

Maria Macaggi, mais conhecida como Nenê Macaggi, nasceu em 28 de abril de 1908, em Paranaguá, no Paraná, filha de Maria Thereza de Paiva e Narcizo Maccaggi.


Ainda muito jovem, Nenê mudou-se para o Rio de Janeiro, onde iniciou sua carreira jornalística, trabalhando no Jornal do Brasil e no Jornal de Notícias. Ela também escreveu para diversas revistas, como A Carioca, O Malho e A Seleta. Seus primeiros romances foram Chica Banana e Água Parada, ambos de 1930, e Contos de Dor e Sangue, publicado em 1940.
Em 1940, recebeu do presidente Getúlio Vargas uma carta de apresentação destinada aos interventores estaduais, que possibilitava seu livre trânsito por todo o Brasil. Nesse mesmo ano, Nenê viajou por várias regiões do país, chegando a Manaus no final do ano.
Ao chegar à Amazônia, ficou encantada pela região. Seu entusiasmo pela beleza natural, pelas riquezas minerais e pelo contato com diferentes etnias indígenas, aos quais defendia os direitos, lhe conferiu o título de “Rondon de saias”, em alusão ao Marechal Cândido Mariano Rondon, conhecido por sua defesa dos povos indígenas.
Nenê foi nomeada Delegada Especial do Serviço de Proteção aos Índios (SPI, hoje FUNAI) e, posteriormente, foi registrada como garimpeira. Nesse contexto, trabalhou na região do Cotingo, em Roraima, onde seu marido, José Soares Bezerra, faleceu vítima de febre amarela.
O casal teve um filho, José Augusto Soares, que se casou com Vera Soares, com quem teve os filhos José Soares Neto, Raul Macaggi Soares e Aramis Macaggi Soares. Há também a neta Natália Luiza Campos, filha de José e Neyle Campos. No final de 1941, Nenê retornou ao Rio de Janeiro.
Em 1942, Nenê fixou residência definitiva em Boa Vista, Roraima, na Avenida Consolata, em frente ao SEBRAE. Ali, exerceu diversos cargos públicos, como revisora da Imprensa Oficial, conselheira de Cultura e presidente de honra da Academia Roraimense de Letras.
Sua importância na literatura roraimense cresceu à medida que passou a escrever sobre o cotidiano da vida local. Seu romance A Mulher do Garimpo, escrito na década de 1970, é considerado o marco inicial da produção literária no estado. Outros de seus livros incluem Conto de Amor, Conto de Dor (1970), Exaltação ao Verde (1980), Dada Gemada – Doçura Amargura (1980), A Paixão é Coisa Terrível (1990) e Nara-Suê Uerena – O Romance dos Xamatautheres do Parima, que ficou mais de 15 anos aguardando publicação.
Em sua homenagem, o Palácio da Cultura de Roraima passou a ser denominado com seu nome após seu falecimento. O Conselho de Cultura instituiu o Dia do Escritor Roraimense, a ser comemorado no dia 24 de abril, data de seu nascimento. Sua obra mais importante, A Mulher do Garimpo, é considerada o marco inicial da literatura roraimense, retratando o sertão amazônico e sua vivência como garimpeira e defensora dos direitos dos índios.
Nenê Macaggi faleceu em Roraima no dia 4 de março de 2003, aos 89 anos.
Referências:
Folha de Boa Vista. «Conheça a história da escritora Nenê Macaggi». 2021-10-30. Consultado em 30 de outubro de 202.
Gilvan Costa. «Nas entrelinhas da história de Nenê Macaggi». 2006-04-24. Consultado em 30 de outubro de 2021.