Miosótis
\”(…) NÃO SE ESQUEÇA DE MIM (…)\”
Pode uma Flor identificar um Maçom?
A resposta é sim, porém antes vale sabermos algumas informações acerca desta pequena e delicada planta rasteira originária da Rússia, que geralmente tem entre 25 e 30 centímetros na fase de florescimento, possui pequenas flores azuis, flores brancas e flores rosadas que aparecem durante as primaveras.
O Miosótis gosta de baixa temperatura, sendo que se encontram naturalmente em lugares de altitude, espalhando-se por todos os continentes inclusive Africa e a América existindo naturalmente na região sul do Brasil e por todos os Andes, onde o Miosótis se adaptou muito bem, não se sabendo se chegou lá naturalmente ou foi levada pela mão do homem.
Muitas são as Lendas que cercam este lado misterioso da Miosótis. Numa destas e proveniente de uma antiga lenda romântica alemã, conta-se que esse nome está relacionado à última frase de um cavaleiro que, tentando alcançar uma flor para oferecer para a sua companheira, por conta do peso da armadura caiu em um rio e se afogou.
Na Europa há um folclore que costuma atribuir diversos poderes mágicos ao Miosótis, tratando-o, por exemplo, como chave mágica para tesouros enfeitiçados, entretanto , basicamente existem duas Lendas muito curiosas, sendo que uma delas , de origem persa tem uma conotação bem religiosa, com doses de carinho, bondade e esperança, e outra possui uma conotação mais maçônica, o que vem a ser o tema central deste artigo.
Miosótis
Vergissmeinnicht, em alemão;
forget-me-not, em inglês;
forglemmigef em dinamarquês;
ne m’oubliez pás, em francês;
non-ti-scordar-di-me, em italiano;
não-te-esqueças-de-mim, em português.
Nos anos entre a Primeira Guerra Mundial e a Segunda Guerra Mundial, o azul do Forget Me Not Emblem (Das Vergissmeinnicht) era um símbolo padrão usado pela maioria das organizações de caridade na Alemanha, com um significado muito claro: \” Não se esqueça dos pobres e dos indigentes \”.
Foi introduzido pela primeira vez na Maçonaria alemã em 1926, muito antes da era nazista, na comunicação anual da Grande Loja Zur Sonne, em Bremen, onde foi distribuída a todos os participantes. Esse foi um momento terrível na Alemanha, economicamente falando, agravado ainda mais em 1929 após a Grande Depressão desse ano.
Essa situação econômica contribuiu para a acensão de Hitler ao poder. Muitas pessoas dependiam da caridade, algumas das quais eram feitas por associações maçônicas.
Distribuir esse símbolo foi para lembrar os irmãos alemães das atividades de caridade da Grand Lodge.
No início de 1934, logo após a ascensão de Adolf Hitler ao poder, ficou claro que a maçonaria alemã corria o risco de desaparecer.
E breve, a maçonaria alemã, que conhecera dias gloriosos e que tivera, em suas colunas, os mais ilustres filhos da pátria alemã, com Goethe, Schiller e Lessingn, veria esmagado o espírito da liberdade sob o pretexto de impor a ordem e uma supremacia racial.
Quanto retrocesso desde que Friedrich Wilhelm III, Rei da Prússia, em 1822, impediu que os esbirros reacionários da Santa Aliança de Metternich fechassem as Lojas Maçônicas, declarando peremptoriamente que poderia descrever os Franco-Maçons prussianos, com toda a honestidade, como sendo os melhores dentre os seus súditos… (1)
As Lojas alemãs, na terceira década do século XX, estavam jurisdicionadas a onze Grande Lojas, divididas em duas tendências.
O primeiro grupo, de tendência humanista, seguindo os antigos costumes ingleses, tinha como base a tolerância, valorizando o candidato por seus méritos e não levando em consideração sua crença religiosa.
Constava de sete Grandes Lojas, a saber: Grande Loja de Hamburgo; Grande Loja Nacional da Saxônia, em Dresden: Grande Loja do Sol, de Bayreuth; Grande Loja-Mãe da União Eclética dos Franco-Maçons, em Frankfurt; Grande Loja Concórdia, em Darmstadt; Grande Loja Corrente Fraternal Alemã, em Leipzig; e, finalmente, a Grande Loja Simbólica da Alemanha.
