Joaquim Guilherme da Silva (O Pontual)

hamilton |29 janeiro, 2022

Blog | Rastro Ancestral

Joaquim Guilherme da Silva, nasceu em Paranaguá no ano de 1848, filho de Joaquim Guilherme da Silva e Felisberta da Costa, foi casado com Cândida de Castro e Silva e, teve com ela três filhos Thereza de Castro e Silva e Raul Castro e Silva e, Telemaco Silva.

Ainda moço, devido a sua rija têmpera tomou a si os ideais republicanos, professando e discutindo desassombradamente nos quatro cantos da cidade.

Devido ao seu caráter sempre gozou de excelente conceito social e político. Após pequenos empregos no comércio local, foi nomeado tesoureiro da Alfândega de Paranaguá, cargo que exerceu até a sua morte.

No ano de 1870 juntamente com personalidades de Paranaguá assinou o “Manifesto Republicano”.


ENTRE O COMPASSO E O ESQUADRO: Gênese das Lojas Maçônicas no Paraná entre 1830 e 1930.

“A propaganda cresceu, avolumou-se. Foi, então, que sob o influxo do ideal republicano, reuniram-se, no dia 21 de agosto de 1887, no pavimento superior do sobrado (hoje n.o 3 7 ) da então rua do Imperador, atual 15 de novembro, os cidadãos: Fernando Machado Simas, Nestor Vítor dos Santos, Guilherme José Leite, Júlio César Fagundes Peixoto, José Ferreira de Campos, Benedito Antônio Guilherme, Francisco José de Sousa, José Gonçalves Lobo,  Teobaldo Dacheux, Cesalpino Luís Pereira, Germano Augusto Pirath, Manoel  Figueira Neto, Manoel Lucas Evangelista, Luis Mariano de Oliveira, Geraldo Devisé e Joaquim Guilherme da Silva, e fundaram o Clube Republicano para difusão do novo regime da Igualdade e Fraternidade.

Presidente do Clube Republicano de 1889 até 1890 e de 1890 à 1891.

Joaquim era primo de Julia Maria da Costa Pereira e, em 30 de agosto de 1895 recebeu uma carta da mesma informando haver terminado o inventário e nada estar devendo.

A 10 de setembro de 1889, escrevia ela ao primo, Joaquim Guilherme da Silva:

\”(. . . ) Dizes que nos papéis de nosso tio  tens achado versos meus. Não te crimino por apanhares as pétalas dessas flores mortas; mas não alimentes a esperança de possuir mais versos novos. Minha lira emudeceu para sempre. Eu mesma amortalhei-a e fechei-a dentro de um túmulo, cuja chave guardo comigo\”.

Era muito conhecido e respeitado, na velha Paranaguá, um cidadão alto e corpulento, já na casa dos cinquenta anos, quando eu o conheci, que exercia o cargo de Tesoureiro da Alfândega, e se chamava Joaquim Guilherme da Silva, mais conhecido por Coronel Joaquim Guilherme . ,  Era pai de Telêmaco Silva, esse \”jovem\” que, ainda hoje, nos faz inveja cem seus cabelos pretos; de Raul Silva, o \”moço loiro\”, que tanto me impressionou na meninice por sua beleza varonil, e sogro do dr. Francisco Acioli Rodrigues da Costa, Inspetor Escolar que, em 1904, presidiu a banca examinadora de que faziam parte Júlio Teodorico e Hercílio Guimarães, e que, no colégio particular de dona Ludovica Bório, com tanta benevolência, aprovou com distinção o neto da Professora, nos exames do curso primário. Era, ainda, o coronel Joaquim Guilherme, avô dos meus amigos Newton de Sousa e Silva, Oton Acioli, Nuno de Sousa e Silva e Francisco Acioli Filho, todos legítimos representantes da cultura de nossa terra. 

O velho Joaquim Guilherme tinha, entre outras, naturalmente, uma bela qualidade: era pontualíssimo. E foi essa pontualidade que me impressionou, e até hoje me serve de exemplo. Sempre me esforcei por ser pontual. Se tenho falhado, não é por falta de vontade. O coronel Joaquim Guilherme residia numa velha casa, esquina da rua Direita e praça fronteira ao Clube Literário, e trabalhava no velho casarão dos jesuítas, à rua 15 de novembro. Não sei bem a que horas entrava no serviço, mas lembro-me que, durante muitíssimos anos, quando zeloso funcionário federal, passava em frente à Papelaria de meu avô, à rua 1, esquina da então rua Conselheiro Barradas, eram exatamente 11 ou 12 horas. Podia-se acertar o relógio. O coronel Joaquim possuía, pelo menos, dois amigos e vizinhos com quem palestrava todas as noites na ponta da calçada: Lúcio Paciência, relojoeiro, e Antônio Triste, marceneiro.

Nessa época, o preto Cesário, o \”intelectual\”, aos sábados, à noite, em sua casa, à Praça Fernando Amaro, vendia café e bolinhos de gordura. Eu esperava a semana inteira, com \”o máximo interesse, que meu pai terminasse o serviço na barbearia para, juntos irmos saborear o tão esperado café com bolinhos. Mas. oh! massada!, eu que costumava dormir cedo, aos sábados tinha de esperar, se quisesse participar daquela tardia refeição.

