, dos poderes Executivo e Legislativo da República e das suas forças armadas de terra e mar, de todos os Estados da União, da alta magistratura do país, da mocidade das escolas, das classes conservadoras do Estado, dos nossos eminentes advogados e de jurisconsultos eméritos, entre eles o grande brasileiro Ruy Barbosa, todos unânimes em declarar que mais do que foi feito era impossível se conseguir para o Paraná na sua atual aflitíssima situação; se, mesmo com essas manifestações de confortante solidariedade por esse ato da minha vida pública, ainda julgardes que errei, então seja Deus testemunha da sinceridade com que agi nesta fase histórica, querendo, de todo coração, fazer a felicidade da família paranaense, trazendo-lhe a paz e a prosperidade no presente, para assim preparar em futuro próximo, a grandeza do nosso Estado, que tem todos os elementos para ser forte, rico e poderoso dentro da Pátria grande – que é o nosso estremecido Brasil.
Palácio da Presidência do Estado do Paraná, em Curitiba, aos 25 de novembro de 1916\”.
(Ass. Affonso Alves Camargo)
O fantasma do \”Acordo do Contestado\” lhe perseguiria a carreira política, sob o estímulo da oposição ao seu governo, pois se tornou enorme a frustração do povo, tendo havido em algumas regiões, como em União da Vitória, a tentativa de movimento separatista. Todavia, não declinou seu poderio político. Preparou seu sucessor, Caetano Munhoz da Rocha, que exerceu dois mandatos consecutivos e voltaria ao governo em 1928. Mandou, de forma absoluta, durante 19 anos.
Elegeu-se deputado federal em 1921, sendo 1º vice-presidente da Câmara dos Deputados. No ano seguinte, com a vaga aberta por Xavier da Silva, chegou ao Senado, onde se manteria até 1927, mantendo sob controle a liderança que exercia na política paranaense, cada vez mais abrangente, já que a própria oposição não se aventurava aos enfrentamentos das urnas. Caetano Munhoz da Rocha não teve competidores, nem o próprio Affonso Camargo no seu segundo pleito governamental.
Seus períodos governamentais foram agitados, não só pelas tensões provocadas pela Primeira Guerra Mundial, quanto pela crise da erva-mate, a qual aniquilou as finanças do Estado, acrescido do \”crack\”, da Bolsa de Nova York. Com essas repercussões, o funcionalismo viu atrasarem seus vencimentos e a economia estadual diluir-se. Foram esses alguns dos ingredientes que serviram de combustível à Revolução de 1930. No Paraná, da sua administração destacamos a ligação rodoviária Curitiba – Foz do Iguaçu, a construção do ramal ferroviário de Jaguariaiva e Jacarezinho, que permitiu a penetração no norte do Paraná, abrindo perspectivas para o \”rush\” do café e a colonização daquela importante área.
A abertura da linha férrea até Guarapuava foi outra realização meritória. Preocupou-se com o Porto de Paranaguá e notadamente com a melhoria do nível do ensino em todos os graus. O Ginásio Paranaense foi equiparado ao Colégio Dom Pedro II e as escolas superiores tiveram reconhecimento oficial graças a sua iniciativa.
Fundou o Banco do Estado do Paraná e abriu novos horizontes ao plantio do café no norte do Estado, com medidas de estímulo ao processo de colonização, idealizado inicialmente pelos empresários ingleses.
Deu integral apoio às atividades culturais, promovendo alguns literatos e músicos aos cargos eletivos, de que são exemplo Nestor Victor, Rocha Pombo e Léo Kessler. Instalou ainda a Granja do Canguiri, a Bolsa de Títulos de Valores e a Câmara Sindical. Iniciou igualmente a construção da estrada da Ribeira, entre outros empreendimentos.
Affonso Camargo era casado com Etelvina Rebelo, filha do coronel José Pinto Rebelo, descendente de troncos tradicionais. Professor catedrático da Faculdade de Direito, seu amor pela instrução pública inspirou-o a reformas e melhoramentos essenciais nesse campo.
Apesar dos desgastes característicos das oligarquias demasiado longas, seu predomínio absoluto na política paranaense só foi interrompido em 1930, com a revolução liderada por Getúlio Vargas. Amargou terrível ostracismo e abandono, próprios dessas ocasiões passionais. Afastado das lides políticas, dedicou-se exclusivamente ao magistério, onde suas qualidades de professor realçaram cada vez mais seu perfil intelectual.
Affonso Camargo faleceu em Curitiba a 16/04/1959.
Após a renúncia do Dr. Affonso Camargo Passa a atuar o Grão Mestre Adjunto, em exercício do cargo, Petit Carneiro, assinando os primeiros Decretos e Atos, necessários para a organização administrativa do Grande Oriente Estadoal do Paraná, conforme documentos e registros em livros de Atas da época
Abdon Petit Guimarães Carneiro 1928-1932
Grão Mestre Adjunto em exercício de 07 de Maio de 1928 a Julho de 1928,quando é eleito Grão Mestre, exercendo o mandato até 30 Abril de 1931. Delegado do Grande Oriente do Brasil, no Paraná, de 13 de Junho de 1919 a 01 Maio de 1928.
(Iniciado na Loja Perseverança nº 0.159, de Paranaguá, no dia 28 de Abril de 1900. Participou, como fundador, das Lojas: Luz Invisível nº 0.749 e Dario Vellozo nº 1.213).
Dr. Petit Carneiro, notório médico paranaense, que dirigiu o Grande Oriente Estadoal do Paraná até 1932.