O segundo grupo consistia das três antigas Lojas prussianas, que faziam a exigência de que os candidatos fossem cristãos. Havia ainda a Grande Loja União Maçônica do Sol Nascente, não considerada regular, mas que também tinha tendências humanistas e pacifistas.
Voltando a 1934, a Grande Loja Alemã do Sol Nascente se deu conta do grave perigo que iria enfrentar. Inevitavelmente, os maçons alemães estavam partindo para a clandestinidade, devido à radicalização política e ao nacionalismo exacerbado.
Muitos adormeceram e alguns romperam com a tradição, formando uma espúria Franco-Maçonaria Nacional Alemã Cristã, sem qualquer conexão com o restante da Franco-Maçonaria.
Declaravam eles abandonarem a idéia da universalidade maçônica e rejeitar a ideologia pacifista, que consideravam como demonstração de fraqueza e como uma degeneração fisiológica contrária aos interesses do estado!
Os maçons que persistiram em seus ideais precisaram encontrar um novo meio de identificação que não o óbvio Compasso & Esquadro, seguramente um risco de vida.
Há uma pequenina flor azul que é conhecida, em muitos idiomas, pela mesma expressão: não-me-esqueças – o miosótis. Entenderam, nossos irmãos alemães, que esse novo emblema não atrairia a atenção dos nazistas, então a ponto de fechar-lhes as Lojas e confiscar-lhes as propriedades.
Através de todo o período negro do nazismo, a pequenina flor azul identificava um Irmão. Nas cidades e até mesmo nos campos de concentração, o miosótis adornava a lapela daqueles que se recusavam a permitir que a Luz se extinguisse.
O miosótis como símbolo foi objeto de um interessante estudo do irmão David G. Boyd, no Philaletes de abril de 1987. Ele conta, também, que muitos maçons recolheram e guardaram zelosamente jóias, paramentos e registros das Lojas, na esperança de dias melhores. O irmão Rudolf Martin Kaiser, VM da Loja Leopold zur Treue, de Karlsruhe, quebrou a jóia do Venerável Mestre em pequenos pedaços de tal modo que não pudesse ser reconhecida pela infame Gestapo.
Em 1945, o nazismo, com seu credo de ódio, preconceito e opressão, que exterminara, entre outros, também muitos maçons, era atirado no lixo da História. Nas fileiras vitoriosas que ajudaram a derrotá-lo, estavam muitos maçons – ingleses, americanos, franceses, dinamarqueses, tchecos, poloneses, australianos, canadenses, neozelandeses e brasileiros. De monarcas, presidentes e comandantes aos mais humildes pracinhas.
Mas, entre os alemães, alguns velhos maçons também sobreviveram, seu sofrimento ajudando a redimir, de alguma forma, a memória da histeria coletiva nazista. Eles eram o penhor da consciência alemã, a demonstração de que a velha chama da civilização alemã continuara, embora com luz tênue, a brilhar durante a barbárie.
Em 14 de junho de 1954, a Grande Loja O Sol (Zur Sonne) foi reaberta, em Bayreuth, sob um ilustre irmão o Dr. Theo Vogel, núcleo das Grandes Lojas Unida da Alemanha (VGLvD, AF&AM). Nesse momento, o miosótis foi aprovado como emblema oficial da primeira convenção anual, realizada por aqueles que conseguiram sobreviver aos anos amargos do obscurantismo. Nessa convenção, a flor foi adotada, oficialmente, como um emblema Maçônico, em honra àqueles valentes Irmãos que enfrentaram circunstâncias tão adversas.
Certamente, na platéia, estava o Venerável Mestre da Loja Leopold ZurTreue, agora nº 151, ostentando orgulhoso sua jóia recuperada e reconstituída, suas emendas de solda constituindo-se num testemunho mudo e comovente da história.
Finalmente, para coroar, quando Grão-Mestres de todo o mundo encontraram-se nos Estados Unidos, o Grão-Mestre da recém formada Grandes Lojas Unidas da Alemanha presenteou a todos os representantes das Grandes Jurisdições ali presente com um pequeno miosótis para colocar na lapela.
