José Itiberê de Lima – Cazuza

hamilton |25 fevereiro, 2025

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José Itiberê de Lima

Cazuza

Imagem: Arquivo Digital Prof Wistuba, sem data.

José Itiberê de Lima nasceu em 2 de abril de 1891, na rua Faria Sobrinho, nº 10, em Paranaguá. Era filho de Caetano José de Lima e Anfilóquia de Miranda Lima, ambos naturais da cidade. Cresceu em um ambiente musical, assim como seus irmãos, Hemitério, Aníbal e Joaquim, que também seguiram essa vocação.

Desde a infância, recebeu de seu pai, músico reconhecido localmente, as primeiras noções de teoria musical. Posteriormente, iniciou os estudos de piano com Dona Alcídia Ribeiro de Sousa e, mais tarde, aprofundou-se sob a orientação da maestrina italiana Ludovica Caviglia Bório. Seu objetivo era obter formação acadêmica em piano, mas as dificuldades financeiras e a morte precoce do pai impediram sua transferência para o Rio de Janeiro e sua admissão no Conservatório de Música. Além disso, precisava sustentar a mãe.

Apesar da ausência de um diploma formal, destacou-se como pianista, compositor e professor. Suas composições foram amplamente reconhecidas e apreciadas pela sociedade local, especialmente as valsas, que se tornaram populares entre os jovens da época.

Durante sua vida, enfrentou problemas de saúde que limitaram suas atividades, mas manteve-se produtivo na área musical. Nos carnavais de Paranaguá, foi responsável pela composição de sambas e marchas que animavam os blocos carnavalescos, os quais desempenhavam papel central nos eventos festivos da cidade. Como o rádio ainda não era difundido, suas músicas eram aguardadas com grande interesse.

Periódico Correio do Paraná, edição 0386 de 1933, pág 2.

Além de compor, José Itiberê de Lima possuía habilidades técnicas avançadas em transcrição de partituras e arranjos harmônicos. Foi uma figura importante no “Centro Musical”, instituição de destaque na cidade. Frequentemente requisitado para acompanhamentos ao piano, tocou ao lado de cantores e músicos eruditos, incluindo o flautista Patápio Silva, a quem acompanhou em um recital no Teatro Santa Celina em 1907, aos 16 anos.

Buscou tratamento médico no Rio de Janeiro diversas vezes, contando com o auxílio de amigos. Em retribuição, dedicava a eles muitas de suas composições. Também costumava presentear suas alunas com valsas exclusivas. Parte de sua obra permaneceu inédita, sem publicação. Sua última composição, a valsa “Enise”, foi escrita em março de 1935, dois meses antes de seu falecimento.

José Itiberê de Lima faleceu em 16 de maio de 1935, aos 44 anos, em sua residência na rua Faria Sobrinho, em frente ao Club Litterário.

Registros de obitos Paranaguá, 1935.


Entre seus familiares, destacam-se os sobrinhos Dr. Brasílio de Lima e a professora Nely Miranda de Lima Madureira, que foi criada por ele e por sua mãe e tornou-se pianista.

Periódico O Dia edição 3444, pág 3.

Seu repertório incluía não apenas música popular, mas também berceuses, minuetos, gavotas, valsas de concerto e operetas. Parte de suas composições foi doada à Banda Militar do Estado, enquanto algumas obras impressas e manuscritas foram preservadas por admiradores.

Entre suas composições mais significativas, destaca-se o “Hino à Virgem do Rocio”, dedicado à padroeira do Paraná, no qual expressou sua devoção religiosa e sua trajetória artística.

Imagem: Lizangela Pinto Siqueira, sem data.

José Itiberê de Lima deixou um legado musical relevante para a história de Paranaguá, sendo lembrado por suas contribuições à cultura local.

Artigo do periódico Diário do Paraná de 1953, falando sobre a importância de se reinstalar as bandinhas em manifestações culturais.

A lápide foi presente de Anibal Ribeiro (pai de Aníbal , Anita ….). Eram muito amigos . Fez uma valsa chamada “Anita” , filha de Anibal para o noivado dela com o médico Antônio Fontes.

Imagem: Lizangela Pinto Siqueira, 2023.

Uma Rua leva seu nome no Centro Histórico de Paranaguá

Imagem: Google Street View, 2025.

Referências:

VIANNA, Manoel. Paranaguá na História e Tradição. 1. ed. Pa: [s. n.], 1971. 350 p.

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