Seu Adjunto era José Cândido Da Silva Muricy Iniciado na Loja “Ganganelli” Rio de Janeiro pertenceu às Lojas “Acácia Paranaense” e “Luz Invizivel” Curitiba Paraná.
Após, foi eleito Grão-Mestre José Carvalho de Oliveira, pertenceu á Loja “Luz Invisivel” sendo um de seus fundadores e também Membro Hon.\’. da Aug.\’. e Cap.\’. Unione e Fratellanza, da Loja Giuseppe Garibaldi em 06/12/1920, Ben.\’. da Aug.\’. e Benf.\’. Perseverança, possui recomendáveis títulos de outras AAug.\’. OOff.\’.. Em Jaguariahiva, uma Loja regularizada em Outubro de 1902 e composta do mais seleto pessoal daquela região prospera. o qual não foi empossado, devido à suspensão das atividades pelo Grande Oriente do Brasil. Leia-se como se transcreveu à época
José Carvalho de Oliveira
No entanto, quase cinco anos depois, por não estar cumprindo com sua finalidade, o GOB através do Decreto nº 997 de 1º de agosto de 1932, extinguiu o Grande Oriente Estadoal do Paraná.
Correio do Paraná 1932 suspendendo direitos maçônicos de vários irmãos.
Vemos que aqui temos talvez o “Auge” da crise que se instalou na maçonaria no Paraná
Aqui fazemos uma pausa, para tentarmos compreender os fatos relativos às “aberturas” e “fechamentos” seguidos entre 1920-1950, na esfera da Maçonaria no Paraná.
Podemos perceber em documentação levantada em meio à 1927 até 1932 que havia uma forte implicação política nesse funesto evento da extinção do Grande Oriente Estadoal do Paraná, vamos lá:
Octavio Kelly, era Juiz de carreira vindo a ser Juiz Supremo Tribunal Federal em idos de 1932.
Otávio Kelly nasceu em Niterói (RJ) no dia 20 de abril de 1878, filho de Eduardo da Silva Kelly, médico, e de Ernestina Fonseca da Silva Kelly, professora.
Fez o curso primário na escola pública de Porto das Caixas (distrito do município de Itaboraí, RJ). Iniciou o curso secundário no Liceu Popular, concluindo-o no Externato Aquino, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Ingressou em seguida na Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, formando-se em janeiro de 1899.
Ainda estudante, entre 1897 e 1899, escreveu vários artigos para a Revista Jurídica, publicada por sua faculdade, além de colaborar no Jornal do Brasil e em outros periódicos. Na mesma época, iniciou suas atividades profissionais como acadêmico, no escritório de Cândido Mendes de Almeida. Em setembro de 1899, casou-se com Angelina do Prado Kelly, com quem veio a ter dois filhos: José Eduardo Prado Kelly (ministro da Justiça em 1955) e Celso Otávio Prado Kelly (presidente da Associação Brasileira de Imprensa [ABI] em 1965 e secretário de Educação do estado da Guanabara em 1972).
Entre 1899 e 1909, exerceu a advocacia, além de prosseguir na atividade de jornalista, tendo fundado em Niterói o matutino Diário e participado ainda da redação de A Capital, também de Niterói. Foi vereador à Câmara Municipal de Niterói de 1904 a 1906, elegendo-se deputado à Assembléia Legislativa fluminense para o triênio 1907-1909. Em novembro de 1909, foi nomeado juiz federal da seção do Rio de Janeiro, iniciando sua carreira na magistratura. Neste mesmo ano, foi um dos juízes convocados a participar do julgamento realizado no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a questão do Contestado, relativa à definição dos limites entre o Paraná e Santa Catarina. Otávio Kelly votou a favor do Paraná, mas foi voto vencido.
Jornal O Imparcial RJ 1939 01 de Junho.
Nomeação de Muricy Delegado do Grande Oriente do Brasil
Interessante “paralelo” se observa no quadro abaixo, podemos observar sem querer fazer qualquer juízo que talvez exista uma relação entre os períodos conturbados na Ordem Maçônica no Paraná e a situação política à época, seria impossível não perceber, em alguns dos momentos mais conturbados o Estado e encontrava sob intervenção Federal.
AFONSO ALVES DE CAMARGO | Presidente do Estado | 25.02.1928 a 05.10.1930 | Loja Luz Invisível nº 0.749-Curitiba |
MARIO ALVES MONTEIRO TOURINHO | Interventor | 05.10.1930 a 29.12.1931 | Loja Luz Invisível nº 0.749-Curitiba |
JOÃO PERNETA | Governador Interino | 29.12.1931 a 30.01.1932 | |
MANOEL RIBAS | Interventor | 30.01.1932 a 12.01.1935 | |
EURIPEDES GARCEZ DO NASCIMENTO | Interventor | 11.05.1934 a 22.05.1934 | |
MANOEL RIBAS | Governador | 12.01.1935 a 10.11.1937 | |
MANOEL RIBAS | Interventor no Regime do Estado Novo | 10.11.1937 a 03.11.1945 | |
CLOTÁRIO DE MACEDO PORTUGAL | Interventor | 05.11.1945 a 25.02.1946 | |
BRASIL PINHEIRO MACHADO | Interventor | 25.02.1946 a 06.10.1946 | |
JOÃO CÂNDIDO FERREIRA FILHO | Governador Substituto | 21.09.1946 a 07.10.1946 | |
MARIO GOMES DA SILVA | Interventor | 07.10.1946 a 06.02.1947 | |
ANTONIO A. DE CARVALHO CHAVES | Interventor | 06.02.1947 a 12.03.1947 |