Leocádio José Correia
Imagem: Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá sem data.
Nascido em Paranaguá no dia 16 de fevereiro de 1848, filho de Manoel José Correia um comerciante português e Gertrudes Pereira Correia filha do último capitão mor de Paranaguá, deste casamento tiveram 8 filhos: Clara Pereira Correia, Comendador Manoel do Rosário Correia, Dr Leocádio José Correia, Maria Pereira Correia, Francisca Pereira Correia, Alexandre Pereira Correia, Baronesa Maria José Pereira Correia, Affonso Pereira Correia.
Manoel José Correia, imagem Google sem data.
Gertrudes Pereira Correia, imagem Google sem data.
Alguns de seus irmãos mais conhecidos da história paranaense foram o Comendador Manoel Correia e a Baronesa do Serro Azul.
Manoel do Rosário, comerciante e jornalista, mais tarde tornou-se Comendador.
Quando, a Princesa Isabel esteve em Paranaguá, por ocasião da inauguração da Estrada de Ferro, ficou encantada com o trabalho humanitário e a dedicação política do amigo Dr Leocádio e, pediu ao pai, o Imperador D. Pedro II, que nomeasse-o Comendador.
Mas Leocádio faleceu antes de receber o título.
Assim sendo, coube ao seu irmão mais velho receber a comenda como uma homenagem póstuma.
Sua irmã Maria José Correia (Baronesa do Serro Azul) casou-se com o seu primo-irmão, Ildefonso Pereira Correia.
Grande amigo de Leocádio, desde a infância, Ildefonso foi o maior exportador de erva-mate do Paraná e, o maior produtor de erva-mate do mundo.
Foi também um grande político na história o Paraná, sendo assassinado durante a Revolução Federalista.
Ildefonso Pereira Correia recebeu o título de Barão do Serro Azul , em agosto de 1888, da Princesa Isabel princesa regente à época.
Leocádio José Correia estudos os primeiros anos em Paranaguá, já chamando a atenção de seus professores como sendo uma criança (diferente).
Nos estudos ginasiais como era muito estudioso e muito religioso, Leocádio encaminhou-se para a vida eclesiástica no Seminário Episcopal de São Paulo, transferindo-se depois para o Colégio Episcopal no Rio de Janeiro.
Após terminar os estudos de instrução secundária, às vésperas da primeira unção, desistiu do sacerdócio.
Assumiu neste momento o que viria a ser sua vocação, um outro apostolado, na Academia de Medicina do Rio de Janeiro.
Como dedicado aluno de um dos maiores vultos da medicina nacional, o Dr. João Vicente Torres.
Formou-se em Dezembro de 1873, com 24 anos.
Seus familiares não puderam comparecer à sua formatura devido aos problemas de saúde do seu pai. Representando a família nesta ocasião, apenas esteve presente seu padrinho e parente o Comendador Manuel Guimarães (Visconde de Nácar).
Recusou excelentes oportunidades de trabalho na Corte junto à aristocracia e à nobreza no Rio de Janeiro, Dr. Leocádio retornou à Paranaguá, como doutor, instalando-se em sua querida Paranaguá, montou seu consultório no Largo da Matriz.
Ficando também próximo a casa dos pais, onde também residia, nas mediações da igreja matriz na Rua da Misericórdia,(hoje rua Dr. Leocádio).
No ano de 1874 casou-se na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário em Agosto de 1874, com sua prima-irmã Carmela Augusta Cysneiros.
Carmela Cysneiros, imagem Google sem data.
Tiveram três filhos: Clara, Leocádio e Lucídio.
Carmela e Ildefonso (Barão do Serro Azul) eram irmãos.
Clinicou em todos os municípios do litoral, tornando-se muito conhecido e muitos doentes vinham em seu encontro.
Foi Inspetor dos Portos de Paranaguá em Antonina e, até hoje seus relatórios são vistos com um detalhamento invejável.
Quando em 1874 era secretário do Club Litterario
Assim, em 30 de novembro de 1874, o sócio Dr. Leocádio José Correia apresentou um projeto para criação de um Curso Noturno de Preparatórios, compreendendo o estudo de francês, de inglês, de história, de geografia,
de retórica e de poética; sendo o curso ministrado na sede social pelo próprio.
Dr. Leocádio e pelo Dr. Moura Rezende. Esse curso, considerado na época como secundário, foi o precursor dos nossos atuais cursos ginasiais. Tão importante era a instrução pública e particular, e tanto interesse tinha o governo imperial em sua difusão, que no relatório apresentado pelo Conselheiro Manoel Francisco Correia, em 1874, ao Dr. João Alfredo Correia de Oliveira, Ministro dos Negócios do Império, encontramos no capítulo Instrução a seguinte referência: — “Curso com aula de francês e inglês da cidade de Paranaguá, com 13 alunos”.
