Nasceu em Palmas, Paraná, aos 17 de dezembro de 1847. Era filho do Cel. Francisco Inácio de Araújo Pimpão e de Dona Maria Josefa de França. Quando moço alistou-se como voluntário na Guerra do Paraguai, retornando com a graduação de Sargento do Exército Imperial. Residiu em Palmas até 1880, dedicando-se à pecuária. Casou-se em primeiras núpcias com Dona Guilhermina de Loyola, não tendo filhos deste matrimônio.
Deixando os pagos de Palmas, transferiu-se em 1880 para União da Vitória. Em 1881, um ano após a sua chegada às margens do Iguaçu, faleceu a sua esposa Dona Guilhermina de Loyola. Cinco anos após contraiu segundas núpcias com Dona Júlia Malheiros a 11 de abril de 1885, em Curitiba, de cujo matrimônio teve nove filhos.
Family Search registro de casamento.
Residindo às margens do majestoso Iguaçu, numa colina próxima à atual ponte da estrada de ferro, Cel. Amazonas contemplava aquela grande massa líquida que podia ser transformada em sulcos de progresso e bem estar para o Paraná. Antevia os seus navios sulcando aquelas águas e atroando as matas com silvos e apitos. Ao chegar a União da Vitória Cel. Amazonas comprou o estabelecimento comercial de José Pereira de Linhares Filho. Adquiriu também as suas lanchas e outras embarcações. Estava iniciando a sua brilhante carreira de homem de negócios. Era seu intento incrementar o comércio com Palmas abastecendo-a de sal, açúcar e outros artigos que vinham através do porto de Antonina.
Sem errar diremos que dessa época em diante, surge uma nova era para União da Vitória, a cujo progredir emprestaria ele as suas iniciativas de homem trabalhador e corajoso. Arrebatado pelo grande sonho da navegação do rio Iguaçu Cel. Amazonas dirigiu a Dom PEDRO II um ofício:
“SENHOR,
Amazonas de Araújo Marcondes, desejando ardentemente promover, com a máxima rapidez a execução de um grande melhoramento material para a sua província, sem onerar os tão debilitados cofres públicos, requer a Vossa Majestade Imperial a graça de conceder-lhe o privilégio da navegação a vapor do Rio Iguaçu e seus tributários sob as bases seguintes”.
A resposta do Imperador não demorou, pois o Decreto nº 7.248, de 19 de abril de 1879, trazia esta ementa: “CONCEDE a Amazonas de Araújo Marcondes privilégio para estabelecer, por si ou por meio de uma companhia, uma linha de navegação a vapor no rio Iguaçu, desde o ponto denominado Caíacanga até o Porto da União”.
Todavia, este decreto não lhe doava as áreas territoriais pedidas como garantia do seu empreendimento. Ao invés, em duas cláusulas compressivas, cortava-lhe por dez anos o prazo da concessão e exigia-lhe, no espaço de um ano, além do início da navegação, a limpeza do rio Iguaçu. Assim é que, em data de 3 de março de 1880, podia ele comunicar ao Presidente da Província que já construirá os dois primeiros armazéns da empresa – um na antiga colônia KITO e outro em União da Vitória, ao mesmo tempo que procedia à limpeza do rio na extensão navegável de 55 léguas. O tosco estaleiro de Caiacanga trabalhou, dia a dia, num martelar incessante e num contínuo sobe-desce de talhas… até que, em 17 de dezembro de 1882, com a solenidade profunda de um grande desvirginamento, o vapor “CRUZEIRO” era lançado às águas do Iguaçu.
Vapor Visconde de Guarapuava em 1889.
Era bem pequeno este vapor: media 80 palmos de comprimento por 26 de boca. Tinha a força de 18 cavalos e calava 18 polegadas inglesas.
Entretanto por muito mais de cinquenta anos, subiu e desceu o rio Iguaçu, levando no seu bojo 800 arrobas e rebocando duas grandes lanchas.
A 27 do mesmo mês, o vapor largava do então já Porto Amazonas em viagem de experiência. Dessa primeira viagem conseguimos a seguinte descrição, do próprio punho do Cel. Amazonas, em carta dirigida ao visconde de Guarapuava, em 10 de janeiro de 1883:
“Tenho o prazer de participar-lhe que, no dia 27 do p.p. mês, larguei do Porto Amazonas o meu vapor “CRUZEIRO” com destino ao Porto da União, onde cheguei as quatro horas da tarde do dia 29, fazendo grandes paradas no trajeto, mas tendo bom sucesso na viagem de experiência. Já nesta viagem levei a bordo onze pessoas e setenta volumes de mercadorias. No dia 2 larguei O vapor águas acima para Porto Amazonas, trazendo cinco canoas a reboque e vinte e dois passageiros. Fizemos a viagem em quatro dias, parando em muitos pontos não só fazendo lenha, como também explorando bem o rio”.
