Escola José de Carvalho, Loja Maçônica Fraternidade Paranaense e o Museu Paranaense

hamilton |06 agosto, 2019

Blog | Rastro Ancestral

Para entender a implantação e desenvolvimento da Escola José de Carvalho, começamos esta história pontualmente pelo Museu Paranaense que foi idealizado por Agostinho Ermelino de Leão e José Cândido da Silva Murici, o Museu Paranaense foi inaugurado no dia 25 de setembro de 1876, nas antigas dependências do Mercado Municipal no Largo da Fonte, hoje conhecido como Praça Zacarias números 11 e 12 , em Curitiba.

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Inicialmente com um acervo de 600 peças, entre objetos, artefatos indígenas, moedas, pedras, insetos, pássaros e borboletas era, até então, o primeiro no Paraná e o terceiro no Brasil.

Em 1882, o museu de propriedade particular transformou-se em órgão oficial de governo. A partir daí passou a receber contínuas doações e começou a se transformar em um centro de instrução e pesquisa, não mais um simples depósito, propiciando a vinda de “Missões Científicas” para o Paraná.

Desde a sua inauguração o Museu Paranaense ocupou seis sedes, até fixar-se na atual, o Palácio São Francisco.

E teve à frente grandes nomes da sociedade paranaense, entre eles Agostinho Ermelino de Leão, Romário Martins e Loureiro Fernandes. Atualmente o Museu Paranaense é dirigido pelo historiador Renato Carneiro.

Em 1900 o Museu teve sua primeira mudança de endereço.

Na rara foto de 1882, aspecto da fachada do singelo predinho em linhas simples, com suas janelas em estilo neogótico e abóbadas em forma de pétalas, em meia flor.

1899

A Escola José de Carvalho, Loja Maçônica Fraternidade Paranaense e o Museu Paranaense qual a relação entre elas, foram perguntas que nos levariam às respostas que se seguem.

Desenho feito por um aluno da Escola José Carvalho e publicado no “Jerusalem”, de 10 de janeiro de 1901, na primeira página. E ao lado o patrono da Escola, “José Carvalho de Oliveira”. (Imagens Museu Maçônico Paranaense área Publica).

A  Loja Fraternidade Paranaense enviou uma proposta ao Governo para comprar o prédio,  aonde funcionava o Museu Paranaense e foi a proposta que mais vantagens oferecia, entretanto, foi anulado o processo pelo Governo.
Como foi aberta nova concorrência, aguardamos seu resultado, para depois dizermos o que a tal respeito se nos oferecer.”

(Jerusalém de 15 de Junho de 1899 pag. 7)
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Períodico Jerusalém pag 08 _ano 2  numero 24   de 15 de Agosto de 1899.

“Revestiu-se de extraordinária solenidade a festa realizada, no dia 7, pela Maçonaria desta Capital, para comemorar a inauguração não só do seu novo templo, estabelecido no magnifico edifício onde foi outrora instalado o Museu Paranaense, á praça Zacarias, como também da escola noturna gratuita, que ali vai funcionar, mantida pela Benemérita da Ordem.
Este prédio foi ultimamente adquirido do Estado, por compra, pela respeitável Loja Fraternidade Paranaense, cujo Venerável nosso distinto amigo e Ir∴ Sr. José Carvalho de Oliveira, de acordo pleno com os Irmãos do quadro, ali mentou sempre o pensamento nobilíssimo de se abrir, um dia, para as crianças pobres e a todos aqueles que não pudessem, senão a noite se dedicar ao cultivo da inteligencia, as portas largas de uma escola sustentada pelos Franco-Maçons da capital do Estado.
Foram, enfim, satisfeitos os seus desejos: desde ontem começou a funcionar a escola, sob a direção do professor Alfredo Alves.
Posto que estivesse marcado para as duas horas da tarde o inicio dos festejos, desde cedo começaram a afluir os convidados e inúmeros visitantes.
Aquela hora, repleto de Exmas. Sras. e senhoritas o salão da escola, que é, justamente, denominada José Carvalho, foi aberta a sessão de instalação pelo Sr. Dr. Alderico Bastos, ilustre Diretor Geral da Instrução Pública, tendo assento, á esquerda, o Venerável; Sr. Marechal Cardoso Junior; o Secretario da Loja Fraternidade, e outros dignatários da Ordem; e á direita o eminente tribuno Dr. Emiliano Pernetta, Orador oficial, e os representantes da “Gazeta do Povo”, do “Diário da Tarde” e do Períodico “A Republica”.
Tendo a palavra, o ilustre paranaense, cuja soberba e pujante intelectualidade é bem conhecida, já, nesta terra e por toda parte onde o seu espirito brilhante tem se irradiado, produziu uma dessas orações belíssimas a que estão já habituados os que tem a felicidade de ouvi-lo, dissertando sobre a data nacional de 7 de Setembro, exaltando os inestimáveis benefícios que á humanidade tem, em todos os seculos, prestado a Maçonaria, e demonstrando, á luz dos fatos, os males irremediáveis que do pernicioso ensino dos padres romanos adveem para toda a sociedade humana que quer progredir e elevar-se.
Uma prolongada e entusiastica salva de palmas abafou as ultimas palavras de Emiliano Pernetta, o simpático e valoroso paladino de todas as causas santas.
Seguiu-se com a palavra o Sr. desembargador Barros Junior, Presidente do Superior Tribunal de Justiça do Estado, que referiu-se eloquentemente ao duplo fato da inauguração do nosso Templo e da escola maçônica. Terminou a significativa festa ás 3 horas da tarde, sendo servida uma mesa de doces aos convidados e demais pessoas presentes.
Ás 7 horas da noite realizou-se a sessão magna de posse do Templo, e de adoção de lowtons.
Apesar do mau tempo, áquela hora já os salões estavam repletos de senhoras e cavalheiros, representando todas as classes dignas da nossa sociedade.
Receberam a adoção macônica duas interessantes meninas e um menino, sendo padrinhos os irmãos Ernesto Laynes e Abel de Hamvultando. (Nesta época se adotava meninas, nas adoções de Lowton
Durante a arrebatadora cerimonia a orquestra executou o hino maçonico, seguindo-se outras peças musicais escolhidas.
Á meia noite teve fim a brilhante festividade, servindo-se doces e licores, e sendo distribuidos cartuchos de amendoas e confeitos ás crianças.
Fizeram-se representar todas as Lojas Maçonicas do Estado.
Sabemos que o resultado da colecta do tronco de beneficiencia foi destinado ao socorro das vitimas de varíola de Paranaguá por intermédio da Loja Perseverança daquela cidade.
Felicitamos a Aug∴ e Resp∴ Loja Fraternidade Paranaense pelo seu engrandecimento, e tambem pelo grande passo que acaba de avançar em beneficio da infancia desvalida desta capital.”

