Nascido em idos de 1864 em Santa Catarina filho de Pai Alemão, conforme o seu registro de casamento em anexo filho de Pedro Henrique Bohn e Margarida Reinert, casou-se em 30 de Julho de 1889 na Paroquia Nossa Senhora do Pilar em Antonina com Maria dos Anjos Araujo, a primeira noticia documental que temos de sua chegada na cidade de Antonina no qual casou-se em 1889 e constituiu comércio, em seguida mudou-se para Paranaguá entre 1889 1890, foi 2 Secretário do Club Litterario de Paranaguá no biênio de 1888 até 1889.
Maçom iniciado na Loja Perseverança n 0159 de Paranaguá, consta do quadro da Loja como membro da mesma (Informação do Museu Maçônico Paranaense).
Em 1889 com o “Golpe” Republicano, houve grande confusão e a deposição do gabinete da Intendência Municipal de Paranaguá em 1891, o qual fazia parte Mathias Bohn que a presidia, conforme nos relata Manoel Viana em sua obra “Paranaguá na História e na Tradição”.
Fevereiro de 1893, estourava a Revolução Federalista contra o Mal Floriano Peixoto, teria graves consequências na vidas dos paranaguaras.
Em 1893 noticiavam os jornais a criação de sua empresa em Paranaguá.
Aqui que a história fica interessante, temos de lembrar do círculo de amizades políticas de Mathias que na sua maioria eram adeptos da Revolução que se iniciara, neste mesmo ano sem poder afirmar a data exata, houve sua separação de Dona Maria dos Anjos Araujo, conforme processo encontrado no Tribunal de Justiça do Paraná.
https://www.tjpr.jus.br/processos-historicos-museu
Aqui faremos um breve relato de como os acontecimentos chegaram a esse ponto, Paranaguá era uma cidade por uma séria de razões e, entre elas, o isolamento político que o Governador interino do Estado Vicente Machado se lhe impunha, pois ali imperava o sentido de autonomia política e liberdade de expressão não se sujeitando às determinações dos Políticos da Capital, tiveram um numero maior de cidadãos com tendências revolucionárias e entre eles muitos maçons. A cidade sofria uma grande influência Maçônica através da Loja Perseverança, que escreveu importantes páginas da História Paranaense e na qual houve uma divisão de posturas, sendo que a maioria de seus membros penderam para os Maragatos.
Após uma reunião com os Políticos Maragatos locais, e entre eles inúmeros maçons , ficou acertado que o Almirante Custódio de Mello, através do imigrante italiano anarquista, jornalista residente em Curitiba, Francisco Colombo Leone que futuramente pertencerá a Loja Luz Invisível, de Curitiba, o dia em que a Esquadra atracaria em seu porto.
Fazia parte de um plano geral, um levante liderado pelo maçom Coronel Theophilo Soares Gomes, da Loja Perseverança, contra a guarnição local legalista comandada pelo Coronel Eugênio de Mello, No dia 13 de Janeiro de 1894 que fora a data marcada para a esquadra chegar, mas isso não ocorreu. O coronel Eugênio de Mello venceu os revoltosos e os prendeu todos.
Entre eles os seguintes maçons : João Evangelista Espíndola, Luiz Victorino Picanço , Manoel Claricio de Oliveira, Alberico Figueira de Alcântara, Coronel Theófilo Soares Gomes, José Gonçalves Lobo, Mathias Bohn, Joaquim de Souza Rodrigues, Alcides Augusto Pereira, José Ferreira de Campos, Joaquim Candido de Oliveira, Generoso Broges de Macedo, José Gonçalves da Silva Bastos, todos membros da Loja Perseverança, além de outros cidadãos parnaguaras. Interessante o envolvimento do quadro de Irmãos daquela Loja no conflito.
A ordem inicial do General Pego Junior, foi para fuzilar os cabeças do levante porém, segundo um telegrama do Ministro da Guerra, General Enéas Galvão, só poderiam ser fuzilados, após passarem por um tribunal Militar e serem julgados culpados, segundo as leis da Guerra. Esta regra militar só valeu no início da revolução.