A inauguração oficial da navegação a vapor nos rios Iguaçu e Negro, todavia só se realizou em 1883. Foi na vila de Rio Negro, no dia 4 de fevereiro de 1883. O vapor “CRUZEIRO” chegara um dia antes, bufando, como se fosse abrindo, numa largura maior, as margens apertadas daquele ‘fio. A Câmara Municipal correu ao porto, representada por João Batista Correia, Miguel José Grein e Miguel Barbosa de Almeida, entregando ao Cel. Amazonas de Araújo Marcondes a seguinte mensagem:
llmo Sr.
“Orgulhosa e cheia de prazer sente-se esta vila no dia de hoje registrando em seus anais o nome de V. Sa., que construindo o vapor que hoje vemos, facilita aos povos da Província e com especialidade os que margeiam os rios Iguaçu e Negro, os mais rápidos e cômodos meios de transporte, prestando assim V. Sa. inúmeras e importantíssimas vantagens ao comércio. A Câmara Municipal desta vila, levando muito em consideração tão importante empresa, pela presente comissão felicita a V. Sa., a quem Deus guarde”.
No dia seguinte chegavam de Curitiba o Dr. Carlos Augusto de Carvalho, Presidente da Província, o Desembargador Conrado Erichsen, o Dr, Silveira da Motta, o Conselheiro Manoel Alves e outras pessoas. Terminada, em festa a cerimônia inaugural, o “CRUZEIRO” levando a comitiva Presidencial, rumo a União da Vitória, apitando prolongadamente, gloriosamente… Era em pompa, o coroamento da obra”.
Iniciava-se assim o ciclo da navegação no rio Iguaçu que traria consequências benéficas ao vale do Iguaçu.
“Das barrancas do Iguaçu, do Potinga, do rio Negro, do Timbó, o ouro verde vinha, mil vezes mais fácil do que antes, mil vezes mais abundante do que nunca para os engenhos de soque de Campo de Curitiba”.
As maiores fortunas do Paraná tiveram de 1882 em diante, viagem obrigatória: subiram, num trecho mais ou menos longo, as águas do rio Iguaçu.
O apito do vapor “CRUZEIRO” localizou, nas margens dos rios, uma vida mais próspera e mais solidária, populações ínvías e sem expressão humana. São Mateus do Sul, Fluviópolis, Canoinhas, Porto da União da Vitória e todos os povoados que já floresceram foram o seu eco transformando-se em cidades”.
Estendido de leste a oeste, num comprimento de 55 léguas navegáveis, o rio Iguaçu teve a função de um paralelo geográfico a determinar, no interior do Estado latitudes demográficas. E União da Vitória foi por muito tempo o meridiano ocidental da vida paranaense. Para esta metamorfose radical, bastou que um homem talhado nos velhos moldes dos seus ousados e valentes antepassados quizesse. Querer é poder – eis a máxima dos fortes. Lutou e lutou muito – mas venceu.
AMAZONAS MARCONDES é o seu nome, nome do benemérito brasileiro que já pertence à história, nome glorioso, cujos fatos serão registrados nas páginas do livro da evolução pacífica da Pátria.
A navegação do Iguaçu trouxe um surto de progresso e bem estar social. Em 1882, o Bispado de São Paulo, criou a paróquia do Sagrado Coração de Jesus da Freguezia de União da Vitória, na Província do Paraná.
O Decreto nº 54 de 27 de março de 1890, elevou à categoria de Vila a Freguezia de União da Vitória. O Decreto nº 55 da mesma data, criou a Intendência Municipal de União da Vitória, do Estado do Paraná.
A 4 de maio de 1890 é solenemente instalada a Intendência Municipal de União da Vitória sendo seu primeiro Presidente Cel. Amazonas de Araújo Marcondes. Em 1889, Cel. Amazonas lança às águas o segundo vapor “Visconde de Guarapuava”.
A 24 de setembro de 1892, Cel. Amazonas, assume o cargo de Prefeito Municipal de União da Vitória, por ter sido eleito.
Jornal a FEDERAÇÃO 2 de Fevereiro de 1894 edição 5.
Em 1894 foi designado para a “Comissão de Empréstimos de Guerra” pelo General Gumercindo Saraiva.
Em 1896, o Cel, Amazonas figura, como Prefeito Municipal e o Tenente Cel. José Cleto da Silva como Presidente da Câmara.
Boletim do Grande Oriente do Brasil n° 1899108 pág 606 de 1899 de Outubro.
Museu Maçônico Paranaense Área Pública.
Em 1910, Cel. Amazonas fez parte da Junta Governativa Provisória do Estado das Missões.
Em 1915, Coronel Amazonas de Araújo Marcondes é o presidente do Diretório do Partido Político Paranaense.
A 2 de outubro de 1915, Cel. Amazonas, faz parta do Comitê de Limites.
Durante quatro lustros Cel. Amazonas esteve à testa do Executivo Municipal de União da Vitória lutando pelo progresso. Contando 77 anos de idade, a 23 de dezembro de 1924, faleceu Coronel Amazonas de Araújo Marcondes, sendo substituído no cargo de Prefeito Municipal por Leopoldo de Castilho, que decretou três dias de luto oficial pela morte de ilustre paranaense.
Vapor Iguassu firma Conrado Burher, em Porto Amazonas em 1930.
Refêrencias:
https://portouniao.webnode.com.br/quem-foi-/cel-amazonas-de-araujo-marcondes/