Iria Correia nasceu em 20 de outubro de 1839, na cidade de Paranaguá, filha do tenente-coronel Joaquim Cândido Correia e de Dona Damiana Correia.
Foi em seu lar que iniciou a aprendizagem das primeiras letras.
Posteriormente, ingressou no colégio da renomada pintora Jessica James, onde, com notável aproveitamento, concluiu os cursos de piano, desenho, línguas, aritmética, geografia, história e pintura. Mesmo após a conclusão dessas disciplinas, continuou a frequentar a instituição a fim de aperfeiçoar-se, especialmente na pintura, área que despertou seu maior interesse.
Inicialmente, dedicou-se ao desenho natural.
Contudo, movida pelo desejo de dominar os mistérios da arte de Rembrandt, passou a se especializar na técnica da miniatura.
Em seguida, focou sua atenção na pintura de retratos a óleo, utilizando modelos vivos como referência. Foi nesse ramo da arte pictórica que Dona Iria descobriu sua verdadeira vocação.
Seu manejo das cores era de uma qualidade excepcional. Entre suas obras, destacam-se os retratos a óleo de diversos familiares do Visconde de Nácar, bem como de seus próprios pais. Além disso, reduziu as proporções de imagens de santos, às quais conferiu expressividade e delicadeza inigualáveis.
Iria também desempenhou o ofício de professora de pintura e desenho.
No contexto de sua época, era considerada a mulher mais instruída do Paraná e a primeira pintora paranaense de destaque, sob a ótica cronológica.
O falecimento de seu pai, com quem mantinha uma profunda ligação afetiva, abalou gravemente sua saúde.
Ela é lembrada como a única mulher paranaense e, talvez, brasileira que dedicou sua vida exclusivamente à pintura, enriquecendo essa forma de arte com seu talento singular. Dona de um espírito generoso e extremamente devotado, optou por não se casar, pois compreendia que, ao fazê-lo, sua família sentiria sua ausência. Destemida e determinada, sustentou seus entes queridos com o fruto de seu trabalho artístico, algo incomum para a época, já que era raro que alguém possuísse quadros pintados a óleo.
Estátua do Anjo São Miguel
De madeira, obra de talha do Século XVIII, que pertenceu à familia de Iria Correia.
Atualmente integra a exposição intinerante da artista Iria Correia, organizada pelo Museu Paranaense. Brevemente retornará para o Gabinete de Curiosidades, ao acervo do Instituto Histórico e Geográfico de Paranagua
Naquele período, a educação do povo paranaense ainda se encontrava em um estágio incipiente.
Iria Correia faleceu em 14 de março de 1887, na cidade de Paranaguá.
Imagem: Ihgp, sem data.
(A imagem de Iria Correia doada pelo professor Manoel Viana, luta para resistir ao tempo).
Uma Rua em Paranaguá leva seu nome.
Hamilton Ferreira Sampaio Junior
Referências:
NICOLAS, Maria. A Alma das Ruas de Paranaguá. 4. ed. Paranaguá: [s. n.], 1964. v. 5.