Cherubina Rosa Marques de Sá

hamilton |29 setembro, 2024

Blog | Rastro Ancestral

 

 

Cherubina Rosa Marques de Sá, filha do Tenente José de Araújo e de Dona Anna Maria da Conceição Sá, nasceu na capela curada do Tamanduá, em Campos Gerais, no ano de 1794.

Descendente de tradicionais famílias, casou-se com o Tenente José Caetano de Oliveira, mais tarde Barão do Tibagi. Ele dedicava-se ao tropeirismo, profissão mais lucrativa da época. Realizava constantes viagens, ocasiões em que Dona Cherubina assumia a administração da casa e dos negócios do marido, com firmeza e segurança, virtudes herdadas de sua distinta progenitora. Enquanto o marido permanecia ausente, por vezes durante meses, a fazenda continuava em plena atividade produtiva.

As roças eram plantadas e colhidas no tempo devido, o gado recebia os cuidados adequados, e na casa grande produzia-se o necessário para o consumo doméstico e para o sustento de agregados, peões e escravos, além das peças de vestuário.

Tudo era realizado sob a orientação da compreensiva e diligente dona de casa.

Dona Cherubina fora criada em um lar honesto e abastado, onde até os camaradas e escravos recebiam pão branco.

A comida era temperada com manteiga produzida na própria casa.

Assim, a bondosa matrona não admitia que seu lar fosse menos farto do que aquele em que fora criada.

Sua vida transcorreu entre o trabalho doméstico e os cuidados como esposa e mãe dedicada, sempre consciente de seus deveres.

Ordeira por excelência.

Seu esforço constante em produzir aquilo que podia, ao invés de adquirir, visava a evitar a diminuição do pequeno capital com o qual o Tenente José Caetano realizava suas operações.

Nas noites de sábado, ela reunia-se com os filhos e escravos para rezarem o terço. Aos domingos, iam à missa.

Seu marido costumava, com alegria e satisfação, afirmar:

“Não sei se meus filhos devem mais a mim ou à mãe. Eu trabalhava, ela cuidava dos frutos do meu trabalho.”

Com essas palavras, o bondoso, compreensivo e dedicado marido fazia-lhe justiça. Vejamos um trecho de uma carta dele ao filho, o Conselheiro Jesuíno Marcondes:

“… Chegaram os príncipes. Visitaram minha mãe. A princesa beijou-lhe as mãos; em seguida, o príncipe a abraçou, e, seguindo seu exemplo, o Presidente e o Chefe de Polícia. Imaginarás quanto nos cativou essa extraordinária demonstração de fineza, com a qual a princesa imperial deu um belo exemplo de respeito à velhice que se estima.”

Por sua vez, Dona Cherubina dizia:

“Tudo quanto fazem por mim, não é por mim, é por meu filho.”

Bendita modéstia dessa nobre e digna dama patrícia.

“… Graças ao prestígio de suas virtudes e à respeitabilidade singular, que se ampliava com os anos, daquela que foi um modelo perfeito de Mãe brasileira, o crédito e a prosperidade da fazenda não foram abalados durante a enfermidade do esposo. A ilustre senhora viveu cercada de conforto, carinho, estima e respeito até o seu derradeiro momento.”

Seu marido Barão de Tibagi faleceu em 1863.

Dona Cherubina recebeu o título de Baronesa do Tibagi em 4 de agosto de 1858, e o de Viscondessa com grandeza em 31 de agosto de 1880, após o falecimento do esposo.

A distinta dama, Dona Cherubina Rosa Marcondes de Sá, faleceu na cidade de Palmeira, em 6 de outubro de 1889.

Sua morte foi profundamente sentida, especialmente pelos mais desfavorecidos, que encontravam na ilustre dama o auxílio necessário para aliviar seus sofrimentos. Não viveu para ver o advento da República e o afastamento da Princesa Isabel, a quem tanto admirava. Assim, não sofreu com o infortúnio da augusta senhora.

No Centro da cidade de Palmeira ergue-se um suntuoso palácio de nome Palacio da Viscondessa

Antes da instalação do atual Palácio da Viscondessa e do Cine Teatro, o local foi residência do Barão do Tibagi. Inaugurados no dia 07 de abril de 1951, por iniciativa do então prefeito Benjamin Malucelli. Mais tarde dois aparelhos de projeção foram doados à Prefeitura pelo Governo do Estado. Durante meio século de existência o Cine recebeu apenas uma modificação: com a chegada do Cinema Novo, a tela onde eram projetados os filmes teve que ser transformada, pois as películas não eram mais retangulares.

Depois disso, nenhuma restauração foi realizada, até o ano de 2001, onde foi reinaugurado no dia 7 de abril, reconstituindo suas características originais. No ano de 2020 o Cine Teatro entrou novamente em processo de restauro. Um dos aspectos que chama a atenção do Cineteatro é a sua estrutura, um dos raros exemplares desta espécie no Estado, tanto por suas características arquitetônicas como pela sua estrutura com capacidade aproximadamente 500 lugares.

 

Hamilton Ferreira Sampaio Junior

Referências:

NICOLAS, Maria. Pioneiras do Brasil: Estado do Paraná. 1. ed. Paraná: Própria, 1927. 321 p. v. 1.

Hemeroteca Digital Brasileira.


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