Coronel José Gonçalves Lobo, nasceu em Paranaguá, a 13 de agosto de 1866.
Filho de José Gonçalves Lobo e Anna Aurélia de Siqueira Pereira.
Ficou órfão de pai com 2 anos, sua mãe Anna Aurélia de Siqueira Pereira se casou novamente com Bernardino Pereira de Senna.
José Gonçalves Lobo casou com dona Narcinda Correia Lobo (Nascida Correia) ela natural de Morretes em, 6 de janeiro de 1890 na paroquia de Paranaguá, Narcinda era irmã do Dr Leôncio Correia, famoso personagem da história de Paranaguá.
Com ela José Gonçalves Lobo teve cinco filhos: José Lobo Jr., Leôncio, Jandira, Clotilde e Ari, interessante tragédia assolou esta família, todos os filhos faleceram prematuramente, José Gonçalves Lobo Junior, foi 2 escriturário da Alfândega de Paranaguá, faleceu em 1922 em plena mocidade, não deixou filhos, Leoncio Faleceu criança ainda, Jandyra faleceu criança ainda, Clotilde também faleceu criança, Ary faleceu prematuramente com 18 anos. Devido a isto o casal não deixou herdeiros
José Gonçalves Lobo começou seus estudos primários em 1876, terminando os em 1880, na escola regida pelo inesquecível educador José Cleto da Silva, ativo abolicionista que teria influenciado na sua formação intelectual e, que foi comparado a Abílio César Borges, pelo Barão de Macaúbas, como a própria personificação do espírito do magistério, no Paraná, o qual podemos dizer que teve grande influência em sua formação.
Aos 14 anos iniciou sua carreira no comércio, até 1883, época em que principiou a trabalhar na Estrada de Ferro, ali se conservando até 1890, quando voltou de novo ao comércio até 1897.
Mais tarde foi nomeado despachante da Alfândega local.
Foi empregado da importante firma Mathias Bohn & Cia. Trabalhou, posteriormente, na conceituada firma Munhoz da Rocha & Cia. Dahi.
Após isto ingressou na política fazendo parte das fileiras opostas à situação, então dominante.
Membro fervoroso do Partido Republicano, trilhou em seus quadros toda sua carreira política.
Foi aqui elemento de destaque na época da coligação dos partidos em pugna no Estado, fazendo parte, nessa ocasião, do corpo redatorial da \”LUTA\”, primeiro jornal diário que apareceu em Paranaguá. Republicano histórico, além de fundador, fez parte da primeira Diretoria do Clube Republicano, fundado em 21 de agosto de 1887, mais tarde foi eleito presidente.
A \”República\” e o \”Clube Republicano\”
A semente primeira da \”Democracia\”, no Paraná, chantou-se em nossa Paranaguá; no fértil campo do jornal hebdomadário \”Operário da Liberdade\”, fundado em 1870.
Apesar de ser, esse semanário, um propagandista da abolição do cativeiro, suas colunas traziam artigos violentos contra o regime de uma Monarquia decadente aos olhos dos ávidos republicanos.
Paranaguaras ilustres, eivados de são patriotismo pelo ideal democrático, foram verdadeiros baluartes desse ansiado regime nas terras do Paraná.
Essa propaganda republicana continuou mais ferrenha com a fundação de outro jornal em Paranaguá \”O Livre Paraná\” que, ocorreu em 1883.
Foram seus dirigentes os republicanos, Fernando Machado Simas, João Eugênio Machado Lima e Guilherme José Leite.
Seu \”slogan\”, bastante forte, era:
\”POVO! TU PARECES PEQUENO PORQUE ESTÁS DE JOELHOS! LEVANTA-TE !!!\”.
As perseguições não se fizeram esperar… Mas os republicanos paranaguaras, sempre idealistas, não esmoreceram no principal objetivo. Atacar com energia o já então arcaico sistema imperial. E o faziam, com seus veementes artigos doutrinários, através das colunas do brilhante jornal da terra, \”O Livre Paraná\”.
Colaboraram ainda, nessa época, os entusiastas republicanos
Joaquim Soares Gomes, Albino José da Silva e Nestor Vitor dos Santos que manteve seus ataques jornalísticos, que eram. Pode-se dizer, verdadeiras catilinárias!*1.
