Coronel Libero Guimarães

hamilton |20 fevereiro, 2023

Blog | Rastro Ancestral

Nasceu por volta do ano de 1835, em Lages estado de Santa Catarina, filho de Frederico Teixeira Guimarães e Clemencia Alves Guimarães, casou-se com Ana Bernardina de Souza Lobo em 4 de fevereiro de 1888 na cidade de Campo Alegre, Santa Catarina, Brasil.

Comercializava na região de Antonina, Paraná, e de Joinville, em Santa Catarina.

O prédio que abriga atualmente a sede da Prefeitura Municipal de Antonina é um elemento histórico da cidade, em estilo eclético, foi uma das residências mais importantes do século XIX.

Construído no final do século XIX pelo Coronel Líbero Guimarães, um abastado exportador de erva mate que foi prefeito da cidade.
Mais tarde a residência de prefeito, passou a ser sede do Clube Antoninense.

Este clube mais literário do que social teve passagens marcantes nos anais culturais e literários da época. Foram seus visitantes ilustres: Dom Pedro II, Olavo Bilac, Santos Dumont, Gumercindo Saraiva e João Machado da Silva.

O “Barão de Antonina”, ilustre visitante que desembarcou no primeiro navio a vapor a ancorar no Paraná, denominado “Gentil Campista”.
Localização: Rua XV de Novembro, 150

Tornou-se acionista da Cia. Industrial Catharinense, sendo Secretário, suplente do Conselho Fiscal, em 1891, e seu Diretor em 1906.

Em São Bento (hoje São Bento do Sul/SC), fundou o Clube Republicano e foi Intendente Municipal (atual cargo de Vereador), eleito no ano de 1891.

Pelo Partido Republicano Catarinense (PRC), elegeu-se duas vezes Deputado Estadual ao Congresso Representativo de Santa Catarina (Assembleia Legislativa) e participou da  Legislatura (1894-1895) e da 3ª Legislatura (1896-1897), nesta última atuou nas Comissões de Estatística e Divisão Civil Tributária, e na Comissão de Associação, Estabelecimentos Públicos e Catequese das Populações Indígenas.

Durante a 2ª Legislatura, acontecia a Revolução Federalista, que se estendeu ao Estado paranaense e acarretou no episódio militar conhecido como Cerco da Lapa.

Líbero participou da batalha ocorrida entre janeiro e fevereiro de 1894, do lado dos legalistas, fiéis a Floriano Peixoto, segundo presidente da República.

Entre os defensores da Lapa se destacaram, além do coronel Gomes Carneiro, os coronéis Dulcídio Pereira, Serra Martins e Joaquim Lacerda, o tenente-coronel Libero Guimarães, os majores Inácio da Costa e Felipe Schmidt, os capitães Augusto Sisson e Amintas de Barros e o tenente Mário Tourinho.

Após o confronto, recebeu a patente de Coronel Honorário do Exército.

“LÍBERO Guimarães, em depoimento requisitado pelo Ministério da Guerra, assim relata, sem atavios, o que se deu na trincheira fatídica.

“Depois  do triste acontecimento, o Cel. Lacerda,  que pressuroso, se mostrava em todos os lugares onde se combatia, mandou vir um reforço, em socorro desse posto, seguindo para a casa do médico, acompanhando ao Cel. CARNEIRO. O fogo continuava cerrado, produzindo mortandade em nossas forças, já muito resumidas. Nessa ocasião caiu, a meu lado, atravessado por uma bala, o 2º tenente Lebon Regis, que não havia abandonado o seu posto na trincheira, erguendo vivas à república, ficando por essa razão sem comandante a boca de fogo, cuja guarnição estava então quase toda morta.

Com reforço pedido pelo Cel Lacerda, veio o Cap. Sisson, que, tomando conta da peça, a carregou atirando contra a casa donde  nos atacavam, conseguindo dar por esse meio tempo aos nossos soldados a arrombarem as portas e entrarem no prédio, travando-se dentro uma luta terrível, corpo a corpo, desbaratando-os completamente, ficando em  nosso poder o único ponto que esta ainda oferecia resistência”…

Às 2 da tarde desse dia funesto e lúgubre após 8 horas de fogo vivo e incessante, que transformara em vulcão esta cidade, os sitiantes em verdade recuaram desorientados e assombrados de tanto denodo, deixando o campo coalhado de cadáveres.