O miosótis também é associado com as forças britânicas que serviram na Alemanha, em especial na região do Rio Reno, logo após a guerra. Há uma Loja, jurisdicionada à Grande Loja Unida da Inglaterra, a Forget-me-not Lodge nº9035, Ludgershall, Wiltshire, que adotou a flor como emblema. Foi formada especialmente para receber os militares ingleses que retornavam do serviço na Alemanha.
Foi assim que essa mimosa florzinha azul, tão despretensiosa, transformou-se num significativo emblema da Fraternidade – talvez hoje o mais usado pelos maçons alemães.
Ainda hoje, na maioria das Lojas germânicas, o alfinete de lapela com o miosótis é dado aos novos Mestres, ocasião em que se explica o seu significado para que se perpetue uma história de honra e amor frente à adversidade, um exemplo para as futuras gerações Maçônicas de todas as nações. (…)
Quando o Irmão Vogel foi mais tarde eleito GM da Grande Loja AFuAM da Alemanha e visitou uma conferência de Grand Masters em Washington, DC, ele distribuiu a quase todos os presentes.
Mas a história é verdadeira?
As informações sobre a tradição maçônica em torno do azul, não são muito pequenas. É verdade que a flor foi usada por alguns maçons alemães em torno de 1926, e parece provável que em março de 1938 alguns deles a usassem novamente como um crachá nazista, mesmo que por uma coincidência extraordinária, tivesse sido escolhido como um emblema maçônico doze anos antes. É provável que não seja verdade que já foi usado depois de março de 1938 como um meio secreto de reconhecimento.
No entanto, mesmo que muitos maçons alemães (juntamente com a grande maioria dos cidadãos alemães da época) nunca se opuseram à política nazista e chegassem a apoiar Hitler, alguns eram corajosos o suficiente para lutar contra ele abertamente.
Com base na associação de todas as Lodges alemãs existentes, é provável que cerca de 1% ou 2%. Das 174 Lojas que participaram da criação da primeira Grandes Lojas unidas da Alemanha, cinco pertenciam apenas à Grande Loja simbólica de 1930, a única Grande Loja alemã que resistiu a Hitler.
Por razões humanas e políticas, os maçons que pensavam que era seu dever reconstruir a Maçonaria alemã, uma vez que a Guerra terminou, dificilmente poderiam dizer toda a verdade a seus irmãos estrangeiros. Eu pessoalmente acredito que eles podem ter contado a história desses anos sombrios de uma maneira diferente, mas estou pronto a admitir que provavelmente é mais fácil dizer isso em 2009 do que na década de 1950.
Assim, nasceu uma lenda. Não a lenda do ”forget-me-not”, mas a de uma Maçonaria alemã muito fraca para resistir, proibida assim que Hitler se tornou Chanceler do Reich, vestindo um crachá nas ruas e em campos de concentração. Essa lenda provavelmente nasceu como resultado de um esforço inconsciente para inibir o passado, bem como uma manobra consciente. Acredita-se não só porque era coisa lógica, mas também porque era reconfortante imaginar os maçons que atuassem de acordo com seus ideais, lutando pela liberdade e defendendo.
Vamos manter isso e vamos admitir a Fraternidade maçônica do azul, Esquece-me Não e, assim, uma flor simples floresceu em um símbolo da fraternidade e tornou-se talvez o emblema mais usado entre os Maçons Livres na Alemanha.
Nos anos que se seguiram à adoção, seu significado em todo o mundo foi atestado pelos dezenas de milhares de irmãos que agora o exibem com orgulho significativo.
Enfim, esta é a história da MIOSÓTIS, o que podemos usar uma Lenda ou Outra sobre sua existência e assim sempre lembrarmos as nossas pessoas mais queridas para NUNCA SE ESQUECEREM DE NÓS!!
Hamilton F Sampaio Junior.’.
Fontes:
http://www.masonicnetwork.org/blog/tag/das-vergissmeinnicht/
http://www.deldebbio.com.br/a-miosotis-e-a-maconaria/
http://www.mjouteiropinto.blogspot.com