Entra o ano de 1887 e, com ele, a propaganda abolicionista e republicana, cada vez mais acentuada. Tanto que, aos 21 de agosto desse ano de 1887, um grupo de \”maçons\” da Loja Maçônica \”PERSEVERANÇA\” de Paranaguá, reuniram-se no pavimento superior do sobrado n. 37 da então rua do Imperador (hoje rua 15 de novembro) para fundar o \”Clube Republicano\”, de natureza profana, com o fim preconcebido de aliciar aos propósitos da \”Ordem\”, os elementos que iriam agir de perto no espírito do povo (a \”massa\” sempre pesou na balança).
A tradicional \”ATA\” da instalação do velho Clube é, em simultâneo, um manifesto republicano e maçônico! E por quê?
Por que foi firmado unicamente por membros dessa admirável \”LOJA\”.
Justifica plenamente esta assertiva, a \”ATA\” de fundação, quando diz:
\”Presentes os cidadãos abaixo-assinados, declaram aderir francamente ao \”manifesto\” de 3 de dezembro de 1870 e desligar-se completamente de qualquer compromisso que até hoje tenham mantido com Partidos Monárquicos Constitucionais, fazendo esta declaração espontaneamente e debaixo de sua palavra de honra, e, para maior clareza, o secretário procedeu à leitura do \”manifesto\” de 3 de dezembro de 1870, para que todos os cidadãos presentes conhecessem perfeitamente as ideias de que, como na declaração acima se vê, tornavam-se aderentes. E achando-se de acordo, perfeitamente, com o que do \”manifesto\” consta, e resolvidos a cumprir aquilo a que com a declaração acima se obrigam, todos os presentes subscrevem-se:
Fernando Machado Simas, Nestor Vitor dos Santos, Guilherme José Leite, Julio César Fernandes Peixoto, José Ferreira de Campos, Benedito Antonio Guilherme, Francisco José de Souza, José Gonçalves Lobo, Teobaldo Dacheux, Cezalpino Luiz Pereira, Germano Augusto Pirath, Manoel Figueira Neto, Manoel Lucas Evangelista, Luiz Mariano de Oliveira, Geraldo Divise, Joaquim Guilherme da Silva.\”
O Clube Literário de Paranaguá, Loja Maçônica Perseverança e a Santa Casa de Misericórdia de Paranaguá.
José Gonçalves Lobo presidiu, diversas vezes, a benemérita. Loja Maçônica Perseverança de Paranaguá, assim como muitos serviços prestou á Santa Casa de Misericórdia, no exercício dos cargos de escrivão e provedor.
Esteve a frente do Congresso maçônico de 1914 quando da visita do Senador e Grão Mestre Geral da Ordem Dr Lauro Sodré.
Foi sócio benemérito do Clube Literário de Paranaguá.
Participou da Irmandade Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá.
AS FESTAS DA CIDADE
\”Clube Literário\” sempre compartilhou das grandes festividades da cidade, como parte integrante que é de sua vida, quer abrindo seus salões para promoções da Municipalidade, quer realizando imponentes festejos em regozijo a eventos de Paranaguá ou em homenagem a seus ilustres varões.
Todos os aniversários de Paranaguá que se revestiram de festiva comemoração tiveram, em várias, ocasiões, no \”Clube Literário\”, o local de preferência para as sessões cívicas, reuniões lítero musicais, bailes e recepções levados a efeito pelo poder público ou, pelo próprio clube.
Não podemos exatamente precisar desde quando se efetuavam essas festividades, mas já no longínquo ano de 1917, realizava-se no \”Clube Literário\” uma festa comemorativa do 269 aniversário da cidade, sob o patrocínio da (Prefeitura) através do Prefeito, Coronel José Gonçalves Lobo.
Essa brilhante noitada aconteceu no dia 29 de julho de 1917, tendo como convidado especial o destacado homem de letras, orador e poeta \”Leôncio Correia\”, Sócio Honorário do clube, que discorreu sobre a data histórica da fundação da Vila de N. Sra. do Rosário de Paranaguá.
Do Programa constou um apreciadíssimo recital de declamação de poesias de Leôncio Correia, a cargo dos alunos do Colégio de D. Ludovica Bório, além de números musicais executados por senhoritas da sociedade parnanguara.
Historia do clube literário de Paranaguá pág. 129.
