Eleuzina Plaisant nasceu em 30 de agosto de 1866, na cidade de Paranaguá, filha de Carlos Augusto Cesar Plaisant e Brasilissa Branco Plaisant. Seu pai, inspetor da Alfândega local, era uma figura de grande prestígio no setor público.
Eleuzina iniciou sua educação em colégios primários da cidade de Paranaguá, mas, com a transferência de seu pai para o Rio de Janeiro, acompanhou a família e prosseguiu seus estudos naquela cidade, destacando-se no Colégio Santa Cândida.
Ela recebeu uma formação completa. Além do currículo tradicional de humanidades, Eleuzina adquiriu conhecimentos em pintura, artes em geral e, sobretudo, música, sendo reconhecida como uma musicista de grande talento. A jovem Eleuzina combinava os sonhos de sua mocidade com sua paixão pela música, especialmente pelo piano. Desde a infância, demonstrava uma inclinação natural para as artes, e, no Rio de Janeiro, influenciada pela atmosfera cultural da metrópole, desenvolveu suas habilidades de forma notável, tornando-se uma pianista virtuosa e uma pintora de valor reconhecido. Suas composições, embora inéditas, são conservadas com esmero por sua família.
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Durante sua estada no Rio de Janeiro, Eleuzina conheceu Ursino Carneiro de Souza, já então renomado professor de línguas e compositor. Também natural de Paranaguá e membro de uma tradicional família local, Ursino iniciou com Eleuzina um relacionamento que culminou em casamento em setembro de 1886, na cidade do Rio de Janeiro.
Após o matrimônio, o casal retornou a Paranaguá, onde a afinidade de interesses e emoções entre eles ficou ainda mais evidente.
Dona Eleuzina e Ursino desfrutaram de um casamento feliz, embora de curta duração. Estabelecidos em Paranaguá, Eleuzina acompanhou o esposo na tarefa de educar, auxiliando-o na manutenção de cursos de línguas e música. Ursino, além de professor talentoso, era um compositor prolífico, famoso por suas valsas, e suas obras foram amplamente divulgadas pelo Estado. Em um evento especial, ele compôs uma Ave-Maria, que foi cantada por Eleuzina no coro da Igreja Matriz, durante uma celebração em honra de Nossa Senhora do Rosário.
Os primeiros anos de casamento transcorreram em harmonia, mas, após pouco mais de cinco anos, Ursino adoeceu gravemente. Eleuzina tentou todos os recursos médicos disponíveis em Paranaguá e, em busca de tratamento mais avançado, levou o marido à capital do Estado. No entanto, todos os esforços foram em vão, e Ursino faleceu, deixando Eleuzina viúva e sem filhos aos 25 anos.
Diante dessa situação, Eleuzina precisou enfrentar grandes desafios. Sem recursos financeiros, decidiu seguir adiante com coragem e determinação. Em 1893, fundou, sob sua responsabilidade, um colégio particular que se tornaria conhecido como “A Escola de Dona Eleuzina”.
Eleuzina também fundou uma escola de francês e pintura em Paranaguá, e posteriormente estabeleceu o primeiro Jardim de Infância da cidade. Lecionou de forma dedicada entre 1894 e 1940, quando foi obrigada a interromper suas atividades em razão de problemas de visão, decorrentes da diabetes. Sua escola desempenhou um papel fundamental na educação de várias gerações de jovens, e muitas crianças que concluíam o ensino primário eram encaminhadas para prosseguir os estudos sob sua orientação.
Em uma palestra proferida no Rotary Club de Paranaguá do Dr Joaquim Tramujas, em 2 de outubro de 1954, ele exaltou a importância do magistério:
“Ser professor primário é conquistar um lugar de destaque na galeria dos beneméritos da humanidade, é fazer parte das grandes figuras universais e se fixar na história de um povo como alicerce fundamental de sua estrutura moral.”
A escola de Eleuzina inicialmente funcionou ao lado da Igreja Bom Jesus dos Perdões, e posteriormente em outros locais, como onde hoje se encontra o Hotel Litoral. Ao longo dos anos, o colégio se tornou uma instituição de prestígio na cidade.
Imagem: IHGP, sem data
Funcionou também na Rua professor Cleto
Imagem: IHGP, sem data.
Eleuzina contribuiu imensamente para a educação das crianças e adolescentes de Paranaguá. Seu nome permanece vivo na memória local, gravado nas páginas da história como símbolo de dedicação à educação e à formação de gerações, assim como pela disseminação de valores e princípios fundamentais.
Eleuzina Plaisant faleceu em maio de 1944, após 44 anos de carreira no magistério, durante os quais moldou o futuro de muitas gerações.
Hamilton Ferreira Sampaio Junior
TRAMUJAS, Joaquim. Vivencias. Paranaguá: Própria, 1985. 419 p. v. 1.