São poucas informações que temos sobre a gruta do Santuário do Rocio.
Foto do Rocio com a antiga gruta, rua em torno do santuário e o mar onde hoje
localiza-se a Praça da Fé. Fonte, Acervo IHGP, (1960 a 1970).
A construção da primeira gruta ocorreu no ano 1959 quando da primeira grande reforma da igreja, eu digo a primeira grande reforma , desde a construção da atual igreja no ano de 1920.
Arquivo Prof Wistuba, sem data.
Depois no ano de 1999 com a reforma da praça, foi construída a nova gruta que passa finamente pelas últimas alterações da gruta no formato que se encontra hoje, isso ocorreu no ano de 2007.
A primeira gruta foi construída com a reforma da igreja sob a direção Padre Guilherme que na época era o pároco responsável pela igreja, e que naquela época não era paróquia.
Outra curiosidade é que as pedras utilizadas na construção da primeira gruta foram trazidas do Morro do Anhangava, localizado em Quatro Barras município da região metropolitana de Curitiba.
Sobre o Rocio
A mais antiga referência histórica que temos sobre Nossa Senhora do Rocio data de 1686, durante um período conhecido como a “Peste da Bicha”, que foi registrada por Vieira dos Santos. Naquela época, Paranaguá tinha apenas 38 anos desde a sua fundação, mas a devoção à Virgem do Rocio já havia conquistado o coração da população da vila. Sabemos que uma devoção não surge instantaneamente, mas cresce ao longo do tempo, à medida que histórias e eventos relacionados a ela são transmitidos de pessoa para pessoa.
O culto a Nossa Senhora do Rocio, devido ao fato de a sua imagem pertencer a um devoto particular e ser venerada em um oratório doméstico na casa de Pai Berê, que estava localizada em um lugar remoto e de difícil acesso, provavelmente se espalhou de forma gradual. Isso sugere que a devoção à Virgem do Rocio pode ter começado muito antes de 1686, possivelmente logo após a fundação de Paranaguá.
Embora não haja documentação que confirme a data de construção da primeira capela dedicada ao culto de Nossa Senhora do Rocio, a tradição popular sugere que o próprio Pai Berê escolheu o local. Anos após a morte de Pai Berê, a milagrosa imagem foi encontrada em uma casa de palha, em um modesto altar, e pertencia ao devoto cidadão Tenente Faustino José da Silva Borges em 1797. Nesse momento, a imagem já tinha 80 anos, indicando que a capela dedicada a Nossa Senhora do Rocio provavelmente foi construída no início do século 18.
O Tenente Faustino, o protetor da imagem que originalmente pertencia a Pai Berê, decidiu construir uma capela adequada para abrigar Nossa Senhora do Rocio. A construção da primeira igreja dedicada à devoção começou em 1797 e foi concluída em 1813, sob a proteção de Frei Manoel de Santo Tomaz.
As festividades em honra a Nossa Senhora do Rocio só foram organizadas pela igreja em 1843, pois anteriormente eram os devotos que promoviam essas celebrações por conta própria, convidando sacerdotes e oradores sacros para realizar os atos litúrgicos.
Em 1895, D. José de Camargo Barros, o primeiro Bispo da Diocese de Curitiba, durante uma Visita Pastoral a Paranaguá, constatou as condições precárias da antiga igreja do Rocio, que já tinha 81 anos naquela época e era mantida com as esmolas dos fiéis.
Em 1901, o Vigário de Paranaguá, Padre Sebastião Gastaud, recorreu à proteção de Nossa Senhora do Rocio devido a um surto de peste bubônica na cidade e fez o solene voto de construir um novo templo em agradecimento à Virgem por ter protegido o povo da epidemia. Em 1902, a pedra fundamental do atual Santuário foi lançada, a torre foi inaugurada em 1920 e o templo foi aberto ao culto em 1922, após a consagração do altar.
Reformas posteriores ampliaram as dimensões do Santuário para acomodar peregrinos de todo o Paraná, e o local passou a ser administrado pela Diocese de Curitiba para oferecer melhor assistência espiritual e material. Atualmente, o Santuário de Nossa Senhora do Rocio é a sede da Paróquia de Nossa Senhora do Rocio e está sob a jurisdição do Bispado de Paranaguá. Para uma análise mais detalhada da história do Rocio, recomendam-se os estudos dos historiadores Vieira dos Santos e Vicente Nascimento Júnior. O primeiro fornece informações históricas, enquanto o segundo oferece uma interpretação cuidadosa e honesta desses dados e eventos relacionados.
A Padroeira do Paraná
A generosidade da Mãe de Deus, embora ativa permanentemente, frequentemente se manifesta de forma mais evidente e intensa em certos locais de devoção, impulsionada pelo poder da oração e pela força da fé.
Sabemos que, quando várias pessoas se reúnem para orar juntas, Deus está no meio delas, e quando essas preces são dirigidas a Deus por meio de Sua Santíssima Mãe, as chances de serem atendidas são ainda maiores, pois Maria é a Medianeira de todas as graças, poderosa e infalível, conforme nos ensinou São Bernardo.
