Manoel do Rosário Correia

hamilton |03 outubro, 2022

Blog | Rastro Ancestral

Que noites lindas as noites de Paranaguá!

Que anciãs de deleites n’este morno perpassar das auras!

No firmamento myriades d’estrelas,

o por todo o costão de nossa iramenea baia

R. Correia

Comendador Manoel do Rosário Correia, nasceu em outubro de 1844 em Paranaguá e, foi um importante capitalista em Paranaguá, literato, dedicado à imprensa, filho de Manoel José Correia e Gertrudes Pereira Correia, neto pela parte materna do Capitão-Mor de Paranaguá. Manoel Antonio Pereira, casou a primeira vez com Maria Clara Ferreira de Abreu e, casou-se a segunda vez com Celina da Silva Correia em fevereiro de 1893 em Goiás e, em seguida mudou-se com a esposa para Paranaguá.

Seus Filhos: Olga Correia, Maria Correia de Lima, Maria Correia, Hilda Pereira Leite (Nascida Correia), Sylvia de Siqueira Pereira Alves (Nascida Correia), Celina Brand (Nascida Correia Filha.

Seus Irmãos: Clara Pereira Correia, Dr. Leocádio José Correia, Maria Pereira Correia, Francisca Pereira Correia, Alexandre Pereira Correia, Feliciano José Correia, Maria José Pereira Correia (Baronesa do Serro Azul), Affonso Pereira Correia, Francisca Pereira Correia.

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Com seu irmão Leocádio, uma das histórias mais interessantes sobre ele e, olhe que são muitas, foi que a Princesa Isabel quando em visita a Paranaguá, por ocasião da inauguração da Estrada de Ferro, ficou encantada com o trabalho humanitário e, a dedicação política do amigo Leocádio, então pediu ao pai, o Imperador D. Pedro II, que o condecorasse com o título de comendador, mas Dr. Leocádio faleceu antes de receber o título e, assim sendo coube ao seu irmão mais velho receber esta honraria por ele.

No ano de 1873 não podemos falar somente da eficiente e bem selecionada biblioteca e, com as famosas assembleias literárias, difundia o “Club Litterario” os benefícios da cultura na cidade, com repercussão na Província e com reflexo na Corte do Rio de Janeiro, até aonde chegavam os rumores de sua atividade.

Manoel do Rosário Correia foi iniciado em 22 de abril de 1867 na Loja Perseverança de Paranaguá.

Não poderíamos citar a imprensa de Paranaguá, sem falar do “Echo Literário” que era de propriedade do Club Litterario que tinha o editorial semanal, contando apenas com a colaboração única de seus associados, sob o controle de uma comissão de redação nomeada pela Diretoria.

Neste mesmo ano foi colaborador do “Echo Literário” Manoel do Rosário Correia, nesta época o jornal tinha uma tiragem de 300 exemplares.

(Club Litterario de Paranaguá Anibal Ribeiro Filho pág. 37).

Manoel do Rosário Correia ingressou no Club Litterario em 15 de agosto de 1880.

No ano de 1881 houve um episódio interessante, no dia 18 de dezembro de 1881 foram realizadas eleições para o novo período administrativo. Foram eleitos Dr Leocádio José Correia Presidente, Manoel Rosário Correia Vice Presidente, Afonso Correia 1° Secretário, os quais recusaram os cargos em plena Assembleia, houve tumulto segundo Ribeiro Filho e, a eleição foi adiada para o dia seguinte, 19 de dezembro. Quando se reuniram novamente a assembleia o Tesoureiro Antonio F. de Santa Rita pediu a anulação da eleição por haverem votado alguns sócios que estavam com suas mensalidades atrasadas, anulada a eleição refizeram a eleição para o ano de 1882.

Em 1882 foi criado em Paranaguá o “Curso Mercantil”, criado pelo Presidente da província do Paraná Dr. Augusto Carlos de Carvalho, sob a direção e responsabilidade do ‘Club Litterario”.

Capitão Manoel do Rosário Correia estava presente no momento de sua inauguração.

