Joaquim Soares Gomes nasceu em 1833, Português de nascimento, mas brasileiro e paranaense de coração.
Casado com Josephina Pereira Alves Soares Gomes não teve filhos.
Voltamos nossos Olhos agora para “O Itiberê” e perlustamos os números 1 a 130, publicados de 5 de Março de 1882 a 14 de Setembro de 1884.
“Joaquim Soares Gomes alma de anjo em corpo de urso humanizado, visão de águia em forma de toupeira” (Foi de sua pena adestrada que brotou o artigo de apresentação do “Itiberê” (Jornal) e onde se lê trechos como estes:
“Mais um jornal que começa hoje a correr mundo, aventurando a sua correria em terreno acidentado e pouco fecundo ao cultivo destas prodigiosas árvores da civilização. Se conseguir medrar, alguma sombra benéfica projetará de sua copa a má sina que persegue nesta cidade as publicações do Genero”.
Genealogia Paranaese Vol 5 pág 141.
Em 1860 já era um dos provedores na Irmandade da Santa Casa o qual tinha o cargo de “Escrivão”
Já se notava seu grande dom da Oratória, dito por muitos como um dos maiores oradores de seu tempo.
Pelas múltiplas referências a ele na imprensa paranaense, notamos que teve uma atuação bastante relevante na comunidade de Paranaguá, à qual, aparentemente, esse português se integrou muito bem.
Foi um importante homem de negócios, especialmente na área do comércio exterior.
Sua importância para o desenvolvimento da cidade foi fundamental inclusive sendo consultado em 1882 pelo presidente da Província sobre valores aplicáveis nas tarifas aduaneiras, juntamente com o Visconde de Nácar, Ildefonso Pereira Correia (Barão do Serro Azul), Francisco F. Fontana, Comendador Araújo e outras 6 pessoas).
Elite política e empresarial da época
Exerceu o jornalismo, tendo redigido “Echo Litterario” e “O Ityberê”, publicações do tradicional Club Literário de Paranaguá, do qual foi também presidente em 1880-1881.
O “Echo Litterario”, conforme informa uma edição de 1875, era uma publicação hebdomadária, com uma Comissão de redação integrada por Joaquim, Soares Gomes, Dr. Leocádio José Correa e Francisco J. Machado da Silva.
Quanto à outra publicação mencionada, segundo uma edição de “O Paranaense”, de janeiro de 1882, o Club Literário de Paranaguá imprimiria uma folha hebdomadária (“humorística, literária, comercial e noticiosa”) intitulada “O Ityberê”, que seria redigida por Joaquim Soares, Dr. Leocádio Correia, Leocádio Pereira, Fernando Simas, Manuel Souza e outros.
Joaquim também colaborou para “O Século”, surgido em 1891 e dirigido pelo seu concunhado dr. João Evangelista Espíndola.
Durante trinta e cinco anos Joaquim foi o representante consular de Portugal em Paranaguá, além de também ser o agente consular da Inglaterra e França nessa importante cidade portuária do Paraná (representou ainda outros países, em certos períodos).
Ele subscreveu, em 1859, com outras 12 pessoas, o Compromisso da Irmandade do SS. Sacramento de Paranaguá.
O Maçom
Pertenceu à loja maçônica “Perseverança”, da qual foi um dos fundadores, em 1864, integrando a sua primeira diretoria.
Foi Arthesata do Capitulo da Perseverança.
Boletim do Grande Oriente do Brasil Jornal Official da Maçonaria Brasileira, Publicação Mensal RJ- 1871 a 1899.
A loja empregou seus fundos na libertação de escravos. Em 1876, o “Dezenove de Dezembro” menciona Joaquim como o delegado, na província do Paraná, do Grande Oriente Unido, cujo chefe nacional é o conselheiro Joaquim Saldanha Marinho.
Aliás, o mesmo jornal, no ano anterior, sob o título “Festa maçônica em Paranaguá”, informou o desembarque de Saldanha Marinho na cidade, de passagem para o Rio Grande do Sul, participando de um almoço que aí lhe foi oferecido, ocasião em que Joaquim ergueu o primeiro brinde.
Em 1876 fez parte da Comissão para a criação da “Sociedade Theatral Thalia Paranaguense”, juntamente com Manoel Antonio Guimarães Presciliano da Silva Correa e outros.
Foi também sócio honorário do Clube Republicano de Paranaguá, aonde era um dos melhores oradores, clube este fundado em 1887 segundo Francisco Negrão (“Genealogia Paranaense”, v. 6, p. 247).
Esteve presente no baile oferecido a D. Pedro II, em 19 de maio de 1880, quando da visita do Imperador ao Paraná, conforme a “História de Paranaguá” citada na nota , p. 323).
Joaquim foi também presidente da Sociedade Portuguesa de Beneficência, de Santos, no período 1901- 1904 (fonte: site Wikipédia).
Ainda em 1875 participou de uma sociedade destinada a introduzir e estabelecer aqui 4000 colonos europeus.
Defendeu que o ponto de partida da linha férrea a ser construída desse preferência ao porto D.Pedro II de Paranaguá e reivindicou, juntamente com outros representantes do comércio e indústria do Paraná, a construção de um cais nesse mesmo porto.
Casou em 1871 com D. Josephina Pereira Alves Soares Gomes (1844-1917), filha de Antônio José Pereira, irmão do último capitão-mor (e primeiro prefeito) de Paranaguá Manoel Antônio Pereira.