O CURSO MERCANTIL
Na Presidência de João Guilherme Guimarães, instalava-se na sede social o Curso Mercantil, criado pelo Presidente da Província do Paraná Dr. Carlos Augusto de Carvalho, sob orientação, direção e responsabilidade do \”Clube Literário\”.
Tão importante foi esse cometimento, pelo elevado alcance social, que o Imperador D. Pedro II, endereçou ao \”Clube Literário\” mensagem de congratulações enaltecendo a promoção.
Melhor que qualquer comentário diz a ata lavrada na ocasião pelo então Secretário do clube e publicadas nas páginas do jornal da sociedade \”Itiberê\”, de 21 de julho de 1882. \”Ata da inauguração do Curso Mercantil criado pelo Presidente da Província sob a direção do Clube Literário\”.
\”Aos 15 dias do mês de julho de 1882, às 7 horas da noite em um dos salões do Clube Literário, presentes os Srs. Inspetor Paroquial Tenente Coronel Joaquim Antônio Pereira Alves; Presidente da Câmara Municipal Exmo. Sr. Visconde de Nacar; Juiz de Direito Dr. Cesário José de Chavantes; Juiz Municipal e Professor de inglês, história e geografia Dr. Joaquim Guedes Alcoforado; Promotor Público e Professor de Francês e Escrituração Mercantil, Capitão Manoel Carneiro dos Santos; Cônsul português, francês e inglês, Joaquim Soares Gomes; Cônsul do Uruguai e Vice Cônsul da Espanha, Capitão Manoel do Rosário Correia, toda a Diretoria do clube e os sócios abaixo-assinados, o Presidente, em discurso análogo ao ato, declara instaladas as aulas do Curso Mercantil\”.
\”Em seguida oraram o Inspetor Paroquial, o orador do clube Dr. Leocádio José Correia e o sócio Manoel Correia de Freitas. Para constar lavrou-se a presente ata que assinam as pessoas presentes: João Guilherme Guimarães, Presidente; Joaquim Antônio Pereira Alves, Inspetor Paroquial; Visconde de Nacar, Presidente da Câmara; Cesário José Chavantes, Joaquim Guedes Alcoforado, Dr. Leocádio José Correia, Agostinho Antônio Pereira Alves, José Leandro da Costa, Custódio Cardoso Neto, Manoel Carneiro dos Santos, José Ricardo Pereira Pitta, João Estevão da Silva, Virgílio José da Costa, Joaquim Cândido Correia, Afonso Correia, José Maurício da Mota, Antônio Francisco de Santa Rita, Francisco Euclides de Moura, Antônio Arzua dos Santos, João Ferreira Correia, Manoel Clarício de Oliveira, Joaquim Soares Gomes, Leôncio Correia, Antônio Carlos Carneiro, Manoel Lisboa, Esteban Androgué, Pedro de Paula Manco, Tibúrcio E. da Costa, Manoel Figueira Neto, Virgílio de Araújo Viana, Antônio Pinheiro Borges, Jorge Hasselmann, Manoel Martins Marinho, Bento Gonçalves da Costa, Antônio Tamáguine Castanho, Manoel Correia de Freitas, Nestor Vitor dos Santos, José Pinto dos Santos Ribeiro, João Régis Pereira da Costa, Joaquim Miro, Artur de Siqueira Pereira Alves, Antônio Pereira da Costa, Manoel Herdérico, Joaquim F Cordeiro, José Henrique de Santa Rita, José Gonçalves Lobo, Tiago Pereira de Azevedo, João Ferreira Arantes, Nicolau Maeder, Ricardo José da Costa, Manoel Francisco de Souza, Henrique Gomes Veiga, José Pereira de Azevedo, Manoel do Rosário Correia, Antônio Afonso Coelho, Manoel Rodrigues Viana, Bernardo Soares Gomes, Evaristo José Cárdenas, Joaquim Pinto de Almeida, Manoel Raimundo da Costa, Narciso Pereira de Azevedo, Manoel Pinto de Souza, Moisés Ribeiro de Andrade, Constante de Souza Pinto Secretário, Manoel Bonifácio Carneiro Secretário\”.
História do Clube Literário de Paranaguá pág. 43 e 44.
