Comemoramos, no dia 19 de agosto, o Dia do Historiador. A comemoração foi estipulada pelo Decreto de Lei nº 12.130, de 17 de dezembro de 2009, em referência à data de nascimento de Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo (1849-1910). Conhecido por sua carreira como político, na diplomata, historiador, jurista, orador e jornalista brasileiro, formou-se pela Faculdade de Direito do Recife.
Mais popularmente conhecido como Joaquim Nabuco, apesar de monarquista, teve expressiva atuação no processo abolicionista do século XIX, e é considerado um dos maiores defensores da abolição da escravidão no Brasil, sendo a favor de que ela fosse conduzida pelo parlamento e de forma gradual. Fundou a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, órgão que, em colaboração com personagens como André Rebouças (1838-1898), editava o jornal O Abolicionista – periódico já apresentado na Hemeroteca Digital através de artigo do Bruno Brasil, jornalista e servidor da Coordenadoria de Publicações Seriadas/FBN.
A constituição da História, como área de conhecimento científico especializado, ocorreu na Europa desde meados do século XIX, concomitante ao surgimento de disciplinas como Sociologia e Antropologia. Naquele período, a disciplina era fundamentalmente caracterizada pela busca de cientificidade, resultado das influências do filósofo positivista francês Auguste Comte (1798-1857) e também da historiografia alemã, cujo maior expoente é Leopold von Ranke (1795-1886). Assim, fazer História seria buscar a certificação dos estudos através de documentos oficiais, estudos de datas, fatos e personagens heróicos, respeitando condutas neutras e objetivas, tidas como essenciais a investigação histórica. Ao longo do século XX, essa concepção se modifica, com as teorias historiográficas da Escola dos Annales, cujos maiores expoentes são Marc Bloch (1886-1944) e Lucien Febvre (1878-1956), em sua primeira geração, Fernand Braudel (1902-1985), em sua segunda geração, e Jacques Le Goff (1924-2014) e Pierre Nora (1931), nos anos posteriores, em uma terceira geração.
Ao longo da trajetória de desenvolvimento da História e Historiografia brasileiras, além das contribuições do próprio Joaquim Nabuco, contamos com a presença intelectuais – nem sempre com formação em História, mas aos quais os Historiadores atuais são tributários – como, Capistrano de Abreu (1853-1927), Afonso d’Esgragnole Taunay (1876-1958), Oliveira Viana (1883-1951), Gilberto Freyre (1900-1987), Sérgio Buarque de Hollanda (1902-1982), Caio Prado Júnior (1907-1990), Nelson Werneck Sodré (1911-1999), Celso Furtado (1920-2004) que, de meados do século XIX para o XX, foram responsáveis por pensar as bases e a formação do Brasil, da nacionalidade brasileira, do povo brasileiro, desde os primórdios da colonização portuguesa.
O ensino superior de História, no Brasil, iniciou-se em meados da década de 1930 com os cursos de História da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, em 1934 (Jornal do Brasil), e da Universidade do Distrito Federal (UDF), no ano de 1935. O curso de História da UDF foi reorganizado na Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi) da Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (Jornal do Brasil), em uma transição iniciada em 1937 e concluída em 1939.
A partir da criação do ensino superior, vemos despontar importantes nomes de mulheres Historiadoras que, conquistando seu espaço na academia, também contribuíram para reflexões sobre o Brasil, em termos políticos, econômicos, socioculturais. Aqui destacaremos: Maria Bárbara Levy (1943-1992), Emília Viotti da Costa(1928-1917), Alice Pfifer Canabrava(1911-2003), Cecília Maria Westphalen(1927-2004), Maria Yedda Leite Linhares (1921-2011), Maria Beatriz Nascimento (1942-1995).
O reconhecimento da profissão, no entanto, se deu apenas com a Lei Nº 14.038, de 17 de agosto de 2020, após muitas décadas de atuação dos profissionais de História brasileiros para que a categoria conquistasse o devido registro profissional garantindo, dentre outras coisas, a abertura de cargos de Historiador em empresas públicas e privadas que necessitam desses profissionais.
Mas afinal, o que faz um profissional de História? Além da atuação em sala de aula, lecionando desde a educação básica até o ensino superior, Historiadores e Historiadoras podem atuar em pesquisas em bibliotecas, museus, arquivos públicos e privados, casas de cultura e demais instituições de guarda, lidando com acervo histórico das mais variadas tipologias. São importantes na datação e na restauração de conjuntos arquitetônicos, obras de arte, obras literárias. Podem prestar consultoria para agências de fomento a projetos científicos na área, atuar em parceria com arqueólogos e paleontólogos, em sítios de pesquisa dedicados tanto à documentação material, quanto aos relatos orais e elementos constituintes da chamada cultura imaterial. Além muitas outras opções.
Parabéns aos colegas de profissão, pela conquista do registro profissional. Muito sucesso aqueles que recentemente ingressaram nessa carreira. Feliz dia do Historiador!
Ref Biblioteca Nacional