O casal não teve filhos.
Alberico Figueira refere-se em artigo ao “cônsul inglês em Paranaguá, o jornalista e poliglota Joaquim Soares Gomes”.
Em outro artigo (de 1938), afirma que ele “foi uma das mais expressivas mentalidades daquela época” Sobre ele, “O Itiberê” (agora uma revista, e não jornal) numa edição de 1968, afirmou na legenda à foto de um desenho que reproduz “O Solar do Capitão-Mor”: “Aqui Joaquim Soares Gomes, português ilustre, expatriado como Miguelista, reunia a intelectualidade paranaense de sua época. Correia Defreitas, Leôncio Correia, José Henrique, João Régis e Nestor Victor foram ancilas suas, ele, Tio Soares, o fulgurante Sol”.
Essa menção à sua condição de “miguelista”, partidário de D. Miguel, adversário de D.Pedro IV em Portugal (o nosso D.Pedro I), sugere uma motivação política para a vinda de Joaquim (e seus irmãos) para o Brasil.
*Miguelista é, na historiografia portuguesa, um apoiante do chamado Miguelismo, nomeadamente os que lutaram pela legitimidade permanente do ex-infante D. Miguel de Bragança na linha de sucessão ao trono português e que vieram depois a fundar o Partido Legitimista e o Partido Realista que nele se integrou.
É uma possibilidade, considerando que eles não vieram para cá em situação econômica muito ruim, pois logo se dedicaram a um comércio de porte maior, que exigia mais capital, em vez de um pequeno comércio local de secos e molhados, por exemplo.
Nessa mesma edição de “O Itiberê”, num artigo de Anthero Regis sobre Nestor Victor, após referir-se à educação formal do escritor, consta o seguinte:
“O melhor, contudo, de sua formação cultural básica obteve no convívio que fez, constituindo o grupo de rapazes daquela época que frequentavam o escritório do português Joaquim Soares Gomes, grupo onde destacavam-se Correia Defreitas, Eliseio Pereira Alves, Leôncio Correia, João Régis Pereira da Costa e José Henrique Santa Rita”.
Alberico Figueira, em artigo publicado numa edição de 1939 de “O Dia”, lembra conferência de Vicente Machado no Club Republicano de Paranaguá em 13 de novembro de 1889 e faz este comentário interessante sobre Joaquim Soares Gomes:
“/…/ o hóspede dos republicanos, quando não se achava no hotel em que se hospedara, fazia ponto de palestra no escritório do ilustre jornalista português sr. Joaquim Soares Gomes, personalidade de destaque nos meios intelectuais /…/ O escritório do venerando Soares Gomes era evidentemente onde se reuniam todos os homens de cultura que passavam naquela época por Paranaguá. Ali discutia-se com elevação de espírito todas as questões sociais e políticas que agitavam o mundo e Soares Gomes, pela sua cultura, pelos seus conhecimentos práticos, sua palavra erudita disputava o maior interesse da roda que dele se acercava.”
Em 1891 Foi Candidato a Deputado conforme diário do Comércio informa
Participou com colunas informativas no Jornal “O Século’ de 1891 sob a direção do Doutor Evangelista Espindola
Faleceu em 19 de setembro de 1910.
Hamilton Ferreira Sampaio Junior .’.
Referencias:
Foto de Joaquim Soares Gomes cedida pelo amigo Moises Soares.
POMBO, Rocha. PARA A HISTORIA. In: PARA A HISTORIA. 1. ed. Curitiba: IMPRESSORA TYPOGRAFIA PARANAENSE, 1894. v. 1, cap. 1, p. 2.
SPOLADORE, Hércule. HISTÓRIA DA MAÇONARIA PARANAENSE NO SÉCULO XIX: HISTÓRIA DA MAÇONARIA PARANAENSE NO SÉCULO XIX. In: HISTÓRIA DA MAÇONARIA PARANAENSE NO SÉCULO XIX: HISTÓRIA DA MAÇONARIA PARANAENSE NO SÉCULO XIX. 1. ed. LONDRINA: Ruahgraf Gráfica e Editora Ltda, 2007. v. 1, cap. 1, p. 2. ISBN 8590725804, 978859072580.
REVISTA PANORAMA. nº 44, p. 50, 51, 25, jan.1956.
NICOLAS, Maria.Vultos paranaenses. 1958. v. 3.
LEÃO, Ermelino Agostinho de. Dicionário Histórico e Geográfico do Paraná. v. 1.
BALÃO JUNIOR, Jaime. Impressões Literárias. 1938.
COSTA, Odah Regina Guimarães. Ação empresarial do Barão do Serro Azul. 1981.
SAMPAIO, Hamilton. ENTRE O COMPASSO E O ESQUADRO: Gênese das Lojas Maçônicas no Paraná entre 1830 e 1930.. In: ENTRE O COMPASSO E O ESQUADRO: Gênese das Lojas Maçônicas no Paraná entre 1830 e 1930.. 1. ed. Curitiba: Novagrafica, 2019. v. 1, cap. 1, p. 2.
Genealogia Paranaense
RIBEIRO FILHO ANIBAL “História do Clube Literário de Paranaguá”.
Biblioteca Nacional
O PARANAENSE. Curitiba, n. 16, p. 3, 14 abr. 1878. 36 NOGUEIRA, José Luiz de Almeida. A Academia de São Paulo: tradições e reminiscências. v. 8. São Paulo: Saraiva, 1977. p. 83. 37 Ibid. 59.
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