Capitão Leocádio Pereira da Costa, nascido a 8 de Dezembro de 1832 em Paranaguá, filho do Major Francisco Antonio Pereira e Dona Joaquina da Costa Pereira foi o 2º neto do Capitão-Mor Manoel Antonio Pereira, foi casado com Maria Leocádia de Vasconcelos, falecida em 9 de Setembro de 1887, filha única do Comandante João Libânio de Vasconcelos e de sua mulher Maria das Dores Vieira (por morte de seu marido se casou com Luiz Machado da Silva).
Ficou Leocádio Pereira da Costa Orfão com 12 anos de idade, sendo então educado por seu tio paterno o Major Pereira da Costa, que era o quarto filho do Capitão-Mor, que o preparou e ensinou como era ser comerciante, dedicava intensas horas ao estuda da literatura para o qual tinha grande vocação.
Em 1855 encontramos no Arquivo Publico do Paraná sob o numero BR PRAPPR PB001 GPR.Cpa299.81 um documento no qual Leocadio:
Solicita a emissão de passaporte para que possa navegar livremente com a sua lancha. Também envia documentos atestando que a lancha é de sua propriedade.
Em 1858 fazia parte da mesa da Santa Casa de Misericórdia de Paranaguá era “Irmão de Mesa” e assinou um documento o qual o provedor da Santa Casa solicita melhorias para o edifício da Santa Casa de Misericórdia de Paranaguá.
Comunica para a secretaria do Governo da província do Paraná sobre a eleição da nova administração da Santa Casa de Misericórdia de Paranaguá (PR) para o ano de 1855, sob o numero BR PRAPPR PB001 IRM18.29 Arquivo Público do Paraná.
Leocádio fundou o primeiro jornal que se publicou em Paranaguá com o título de “Comércio do Paraná” em 1862 que funcionou, até 1865, quando então passou a propriedade do jornal a seu amigo José Ferreira Pinheiro.
Desde o 1º número do Jornal “Comércio do Paraná”, Leocádio revelou-se um jornalista de pulso e um literato primoroso que, a todos encantava pela sabedoria de seus conceitos, abordando questões políticas e econômicas e, ainda pelo seu estilo de prosa e poesia.
Folhetinista de extraordinário humorismo e de rara fecundidade nesse gênero literário, era considerado como o primeiro folhetinista de sua época.
Tinha igualmente o dom da tribuna (oratória), de onde muitas vezes foi ouvido em conferencias literárias que, eram calorosamente aplaudidas pela impecável riqueza de sua palavra fácil e colorida.
Seu dom de escrita ácida na política lhe rendeu várias admoestações e processos, mas sua natureza o impedia de apenas agradar a muitos, sempre preferiu a verdade.
Seus trabalhos literários, poesias, romances e folhetins existem publicados em diversos jornais, tanto do Paraná, como de outros Estados, onde eram transcritos e apreciados” (“Cruzada” – Fevereiro 1920).
Para demonstrar o estilo deste ilustre paranaense vamos transcrever algumas estrofes da sua saudação aos Voluntários da Pátria no seu regresso á Curitiba:
Mancebos valente, heroicos soldados
Filhos amados da terra da Cruz!
Escudos da patrias, gigantes da guerra
Voltastes a terra, radiante de luz!
Esse fogo divino, por Deus enviado
A todo o soldado que a patria acenou
Era chamma sagrada do seu patriotismo
Que, com heroismo, jamais se apagou
Travou-se o combate, medonho, terrivel!
E a cohorte invencivel não teme o canhão;
Avante caminha, garbosa, altaneira
Desfraldando a bandeira dáuri verde pendão!
Ao som das bombardas – dragões das batalhas
Lançando metralhas que a morte traziam,
Os filhos da patria valentes soldados
Em sangue banhados, o campo tingiam
Victoria! victoria! exclamavam os bravos
A turba de escravos se resposta no chão,
Victoria! repetem as auras que passam
E todos se abraçam – está salva a nação.
Os dois grande mestres de Leocadio Pereira foram França Junior, na prosa e Domingos de Magalhães no verso.
Leocadio Pereira foi, de fato, um paranaense de valor pelas luzes do seu privilegiado talento.
Ingressou no serviço público como ajudante do Inspetor de Alfandega de Paranaguá.
Em 1870 participou de uma comissão para recepcionar os Voluntários da Pátria retornando do Teatro de Guerra do Paraguai
Em 1872 foi alçado ao posto de Capitão do 1º Corpo de Cavalaria da Guarda Nacional de Paranaguá.