Revolução Federalista
Na Revolução Federalista esteve preso na cadeia de Paranaguá, fazia parte de um plano geral, um levante liderado pelo maçom Coronel Theófilo Soares Gomes, da Loja Perseverança, contra a guarnição local legalista comandada pelo Coronel Eugênio de Mello, No dia 13 de janeiro de 1894 que fora a data marcada para a esquadra chegar, mas isso não ocorreu. O coronel Eugênio de Mello venceu os revoltosos e os prendeu todos.
Entre eles os seguintes maçons: João Evangelista Espíndola, Luiz Victorino Picanço , Manoel Claricio de Oliveira, Alberico Figueira de Alcântara, Coronel Theófilo Soares Gomes, José Gonçalves Lobo, Mathias Bohn, Joaquim de Souza Rodrigues, Alcides Augusto Pereira, José Ferreira de Campos, Joaquim Candido de Oliveira, Generoso Broges de Macedo, José Gonçalves da Silva Bastos, todos membros da Loja Perseverança, além de outros cidadãos parnanguaras. Interessante o envolvimento do quadro de Irmãos daquela Loja no conflito.
A ordem inicial do General Pego Júnior, foi para fuzilar os, cabeças do levante, porém, segundo um telegrama do Ministro da Guerra, General Enéas Galvão, só poderiam ser fuzilados, após passarem por um tribunal Militar e serem julgados culpados, segundo as leis da Guerra. Esta regra militar só valeu no início da revolução.
Entre a oficialidade Legalista estava vários membros da Loja Perseverança, de Paranaguá, o Coronel Artur de Abreu, o Coronel João Guilherme Guimarães, major Randolfo Gomes da Veiga, Coronel Teodorico Júlio dos Santos o Capitão Thiago Perneta de Azevedo, além do tenente Júlio David Perneta, este pertencente a Loja Estrela de Antonina, onde foi Venerável e também pertenceu à Loja Modéstia de Morretes.
Com a Prisão dos Revoltosos houve festa dos legalistas. O comandante Coronel Eugênio de Melo desfilou pela cidade a frente de um contingente militar inclusive com uma banda de música, dando vivas a Floriano, Vicente Machado e a república. Após o Bombardeio e desembarque na cidade a resistência somente ficou na Cadeia Municipal, apenas mais um registro, um canhão foi postado sobre a ponte que existia em frente à Igreja do Rocio, para dificultar o desembarque das tropas invasoras em Paranaguá.
O capitão legalista Júlio Garcia, com 76 soldados, cercado por uma grande quantidade de Maragatos, após o ataque e desembarque dos Federalistas à cidade, decidiu resistir até o último homem. O Maçom Theofilo Soares Gomes, um dos presos, e líder dos revoltosos, dá sua palavra de honra que acaso se entregassem aos Maragatos seriam considerados seus hóspedes e seriam respeitados suas vidas, estes decidiram se entregar e nada lhes aconteceu.
José Gonçalves Lobo exerceu os seguintes cargos por sufrágio e nomeação.
Em 1890 escrivão da Coletoria Estadual, no governo do Dr. Generoso Marques dos Santos e, em 1897 foi designado agente do Correio desta cidade, foi eleito Camarista Municipal, no quatriênio de 1908 até 1912 e, reeleito no quatriênio de 1912 até 1916, sendo o mais votado, portanto, o substituto legal do Prefeito, ocupando como tal, varias vezes, a administração municipal.
Em 1913 por sua iniciativa funda-se o Jornal Diário do Comércio, que viria a ser um dos principais órgãos de imprensa em seu tempo.
Deputado ao Congresso legislativo do Estado, em duas legislaturas, 1918 e 1921, tendo sido.
Em uma delas, seu 2.° Vice Presidente.
Prefeito em 1916 até1920 e 1920 até1924.
Em 1919, esteve na fundação do Clube de Natação e Regatas\” Comandante Santa Ritta\”.
Finalmente, em 1921, por decreto de 9 de abril, o então Prefeito José Gonçalves Lobo mandou editar, pela primeira vez, o trabalho organizado sobre o passado de Paranaguá, escrito por Antônio Vieira dos Santos.
Veio assim à luz, no ano de 1922, centenário de nossa Independência, a \”Memória histórica da cidade de Paranaguá\”.
Em cujo ultimo quatriênio renunciou a tão elevadas funções para recolher-se espontaneamente ao convívio do lar.