Havia um freguês que papai muito considerava, só se servia com êle, e era sempre o último a ser servido: o Coronel Joaquim Guilherme.  Quando soavam as onze horas- a roda se desfazia. Lúcio Paciência e Antônio Triste recolhiam-se ao penates. O coronel, recolhidas as cadeiras, tomava um bengalão e saía em direção ao \”barbeiro\”. Quando entrava no salão, havia sempre duas pessoas, pelo menos, a esperá-lo.

Um, era meu pai; outro, eu, que sonolento e aborrecido, ao vê-lo, exclamava baixinho: \”Aí vem o relógio\”! E se podia olhar no mostrador, que, infalivelmente, marcava onze horas e dez minutos.

Foi nomeado para coletoria de Paranaguá em abril de 1890.

Era acionista da Empresa Predial Paranaguense no ano de 1893.

No ano de 1907 era do conselho fiscal da “Sociedade do Amparo das Famílias”.

Em 1911 era Tesoureiro da Alfandega de Paranaguá.

Na Revolução Federalista

O Sr. Joaquim Guilherme da Silva, cidadão conceituadíssimo na Cidade, era, nesse ano de 1894, Tesoureiro da Alfândega de PARANAGUÁ. O \”homem dos dinheiros do País\”; portanto, de inteira confiança do Tesouro Nacional. Rompe a Revolução Federalista. O Governo se vê às voltas com o Almirante Custódio José de Melo, no levante da Esquadra em 1893, no Rio de Janeiro. Em a noite de 10 de janeiro, o Tesoureiro, esperando, como todos, a chegada das forças revolucionárias e temendo um assalto à Alfândega (Essa Repartição Federal da Fazenda funcionava no velho Convento dos Jesuítas) vai até lá e retira do \”cofre\” todo o dinheiro depositado; deixando apenas algumas \”patacas\” (moedas de cobre). Teve porém o cuidado de deixar consignado, no livro competente, o envio dessa quantia ao Tesouro Nacional, no Rio de

Janeiro. Chegando em casa, pega a panela de barro (de fazer barreado) e deposita nela todo o dinheiro retirado do \”cofre\” da Tesouraria. Tapa muito bem e enterra num dos canteiros do jardim de sua residência. E note-se; tudo feito à noite, a fim de evitar suspeitas.

Já então despreocupado, trata de descansar; aguardando os acontecimentos do dia seguinte. Pela manhã, soube da revolta da artilharia local, nessa madrugada. Depois, a repressão pelas forças legais, e por fim, a prisão de 110 suspeitos; entre eles, 35 declaradamente oposicionistas. Ficando estes últimos, incomunicáveis. Na madrugada de 15 para 16 de janeiro de 1894, os revolucionários tomam PARANAGUÁ. No dia 16, o Sr. JOAQUIM GUILHERME DA SILVA recebe em sua casa a visita do comandante dos Federalistas, pedindo que o levasse até a Tesouraria, para lhe entregar todo o dinheiro que houvesse no \”cofre\”. Excusado é dizer que o Tesoureiro, lá chegado, desculpou-se, dizendo já tê-lo enviado, dias antes, ao Rio de Janeiro. Nem por isso sua casa deixou de ser revistada, como era de se esperar; mas nada foi encontrado. Passados 3 meses e 7 dias, as Forças do Marechal Floriano Peixoto retomam a nossa PARANAGUÁ. O Sr. JOAQUIM GUILHERME recebe outra visita: a do novo comandante das Forças da Legalidade. Este, pede também para acompanhá-lo até a Alfândega, a fim de lhe ser entregue todo o dinheiro que deve estar no \”cofre\” da Tesouraria.  O Sr. JOAQUIM GUILHERME, então, conta primeiro, o \”caso\”, com todos os seus pormenores, ao comandante e demais oficiais presentes, que o ouvem admirados da feliz idéia que teve. Depois, vai com eles ao jardim e, com toda a calma, desenterra a célebre \”panela\” (não com barreado), mas… com cédulas e moedas de ouro e de prata. Por fim, retira o conteúdo e entrega-o ao representante da Lei.

Este episódio, com seu lado interessante, tem seu ponto de vista

psicológico, mostrando o caráter da criatura cônscia de sua responsabilidade! . . . Assim eram os homens do passado, em nossa terra…

Faleceu em 14 de dezembro de 1914 com 66 anos de idade em Curitiba por complicações advindas da diabetes.

Hamilton Ferreira Sampaio Junior∴

Referências:

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SAMPAIO, Hamilton. ENTRE O COMPASSO E O ESQUADRO: Gênese das Lojas Maçônicas no Paraná entre 1830 e 1930. In: ENTRE O COMPASSO E O ESQUADRO: Gênese das Lojas Maçônicas no Paraná entre 1830 e 1930. 1. ed. Curitiba: Novagrafica, 2019. v. 1, cap. 1, p. 2. FILHO,

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