Ainda em 1882 foi eleito Vice Presidente do Club Litterario

Club Litterario de Paranaguá História A. Ribeiro Filho.

Ainda em 1882 tornou-se Sócio Benemérito do Club Litterario.

Club Litterario de Paranaguá História A. Ribeiro Filho.

Em 1884 passou a ser redator do “Itibere” indicado pelo Club Litterario.

Publicava semanalmente poemas com o pseudônimo de R. Correia, segundo nos informa o “Jornal do Comércio” edição 00042 página 3 de 1884.

“Que noites lindas as noites de Paranaguá!

Que anciãs de deleites n’este morno perpassar das auras!

No firmamento myriades d’estrelas, o por todo o costão de nossa iramenea baia

As luzernas dos humildes pescadores à caça de camarões

Oh! Gente feliz este povo de pescadores da rainha terra!

Sempre ao largo

Sempre ao abrigo das grandes vicissitudes!”

R. Correia

Ainda no ano de 1884 segundo o periódico O Itibere de 20 de Julho de 1884 em sua página 3, nos informa que o Comendador Manoel do Rosário Correia libertou sem nenhum ônus á sua escrava Maria de 19 anos de idade e, em ato continuo no mesmo ano libertou os últimos três escravos que possuía.

Ainda na mesma página encontramos

O verdadeiro abolicionismo é aquele que se revela assim por actos práticos e desinteressados e, não por parolas encomendadas que nunca expressam o justo sentimento de muitos que tanto falam, mas pouco ou nada fazem sem a mira do interessa próprio.

Cumprimentamos esses nossos amigos por tão espontâneo e louvável ato.”

Em 1886 foi eleito Juiz de Paz de Paranaguá.

Publicação Hebdomadária de 1886 página 1 edição 0019.

Na revolução Federalista era Maragato e, fez parte da Comissão de Empréstimos de Guerra de Gumercindo Saraiva para a cidade de Paranaguá.

Periódico “A Federação” de 1894 edição 0005 página 3.

Participou de uma Comissão nomeada pelo Governador do Estado para coligirem documentos relacionados a questão de limites entre o Estado do Paraná e Santa Catarina.

A Argentina reivindicava a região Oeste dos atuais estados do Paraná e de Santa Catarina, pretendendo as fronteiras pelos rios Chapecó e Chopim, supostamente com base no Tratado de Madrid (1750).

Pouco antes da proclamação da República, ambos os países haviam acordado que o litígio seria solucionado por arbitramento. Nesse contexto, Quintino Bocaiuva, então Ministro das Relações Exteriores do Governo Provisório, assinou o Tratado de Montevidéu (25 de janeiro de 1890), que dividia a região entre ambos.

O Congresso Nacional Brasileiro não ratificou o Tratado (1891), e a questão foi submetida ao arbitramento do presidente estadunidense Cleveland (1893 – 1897), cujo laudo foi inteiramente favorável ao Brasil, definindo-se as fronteiras pelos rios Peperiguaçu e Santo Antônio.

Nesta questão, estreou como advogado do Brasil, a partir de 1893, o barão do Rio Branco, escolhido pelo presidente marechal Floriano Peixoto (1891-1894) para substituir o barão Aguiar de Andrade, falecido no desempenho da Questão.

Rio Branco apresentou ao presidente Cleveland uma exposição, acompanhada de valiosa documentação, reunida em seis volumes: A questão de limites entre o Brasil e a República Argentina (1894).

Em 1903 criaram em Paranaguá a “Revista Literária” no rastro do Jornal Itibere que tinha se extinguido em 1885, Manoel do Rosário Correia foi um de seus primeiros integrantes ainda no mesmo ano de 1903.

O ano seguinte 1904,  foi um ano de muita atividade cultural na cidade, encontramos Manoel como participante da Comissão de Redação.

Em 1913 constituiu “Casa de Comissão, representação e despachos com o nome de J. Faria Netto e Comp.”, com José Maximiliano de Faria Netto.