Nessa mesma época deixou também a chefia política local.
Mais tarde foi nomeado Tabelião de Notas e, posteriormente, a insistência de amigos, reingressou na política, tendo sido eleito Camarista e vice-prefeito.
E a pouco, por deliberação dos seus pares, eleito Presidente do Legislativo Municipal.
Nos Conta Manoel Viana em Paranaguá História e tradição pág. 345, ainda sobre a criação do Instituto Histórico e Geográfico, e a inclusão do Cel. José Gonçalves Lobo em seu seleto quadro.
Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá.
\”MAGISTRA VITAE HISTORIA EST \”
A HISTORIA É A MESTRA DA VIDA
Imorredoura frase criada pelo talento de CÍCERO, serviu de \”tema\” à palestra de três idealistas que, animados em seus propósitos, esperavam vencer na empreitada que se propunham realizar. Chefiava o \”trio\” a figura ímpar de Vicente Nascimento Júnior, historiador de mérito incontestável, a quem nossa Paranaguá muito deve e jamais deixará de lhe tributar o preito de gratidão a que sempre fez jus.
Coadjuvado por Hugo Pereira Correia e Manoel Viana, resolveu Nascimento Junior criar uma Sociedade Cultural, tendo por base os estudos históricos e geográficos em ligação com o passado de nossa terra.
E o \”trio\” assim constituído, contando com o apoio de mais de uma dezena de companheiros e amigos, pensou e agiu.
Agindo, criou um \”Sodalício\” que recebeu o nome de\” Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá\” .
Isso aos 26 dias de setembro de 1931. Muitos anos já são passados, cheios de lutas e de percalços, mas vencidos com galhardia pelo muito que há feito.
Em sua \”primeira fase\”, que foi curta, não deixou de ter seu brilho, apesar da divergência de ideias políticas reinantes então, não só em nossa terra, como em todo o País, obrigando o Instituto a suspender, por algum tempo, as \”sessões\” que tão brilhantemente vinham sendo realizadas.
Além do \”trio\” Nascimento Junior, Hugo Pereira Corrêa e Manoel Viana, foram fundadores os confrades: Zenon Pereira Leite, Bernardino Pereira Neto , Ari Santos, Luiz Torres, João Salvador dos Santos, Genaro Regis, Severo Canziani e Dario Nogueira dos Santos. Foram recepcionados logo depois, o Dr. Vitor Lobo, sr. Belmiro Saldanha da Rocha, Cel. José Gonçalves Lobo, João Henrique Gostard, Carlos Neuffert e Eurípedes Branco.
Em 1932, entraram mais os confrades Alfredo Budant, Hilária Fernandes, Adelaide Cardoso Pinto, Amaria de Oliveira, Eduardo de Queiroz Bastos e o Dr. Antonio de Siqueira Gusso.
Dessa plêiade brilhante, 15 deles já deixaram, há muito, o rol dos vivos.
De sua \”Revista\”, apenas dois números chegaram a sair e com trabalhos de real valor.
1° número — de janeiro a março de 1932.
2° número — de abril a junho do mesmo ano; com farto documentário.
Bento de Oliveira após passamento do Cel. José Gonçalves Lobo nos deixa o seguinte testemunho.
\”A morte do Cel. José Gonçalves Lobo, veio dobrar uma das últimas páginas no imenso livro da tradição de Paranaguá. O passamento do grande parnaguense, vibrou de longe, e foi tão enormemente sentido, assim como se faz ouvir, em último alento, a voz de um batalhador que morre, após haver praticado todas as coisas boas em prol da terra aonde passou sua existência inteira.
Avistamo-nos ha muito pouco no Cemitério Municipal lá da Terra de Leôncio Correia. Contemplava o Cel. Juca, parece que pela última vez, o grande tumulo onde se encontram os restos mortais de todos os seus filhos. Supreendidos que fomos, tivemos desde logo a solicita atenção do Cel., que nos foi relatando a história triste do túmulo que mandara construir, reservando com carinho seu lugar o que nos indicava sorrindo: \”sou previdente, aqui teremos de chegar fatalmente\” e, depois de uma pausa nos acrescentava: \”lá na minha casa, já guardo a minha pedra tumular\”.