Foi Membro do Clube Literário de Paranaguá, não conseguimos precisar o ano mas, possivelmente esta dentro do período de idos de 1870.
Foi Diretor da Companhia Filo Dramática de Paranaguá, segundo a “História do Club Literário de 1872-1972 de Anibal Ribeiro Filho”, foi um dos maiores oradores do Clube Literário de Paranaguá, como podemos ver no trecho do Discurso do Ex Presidente do Clube Dr Anibal Ribeiro no 90 aniversário de fundação do clube.
Em 1876 era Vice Presidente do Clube Literário Curitibano
Sua aptidão foi logo notada pelo governo que o nomeou para diversos cargos de confiança nas Alfandegas de Paranaguá em Curitiba, no Ceára e no Rio de Janeiro, voltando a sua terra natal aonde exerceu por duas vezes o cargo de Inspetor da Alfandega, em 1879 e 1884.
O Maçom
É Patrono da cadeira numero 30 da “Academia Maçônica de Letras”
Foi um dos fundadores da Loja Perseverança e, ocupava o cargo de Orador em sua fundação, inclusive assinando o documento sobre a libertação de escravos “Meninas com menos de 4 anos”, sendo a Loja Perseverança a Primeira no Brasil a tomar esta iniciativa em 1867, posteriormente outras lojas tiveram esta sublime iniciativa.
Em 1886 era Venerável da mesma oficina
Em 1872 quando da incorporação do Grande Oriente dos Beneditinos para o Grande Oriente Unido o mesmo era venerável da oficina, imaginamos os conturbados anos passados na direção de tão respeitável loja.
Esteve presente na regularização da Loja Apóstolo da Caridade 344
Em Dezembro de 1873 foi Presidente da comissão de regularização da Loja Capitular Modéstia de Morretes.
No dia 26 de Dezembro de 1875 chegava em Paranaguá o Grão Mestre do Grande Oriente Unido do Brasil Saldanha Marinho, quem foi recebe-lo a bordo do navio Calderon proveniente do Rio de Janeiro foi o Venerável da Loja Perseverança Leocádio Pereira da Costa e o Delegado do Grande Oriente Unido Joaquim Soares Gomes, depois de trocado o abraço fraternal dirigimo-nos para terra aonde nos aguardava grande quantidade de irmãos para cumprimentar a figura de Saldanha Marinho.
Leocádio proferiu eloquente discurso. Tudo isto ocorreu na festa de inauguração da Loja Concórdia IV em Curitiba.
Uma Rua em Curitiba leva seu nome a “Travessa Leocádio Pereira da Costa” é localizada no bairro de Jardim Botânico – cidade de Curitiba PR.
Faleceu em 1 de Abril de 1884 aos 51 anos incompletos.
folhetinista. fo.lhe.ti.nis.ta. fuʎətiˈniʃtɐ. nome de 2 géneros. pessoa que escreve folhetos ou folhetins
Referências
Instituto Moises Soares http://msinstituto.blogspot.com/2017/05/leocadio-pereira-da-costa.html
JUNIOR, Hamilton. Entre o Compasso e o Esquadro: Gênese da Formação das Lojas no Paraná entre 1830 e 1930.. In: ENTRE o Compasso e o Esquadro. 1. ed. Curitiba: [s. n.], 2019. v. 20, cap. 1, p. 177. ISBN 978-65-900604-0-2.
NEGRAO, Francisco. GENEALOGIA PARANAENSE: GENEALOGIA PARANAENSE. In: GENEALOGIA PARANAENSE: GENEALOGIA PARANAENSE. 1. ed. Curitiba: Impresora paranaense, 1926. v. 1, cap. 1, p. 169. ISBN 000000000000000000000000.
↑ Ir para: a b c d e f g h i j k Alessandro Cavassin Alves (2014). «A Província do Paraná (1853-1889) a classe política. A parentela no governo.» (PDF). Universidade Federal do Paraná – Tese de Doutorado em Sociologia. Consultado em 26 de junho de 2018
↑ «Catálogo seletivo de documentos referentes aos africanos e afrodescendentes livres e escravos» (PDF). Arquivo Público do Paraná. 2005. Consultado em 26 de junho de 2018
JUNIOR, Vicente Nascimento. História Crónicas e Lendas: História Crónicas e Lendas. In: JUNIOR, Vicente Nascimento. História Crónicas e Lendas: História Crónicas e Lendas. 1. ed. Paranaguá: Paranaguá, 1980. v. 1, cap. 1, p. 169. ISBN 000000000000000000000000.
Ermelino A. de Leão – I.H.G.P. – 1994 – pág. 1154 a 1156
Arquivo Público do Paraná