Nos conta Leôncio Correia no Jornal O Dia em sua edição 002465 pág. 02, que:

Uma noite no Club Litterario de Paranaguá, o Borio, barbeiro teria dito:

Vou passear à Itália e, marcara o dia.

Manoel do Rosário Correia, aquele homem retraído e calmo, esquivo e ponderado, que sabia escrever com elegância e beleza, dando à exteriorização de seu pensamento uma forma sutil e encantadora, Manoel do Rosário acrescentara:

E eu o acompanho

E partiram.

Que iria fazer à Europa aquele homem de poucas palavras, tão fechado em si mesmo, tão avesso às expansões Tagarelas.

A lenda não tardou…. Fora ele receber um prêmio de grande loteria de Espanha, em troca de um bilhete feliz que adquirira por compra.

O caso é, que foi e, de regresso, não deu a curiosidade bisbilhoteira e, como se foi ele voltou discretamente calado. Mas de uma feita transmitia impressões da viagem. Em Paris relatava, assisti a uma grande Festa pública.

As ruas estavam todas festivamente adornadas de bandeiras e galhardetes.

Era um dia , um raro dia de sol magnifico.

Bandas de música militares punham nos ares estridências vibrantes e, não nego que (chorei), chorei de saudade de Paranaguá, de saudade até do capim que crescia da calçada em fronte a minha casa.

Faleceu em 8 de maio de 1916 em Paranaguá.

 

Hamilton Ferreira Sampaio Junior…

Referências:

Biblioteca Nacional

Instituto Moises Soares http://msinstituto.blogspot.com/

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My Heritage

VIANA, Manoel. Paranaguá na História e na Tradição: Paranaguá na História e na Tradição. 1. ed. [S. l.s. n.], 1971.

SANTOS, Antônio Vieira dos. Memória Histórica: Paranaguá. 1. ed. Paranaguá: Própria, 1951. 422 p. v. 1. ISBN xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.

REVISTA PANORAMA. nº 44, p. 50, 51, 25, jan.1956.

NICOLAS, Maria.Vultos paranaenses. 1958. v. 3.

SAMPAIO, Hamilton. ENTRE O COMPASSO E O ESQUADRO: Gênese das Lojas Maçônicas no Paraná entre 1830 e 1930. In: ENTRE O COMPASSO E O ESQUADRO: Gênese das Lojas Maçônicas no Paraná entre 1830 e 1930. 1. ed. Curitiba: Novagrafica, 2019. v. 1, cap. 1, p. 2.

SPOLADORE, Hércule. HISTÓRIA DA MAÇONARIA PARANAENSE NO SÉCULO XIX: HISTÓRIA DA MAÇONARIA PARANAENSE NO SÉCULO XIX. In: HISTÓRIA DA MAÇONARIA PARANAENSE NO SÉCULO XIX: HISTÓRIA DA MAÇONARIA PARANAENSE NO SÉCULO XIX. 1. ed. LONDRINA: Ruahgraf Gráfica e Editora Ltda, 2007. v. 1, cap. 1, p. 2. ISBN 8590725804, 978859072580.

LEÃO, Ermelino Agostinho de. Dicionário Histórico e Geográfico do Paraná. v. 1.

FILHO, Francisco negrão. Genealogia paranaense: genealogia paranaense. 3. ed. PARANA: Tipografia paranaense, 1928. 347 p. v. 1. ISBN xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.

SANTOS, Antônio Vieira dos. Memória Histórica: Paranaguá. 1. ed. Paranaguá: Própria, 1951. 422 p. v. 1. ISBN xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.

Arquivo Público do Paraná BR PRAPPR PB001 IIP787.57.

Wikipédia

TJPR-Catalogação dos Processos de Paranaguá (1711 – 1991).


REVISTA PANORAMA. nº 44, p. 50, 51, 25, jan.1956.

FILHO, Anibal Ribeiro. C L U B L I T T E K A R I O D E P A R A N A G U Á 1872 — 1972: C L U B L I T T E K A R I O D E P A R A N A G U Á 1872 — 1972. Paranagua: Próprio, 1972. 461 p. v. 1. ISBN xxxxxxxxxxxx.

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