O Cel. Lobo, consumia quase todas as suas horas disponíveis em visita à aquele campo santo, pois ali estavam todos os seus entes mais queridos, todos aqueles que haviam constituído em tempos idos, os componentes daquele lar que todos procuravam, porque era ele o teto aonde a bondade fizera pouso permanente.
José Gonçalves Lobo morreu trabalhando por Paranaguá. Deputado Estadual. Prefeito e Camarista e, ainda ultimamente exercendo o cargo de Vereador daquele município, cargos em que, com perfeita superioridade de vistas e profundo conhecimento de todas as causas de Paranaguá, vinha defendendo os interesses municipais com verdadeiro devotamento e desinteresse.
Nas contingências de sua vida de homem publico, também não lhe faltaram as pedras aos inimigos que as improvisam, às quais como poucos o poderão fazer, o Cel. José Lobo respondeu altivamente, com aquela coragem cívica que o caracterizava, publicando a sua insofismável obra\” a minha defesa\”. Depois que veio a merecer no último quartel de sua existência, o conforto moral do povo de Paranaguá, quando nas últimas eleições municipais teve seu nome sufragado nas urnas, com uma contagem muito expressiva eleito, então Vereador à Câmara Municipal, onde a morte veio encontrar, deixou ali o Cel. Lobo um exemplo não só de abnegação e de renúncia, mas também de nobreza e de altivez.
O Cel. José Lobo era um dos últimos da Velha Guarda, um dos últimos componentes daquela Paranaguá de outrora, um dos últimos daquela geração nobre que escreveu as páginas mais brilhantes daquela terra que souber ter homens nascidos ali sob aquele sol que ainda nasce para refletir na sonhadora estrada velha do Rocio, os seus raios mais dourados e mais evocativos. Nasceu o cel. Lobo como nasceram todos os que engrandeceram aquela Paranaguá antiga, ouvindo o bater incessante das ondas do Atlântico nos rochedos da Cotinga: Nasceu sentindo o romance que se desprende das águas impassíveis do Itiberê: nasceu ali mesmo em Paranaguá. Viveu bateu-se por ela em todos os setores de suas atividades. Foi um dos vanguardeiros da propaganda republicana no Paraná, mas sempre se fazendo ouvir daquela tribuna acalorada e vibrante, respeitada e integrada dentro de si mesma pelos seus próprios homens, pelos seus próprios valores daquela tribuna que era Paranaguá.
Fecharam-se os olhos do Cel. José Gonçalves Lobo, em um dos quartos da Santa Casa de Misericórdia de Paranaguá, podemos dizer que seria uma casualidade do destino porque foi ele um dos baluartes de toda a vida daquela casa de caridade e, ele devotava todo seu entusiasmo, todas as suas atenções pugnando sempre para que o desamparado de sua terra, tivesse aonde encontrar um amparo às suas dores.
Incontestavelmente, Paranaguá com a morte do Cel. José Gonçalves Lobo perdeu, irreparavelmente um de seus grandes filhos\”.
Faleceu sem deixar descendência em 27 de fevereiro de 1937.
Jornal O dia edição 041652 página 44 por Bento de Oliveira Rocha.
Hamilton Ferreira Sampaio Júnior
Referências:
*1 As Catilinárias (em latim In Catilinam Orationes Quattuor) são uma série de quatro discursos célebres de Cícero, o cônsul romano Marco Túlio Cícero, pronunciados em 63 a.C. Os discursos são um ato de denúncia contra a conspiração pretendida pelo senador Lúcio Sérgio Catilina, que logo de início destila:
\”Até quando, Catilina, abusarás de nossa paciência? (…) Não vês que tua conspiração foi dominada pelos que a conhecem?\”
Biblioteca Nacional
Instituto Moises Soares
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ROCHA, Bento de Oliveira. Cel José Gonçalves Lobo: Cel José Gonçalves Lobo. O DIA, Paranaguá, ano 1937, v. 1, n. 4162, 2 mar. 1937. 44, p. 44.
FILHO, Anibal Ribeiro. História do Clube Literario de Paranaguá: 1872-1972. 1. ed. Paranaguá: Independente, 2010. 461 p. v. 1.
VIANA, Manoel. Paranaguá na História e na Tradição: Paranaguá na História e na Tradição. 1. ed. [S. l.: s. n.], 1971.