Entre a oficialidade Legalista estavam vários membros da Loja Perseverança , de Paranagua , o Coronel Artur de Abreu, o Coronel João Guilherme Guimarães, major Randolfo Gomes da Veiga, Coronel Teodorico Júlio dos Santos o Capitão Thiago Perneta de Azevedo, além do tenente Júlio David Perneta, este pertencente a Loja Estrela de Antonina, onde foi Venerável e também pertenceu a Loja Modéstia de Morretes.
Com a Prisão dos Revoltosos houve festa dos legalistas. O comandante Coronel Eugenio de Melo desfilou pela cidade a frente de um contingente militar inclusive com uma banda de musica, dando vivas a Floriano, Vicente Machado e a Republica. Após o Bombardeio e desembarque na cidade a resistência somente ficou na Cadeia Municipal, apenas mais um registro, um canhão foi postado sobre a ponte que existia em frente à Igreja do Rocio, para dificultar o desembarque das tropas invasoras em Paranaguá.
O navio República lançou tiros de canhão sobre a ponte do Rocio e, assim, furou as paredes da Igreja.
O historiador Rocha Pombo, quando de sua visita ao Rocio em 1896, descreveu a triste situação em que ficou a Igreja: “toda destruída”. Dos restos de materiais da Igreja foi construída a torre da Igreja de São Benedito. .
A invasão pela Estrada de Ferro foi a opção mais sangrenta para as tropas federais, constituída de jovens parnanguaras, que mal sabiam usar uma espingarda pica-pau e tiveram de enfrentar os guerreiros da Armada, que já tinham experiência da Guerra do Paraguai. Segundo o livro do Custódio de Melo, foram mais ou menos 150 soldados mortos em frente ao portão da Estrada de Ferro.
As tropas entraram no centro da cidade através do Rio Itiberê. No dia 15 de janeiro de 1894, os escaleres com tropas foram desembarcados e amarrados, em linha, no rebocador Adolpho de Barros. Ele tinha duas metralhadoras Nordfeldt, com as quais varria as margens onde estavam as tropas federais. Em frente ao Palácio Visconde de Nácar, estavam postados canhões sobre rodas, também, Nordfeldt. Quando o rebocador atingiu o local onde fica a atual Capitania dos Portos, ele foi atingido por tiros de canhão e afundou.
Os soldados desembarcaram no trapiche em frente ao Museu de Arqueologia e subiram a ladeira do Mercado
“Aqui foi realizado o combate final no dia 15 de Janeiro de 1894. A luta durou a noite inteira e no dia 16 de Janeiro de 1894, houve a rendição da tropa legalista encurralada na cadeia velha. O artilheiro do canhão posicionado defronte à cadeia velha, foi decapitado àm a c h a d i n h a.”
arte:Darcy
O capitão legalista Julio Garcia, com 76 soldados,cercado por uma grande quantidade de Maragatos, tinha decidido resistir até o ultimo homem. O Maçom Theophilo Soares Gomes, um dos presos, e líder dos revoltosos, dá sua palavra de honra que acaso se entregassem aos Maragatos seriam considerados seus hóspedes e seriam respeitados suas vidas, Estes decidiram se entregar e nada lhes aconteceu.
Pego Junior, que estava a caminho de Paranaguá, quando soube do que houve retirou-se precipitadamente, levando consigo alguns oficiais e deixando o resto da tropa a sua própria sorte .
Na realidade Pego Junior poderia ter resistido e retardado assim o avanço dos revoltosos e então na retirada bloquear os caminhos da Serra, mas abandonou Os trabalhos de obstrução, deixando inclusive armamentos para trás e assim o caminho ficou livre para os revoltosos.
No dia 14 de Janeiro o Coronel Gomes Carneiro recebeu um telegrama da Lapa do General Pego Junior informando que Paranaguá havia capitulado, e que estaria se retirando de Morretes para Curitiba, visando a defesa da Serra do Mar.
O Capitão legalista Leon Sonis francês de nascimento foi encarregado pelo General Pego Junior a dinamitar o túnel da estrada de ferro, mas não cumpriu a ordem , pois o mesmo havia trabalhado na construção do túnel e naturalmente deve ter avaliado o quanto o estado dependia daquele trecho da estrada de ferro, por sinal um dos mais belos túneis do País.