(Jerusalem, Ano II, nº 26, do dia 15 de Setembro de 1899.) e (A Republica, Ano XIV, nº 203 de 10 de Setembro de 1899.)

Obs.: 1 – Margarida de 10 anos, e Esther de 9 anos, ambas filhas do irmão Joaquim Mariano de Ferreira Junior.
2 – Carmello, de 7 anos, filho do irmão Marcos Agapitho.

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Jornal a Republica n 203 de  10 set de 1899.

inauguração da ESCOLA JOSÉ CARVALHO,  solenidade esta que contou com a presença do então Secr∴ de Educação, Dr Alberico Bastos, e os representantes de 9 Lojas do Estado.A escola José de Carvalho iniciou suas atividades nem 7 de Setembro de 1899, a sua primeira turma teve como alunos matriculados:

Dario Vidal, Jorge Gordiano, João da Costa, José Alves Menezes Raposo, João José da Costa, Guilherme Lindemann, Sebastião Tavares do Nascimento, José Rodrigues dos Santos,  José Hauser, Pedro Joaquim P. de Souza, Marcilio de Souza Barros, Feliciano Correia Freitas, Eloy Alves do Rosário, Dinistano Flávio Martins, José Manoel Cardoso Junior, Minervino Tavares do Nascimento, Pedro da Cunha Alcantara, Gregório Azevedo, Elpídio Queiroz, Silvério José Rodrigues, Saturnino Soffiati, José Mariano da Silva, Ludgerio Correia Pinto, Porfirio Moreno Neves, Alberto Augusto Martins, Homistar Guimarães, Victor Marques Santos, Francisco Leal Nunes, Mario Toscano Caron, Olyntho Alves Guimarães, Francisco Alves Gyimarães.

Segundo informações coletadas as aulas se iniciavam às 19:00 e terminavam às 21:00 e se matriculavam com idade de 08 a 17 anos de idade.

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Jornal a República num. 209 , 17 de Set de 1899.

Houve no decorrer desta pesquisa uma certa confusão, haja visto que havia outra Escola Carvalho que se situava inclusive bem próximo à Escola José de Carvalho, esta (outra) Escola Carvalho se situava na Rua Aquidaban, podemos ainda afirmar que a Escola José de Carvalho funcionou no Largo da Fonte hoje Praça Zacarias, por mais de 40 anos de forma gratuita, beneficiando em muito a população de Curitiba.

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Períodico Jerusalém pág 08 ano 2 número 24 em 15 de Agosto de 1899 COMPLETO.

 

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Desenho feito por um aluno da Escola José Carvalho e publicado no “Jerusalem”, de 10 de janeiro de 1901, na primeira página

Acima vemos o cliché do prédio da Ben∴ Loj∴ Maç∴ Fraternidade Paranaense, este prédio de propriedade de nossa Ben∴ Loj∴  foi adquirido já a alguns anos por meio de um empréstimo  levantado entre seus membros e por eles aceito com grande soma de entusiasmo.

Num grande salão a esquerda (no templo) funciona a Escola José de Carvalho esta que é mantida pela Augusta Oficina.

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Na escola José de Carvalho, confiada a reconhecida competência de nosso Ir∴ Alfredo Silva,  se prepara o espirito da infância para os brilhantes prélios do futuro, pelo bem e pela verdade sem prender eles em cadeias de determinadas seitas religiosas.

                                                            Jornal Jerusalém 1900.
fraterniGravura https://books.google.com.br/books?id=-yZ6DwAAQBAJ&pg=PA35&lpg=PA35&dq=escola+carvalho+e+loja+fraternidade+paranaense&source=bl&ots=MIw-eQzyZq&sig=ACfU3U1-qbSda1qTi_TWa7NwSTkxgkrn1A&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKEwj9s6vRw-7jAhWLK7kGHSwrDdAQ6AEwBHoECBMQAQ#v=onepage&q&f=false
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A escola recebeu a visita do ilustre Ir∴ Sebastião Paraná da Loja Perseverança, sendo que o mesmo era Inspetor Escolar.

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Jornal Jerusalém pág 03 ano IV numero 87  .Data 21 de Novembro de 1901.
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Jornal Jerusalém pág. 04 ano IV numero 48 10 de Janeiro de 1901.

 

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Jornal a Noticia de 1906.
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A Escola José de Carvalho esteve funcionando por mais ou menos 40 anos sob a tutela  da Loja Maçônica Fraternidade Paranaense, não podemos informar exatamente quando ela deixou de servir a comunidade, é bem provável que tenha sido quando houve a demolição do edifício para a construção do atual edifício Acácia.

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