A Mãe de Deus escolheu um local em Paranaguá para que um santuário fosse construído em Sua honra, onde, ao longo de 300 anos, tem operado milagres generosamente, concedido favores e graças, fortalecendo e consolando todos aqueles que precisam de Sua proteção. A reputação de Seu poder tem se espalhado por todo o Paraná, atraindo peregrinos de todas as regiões em busca de alívio ou para agradecer por graças recebidas.
Essa devoção, com mais de três séculos de história, dedicada à Mãe de Deus sob o título de Nossa Senhora do Rocio, despertou nos corações dos paranaenses o desejo de que Ela fosse oficialmente proclamada pela Santa Sé como a Padroeira do Paraná. Seria o reconhecimento pela Igreja de um padroado que existe de fato há séculos, confirmado pela demonstração de fé, devoção crescente e tradição religiosa, de forma inequívoca e incontestável.
A campanha para que a Igreja confirme o Padroado de Nossa Senhora do Rocio no Paraná já existe há muito tempo. O primeiro Arcebispo do Paraná, Dom João Francisco Braga, já expressava o desejo de que a Província Eclesiástica de Maria tivesse seu santuário no Santuário de Nossa Senhora do Rocio em Paranaguá.
Inúmeros paranaenses, e especialmente os habitantes de Paranaguá, expressaram esse anseio por meio da imprensa, discursos públicos e púlpitos desde o início do século. Autoridades civis e eclesiásticas também manifestaram apoio a essa causa, e a ideia está enraizada nos corações de todos os devotos da Virgem do Rocio.
Nos últimos 40 anos, importantes solenidades têm sido realizadas com a participação de milhares de pessoas e das mais altas autoridades do estado, como uma maneira de glorificar a Mãe de Deus sob a invocação de Nossa Senhora do Rocio e demonstrar que Ela é considerada a Padroeira do Paraná.
Em 1939, Nossa Senhora do Rocio deixou seu Santuário pela primeira vez para ser transportada a Curitiba, onde presidiu os atos do jubileu da Congregação Mariana da Catedral. As manifestações de fé foram tão impressionantes que levaram à sanção do título de Nossa Senhora do Rocio como Padroeira do Paraná pelo governo arquidiocesano e pelas dioceses sufragâneas.
Em 1948, por ocasião do jubileu Episcopal de Dom Atico Eusébio da Rocha, Arcebispo Metropolitano, o 1º Congresso Mariano do Paraná foi realizado, e Nossa Senhora do Rocio foi novamente a Curitiba para presidi-lo.
Em 1953, ela viajou pela terceira vez a Curitiba para presidir o Congresso Eucarístico Nacional e marcar o 1º Centenário de Emancipação Política do Paraná. Nessa ocasião, uma peregrinação triunfal de 105 dias foi realizada em todo o interior e norte do Paraná. A partir desse momento, os pedidos para que Nossa Senhora do Rocio fosse oficialmente proclamada Padroeira do Paraná começaram a chegar ao Arcebispo Metropolitano.
Prefeituras e câmaras municipais, paróquias e seus vigários, além do governador do estado, a Assembleia Legislativa do Paraná e o prefeito de Paranaguá, pediram a oficialização do título. Um processo canônico foi organizado e encaminhado a Roma, onde os paranaenses aguardam ansiosamente por uma resposta há quase vinte anos.
Recentemente, Sua Eminência, o Cardeal Dino Staffa, do Sacro Colégio dos Cardeais, visitou Paranaguá e celebrou uma missa no Santuário de Nossa Senhora do Rocio. Em outubro deste ano, o Núncio Apostólico do Brasil, Dom Carmine Rocco, também visitou a cidade e o santuário. Durante a homenagem prestada pelas autoridades locais, foi feito um apelo ao Município e à Diocese de Paranaguá em relação ao antigo desejo dos católicos paranaenses em relação ao título de Padroeira de Nossa Senhora do Rocio.
Na ocasião, solicitou-se a Dom Carmine Rocco que aceitasse o patrocínio da causa e atuasse como mediador junto ao Papa em nome de Sua Santidade. Sua Excelência aceitou o pedido, renovando a esperança de que, em um futuro próximo, Nossa Senhora do Rocio seja oficialmente coroada como Rainha e Padroeira do Paraná pela Santa Sé. Na Festa em Homenagem a Nossa Senhora do Rocio em 1976, a presença marcante de 1 Arcebispo e 6 Bispos: D. Pedro Fedalto, D. Bernardo Nolker, D. Geraldo Pelanda, D. Agostinho Sartori, D. Armando Cirio, D. Albano Caval!in, D. Domingos Wisniewski, que vieram como representantes de cinco grandes Dioceses do Litoral e dos planaltos do Estado, compartilhar dos atos litúrgicos, demonstra o desejo dos altos dignitários do Episcopado paranaense de honrar de maneira solene Aquela que tão generosamente distribui seus dons por todos os recantos do Paraná.
Referências: informações Professor Nilande