Logo depois  desse embate ciclópico, que glorificou a impavidez de tantos patriotas obscuros que tombaram galhardamente com o nome da legalidade na boca o Cel. Serra Martins procurou CARNEIRO e, narrando em entusiasmo a estonteante vitória dos sitiados, disse, com vivacidade e já pronto para se retirar: “Cel. Suas ordens?” CARNEIRO, com a máxima energia de que ainda era capaz, respondeu ato continuo: – “A ordem é uma só – resistência, resistência a todo transe”.

Decorridos alguns instantes, chegou o Cel. J. Lacerda, e CARNEIRO, no leito de morte, recebeu-o prazenteiramente com esta frase, que valeu por uma apoteose: “Eu tenho a glória de descobrir no Paraná um verdadeiro herói – o Cel. Lacerda”.

Era, de fato, esse inolvidável paranaense político de fino atilamento e vasto prestígio, lapiano de enorme influência, que conseguiu, sem dificuldade alguma, reunir nesta cidade um batalhão de patriotas destinados a defender a legalidade, os quais no cerco se bateram como legítimos e experimentados veteranos.

Sempre animado, sempre esperançoso e cheio de gratidão aos nossos cuidados e aos do seu esforçado enfermeiro o industrial José do Amaral, CARNEIRO não manifestou jamais a menor dúvida quanto ao triunfo completo da causa que defendia, PORQUE ERA A CAUSA DA LEI.

Na mais rigorosa vigilância por parte dos sitiados e sob intermitentes disparos dos sitiantes, passaram-se os dias 7, 8 e 9 de Fevereiro, até ás 19 horas, quando concitando sempre os camaradas a não abandonarem as trincheiras, expirou sem um gemido e sem uma contração que denotasse padecimento.

Em verdade, durante o cerco patentearam uma coragem indomável – Lacerda, João Pacheco, Líbero Guimarães, AMYNTAS DE BARROS, José Charlot, Fidencio Guimarães, Henrique José dos Santos, Otto Rochehdorf Faustino Riola, Emilio Blum e tantos outros, todos civis os quais fizeram jus á calorosa admiração de um militar do estofo de GOMES CARNEIRO.

Seu coração era um sacrário de energias e de bondade. Sua alma era um repositório das mais acrisoladas virtudes”.

Foi representante da Revista de Santa Catharina, em Antonina, no ano de 1895, e um dos fundadores do Instituto Histórico Geográfico de Santa Catarina, em 1896.

Foi deputado ao Congresso Representativo do estado de Santa Catarina em 1896-1897.

No ano de 1900 era Ven da loja maçônica Estrela de Antonina.

Entre o Compasso e o Esquadro: Gênese das Lojas Maçônicas no Paraná de 1830-1930. pág. 58.

Periódico O Jerusalém ano de 1900.

Assumiu como Prefeito de Antonina/PR, no ano de 1907, e deixou o cargo em fevereiro de 1908.

Existem em Antonina alguns estabelecimentos industriais de importância.
Citaremos dois engenhos de elevadas proporções da Companhia Industrial dirigidos pelo Tenente Coronel Libero Guimarães, e que podem beneficiar diariamente mais de mil arrobas de herva-matte.
Também existe um outro da mesma espécie, que funciona regularmente sob a direção de Manoel Nogueira & C. H.

Rua Coronel Libero Antonina Paraná.
A antiga rua dos Mineiros passou a denominar-se Cel. Libero, recordando o antigo prefeito
municipal Coronel Libero Guimarães, a quem Antonina deve alguns melhoramentos, entre os
quais figura a inauguração da iluminação pública.

Periódico Olho da Rua 1907 uma crítica a Badaró assumir a Prefeitura de Antonina

Em Fevereiro de 1908 foi exonerado do cargo de Prefeito Municipal de Antonina.

Faleceu na Lapa em 1908 vitima de um tiro acidental de arma de fogo em sua fazenda.

 

Hamilton Ferreira Sampaio Junior

Referências

SAMPAIO, Hamilton. ENTRE O COMPASSO E O ESQUADRO: Gênese das Lojas Maçônicas no Paraná entre 1830 e 1930. In: ENTRE O COMPASSO E O ESQUADRO: Gênese das Lojas Maçônicas no Paraná entre 1830 e 1930. 1. ed. Curitiba: Novagrafica, 2019. v. 1, cap. 1, p. 2. FILHO,

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Congresso: Ata da 16ª sessão ordinária do congresso representativo do Estado de Santa Catarina. República. Florianópolis, 2 nov. 1895. p.2, Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rNDE5NTk=>. Acesso em: 8 jun. 2017.

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