Não é de estranhar pois que a geração de Paranaguá na época em que o “Club Litterario” foi fundado, fosse tão brilhante, pois não só os homens como também as mulheres recebiam esmerada educação, segundo podemos constatar pelo Relatório acima citado, quando ainda no capítulo Instrução nos dá a lisonjeira informação que existia: — “colégio particular subvencionado, para o sexo feminino, na cidade de Paranaguá, frequentado por 20 alunas, com aulas de francês, alemão, inglês, italiano, português, desenho, piano, canto, dança, pintura, geografia, aritmética, história média e moderna, mitologia e trabalhos de agulha”.
Esteve envolvido na criação do “CURSO MERCANTIL”, que podemos considerar como o primeiro curso comercial do Paraná e talvez o primeiro do Brasil.
No ano de 1875 foi presidente do Club Litterario, trazendo grandes mudanças ao funcionamento do mesmo.
Dr Leocádio era poliglota, Tradutor, Orador, Ator, Escritor, Inspetor Paroquial de Ensino, Jornalista, Político, Democrata, Abolicionista e acima de tudo um grande Humanista.
Esteve a frente do “Echo Litterario” importante jornal da época.
Foi um guia para o ensino enquanto Deputado Provincial.
Dr. Leocádio, como político também teve importante participação na construção da Estrada de Ferro Paranaguá – Curitiba.
Serviu de tradutor para os engenheiros italianos e foi o responsável pela recepção da Corte em Paranaguá, quando aqui estiveram para formalizar o início das obras da ferrovia, participando depois da viagem inaugural.
Faleceu em 18 de maio de 1886,vítima de febre perniciosa.
Imagem: Lizangela Pinto Siqueira 2022.
Seu tumulo foi decorado com mármore trazido da Itália, e até os dias de hoje é objeto de peregrinação.
Foi um fato enormemente pranteado, especialmente pelos mais pobres e necessitados, os quais, em sua breve vida, visitava diariamente.
Poucos anos depois de seu desencarne, Leocádio José Correia começou a manifestar-se espiritualmente. Primeiro, no litoral do Estado de Santa Catarina; posteriormente, no Estado do Paraná, num trabalho fraterno de atendimento à pessoa humana e na divulgação da mensagem de Jesus Cristo, à luz da Doutrina dos Espíritos.
Balduína Lobo de Andrade, mais conhecida por Baduca, foi a médium por quem o Dr. Leocádio José Correia fez suas primeiras manifestações no Paraná. Nasceu em Paranaguá, em 16 de abril de 1884, casou aos 16 anos. Foi com o marido Décio da Costa Lobo que conheceu o espiritismo (…).
Aos 31 anos ficou viúva com seis filhos para criar.
Nessa época ocorreram as primeiras manifestações de Leocádio, que prescrevia e assinava receitas homeopáticas, para dezenas de pessoas que diariamente procuravam ajuda. (…)
Mesmo enfrentando dificuldades financeiras, Baduca nunca permitiu que se fizesse comércio dos receituários, não aceitando nenhum pagamento.
Dizia ela: “Não faço nada por dinheiro. Tragam então flores para dedicar a Jesus e ao irmão Leocádio…
Mas saibam que nem Jesus e nem o irmão Leocádio precisam delas, porque as flores espirituais são mais bonitas que as flores da Terra.” (…)
“É preciso estar sempre atento, pois temos muito a agradecer a Deus e praticamente nada a pedir.”
Aos 70 anos, Baduca ficou cega em decorrência do glaucoma. À partir daí, com exceção da rotina do lar em que insistia ajudar de alguma forma, seus dias foram de recolhimento e preces.
Desencarnou aos73 anos, em 22 de junho de 1957, deixando exemplos de desprendimento, abnegação e caráter.
Esta foi uma singela homenagem ao ilustre médico e amigo paranaense, que desencarnou há 137 anos. Mas que nunca nos deixou desamparados, pois desde então, está sempre intercedendo por nós na espiritualidade.
“Nenhum homem é feliz sem o exercício pleno do amor.”
Leocádio José Correia
Hamilton Ferreira Sampaio Junior
Referências : Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá.
RIBEIRO FILHO, Aníbal. CLUB LITTERARIO DE PARANAGUA 1872-1972: Um século de tradição, cultura e arte. 1. ed. Paranaguá: Própria, 1972. 457 p. v. 1.