O Vice Governador Vicente Machado lançou mais um manifesto no dia 16 de Janeiro de 1894 , explicando ao povo que Paranaguá havia caído e pedindo o empenho de cada cidadão paranaense para lutar contra os revoltosos Maragatos, Retirou-se (Fugiu) em direção á Castro no dia 18 de Janeiro.
Após a queda de Paranaguá um trem partiu para Curitiba já que a estrada de ferro não havia sido obstruída, transportando o Almirante Custodio de Mello e figuras importantes da Marinha, além do Coronel Theophilo Soares Gomes , indicado por Custódio para ser o primeiro presidente do Paraná em regime Revolucionário.
No dia 16 de Janeiro de 1894, já sobre a Presidência de Mathias Bohn na cidade de Paranaguá, nesta intendência Municipal de Paranaguá, no motivo da presente reunião que por motivos da revolução que triunfou ontem nesta cidade pelas forças de mar e terra ao mando do Almirante Custodio de Melo como se vê no oficio seguinte.
Comando das forças libertadoras em operações no Estado do Paraná, ao cidadão Mathias Bohn Presidente da Intendência Municipal de Paranaguá, havendo a esquadra e o exercito libertador conseguido penetrar esta cidade e dela se apoderar depois de vencer a resistência do que a tinham sob a pressão das armas falseando assim os princípios do regime democrático convindo a restabelecer as garantias publicas pelo respeito devido as leis, convido-vos a uma reunião na intendência municipal de que sois digno presidente para que nela se delibere sobre a organização provisória do governo que terá de gerir os negócios deste estado durante o período anormal que atravessa nossa pátria.
Saúde e Fraternidade (assinado) Custodio José de Melo Contra Almirante.
Em seguida o senhor presidente chamou e convidou o cidadão coronel Theophilo Soraes Gomes indicado pela municipalidade para o cargo de Governador do Estado do Paraná, o qual aceitou e prestou a promessa legal, do referido cargo e entrou imediatamente em exercício.
O jornal acima refere-se a um documento expedido pelo Quartel General das Forças do 5 Distrito Militar ao Comandante da guarnição de Paranaguá, determinando a prisão de Mathias Bohn entre outros, para um provável fuzilamento.
1897 JORNAL A REPÚBLICA.
Em 1897 já existia uma demanda devido a separação.
Mathias Bohn era um dos comerciantes de maior vulto no Paraná, tendo escritórios em Paranaguá, Curitiba e outras cidades, comerciante de muito esforço, teve sua vida pautada pelo trabalho e sendo assim reconhecido pela sociedade paranaense.
1901- Almanake Paranaense.
Diário da Tarde 1 de Novembro de 1901.
No texto acima encontramos um manifesto de cargas da empresa de Mathias.
Aqui temos a informação que o destroço do Navio Adolpho de Barros “seu casco” era de propriedade de Mathias Bohn.
1903 diário da tarde 7 de novembro edicão 142 pagina 2.
Artigo acima nos informa que Mathias exerceu a função de Encarregado consular da Alemanha em Paranaguá.
Eleito Camarista Municipal em Paranaguá no pleito de 1904 conforme Jornal Diário da Tarde de 11 de Julho.
Faleceu com 43 anos de idade, em 5 de Dezembro de 1907, vitima de insuficiência aórtica, na cidade de Paranaguá.
Aqui podemos observar uma séria de noticias informando sobre uma demanda entre a ex-esposa de Mathias a Sra Maria dos Anjos Araujo e seus herdeiros, mais especificamente sua mãe Margarida.
1911- Jornal o Olho da Rua.
Em 1911 ainda existia sua empresa em Paranaguá e Curitiba.
Sabe-se que é uma edificação do final do século XVIII adquirida por Mathias Böhn, importante comerciante alemão, que faleceu em 1907 e foi sepultado no Cemitério Nossa Senhora do Carmo em Paranaguá, onde até hoje está o seu túmulo.
Construído no final do século XVIII, o local teve sua fachada reformada no estilo historicista, no final do século XIX, para se tornar Palácio Mathias Böhn, rico comerciante alemão, que se estabeleceu em Paranaguá. O Palacete Barbosa era comércio forte da Rua da Praia. Foi ocupado pela antiga Agência de Rendas, atualmente abriga a estação Náutica.
Referências:
Pinturas de Darcy Regis.
Biblioteca Nacional
Gazeta do Povo
Family Search
Instituto Moises Soares