Nascido em Paranaguá, no dia 12 de novembro de 1874, filho de Simplício Manoel da Silva Júnior e de Dona Alzira Paula da Costa e Silva, iniciou seus estudos na cidade natal. Ainda na adolescência, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde ingressou na carreira militar em 19 de fevereiro de 1891.
Em 3 de novembro de 1894, foi promovido a segundo-tenente de engenharia e, em 11 de fevereiro de 1911, alcançou o posto de capitão de engenharia. No ano de 1903, graduou-se como doutor pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde apresentou a importante tese “Similis Similibus Curantur (Os semelhantes curam-se com os semelhantes)”, que propunha um sistema oposto à medicina tradicional, a qual combatia os contrários pelos contrários. Essa tese inaugural é considerada uma das obras mais apreciadas sobre a homeopatia.
Após o falecimento de sua esposa, decidiu deixar o Rio de Janeiro, mudando-se para Curitiba, onde se estabeleceu em 1906. Apesar de sua carreira militar, dedicou-se à clínica homeopática, abrindo seu consultório ao público. Fundou, juntamente com o farmacêutico homeopata Domingos Duarte Velloso, a Revista Homeopática do Paraná, que posteriormente passou a ser denominada Revista Homeopática Brasileira. Essa revista foi publicada durante sete anos, até que sua circulação foi suspensa em virtude da mudança do Dr. Nilo Cairo para o estado de São Paulo.
Antes de se fixar em Curitiba, o Dr. Nilo Cairo publicou, entre 1905 e 1906, uma série de 26 artigos sobre homeopatia no jornal A Notícia, os quais tiveram grande repercussão. Em 1910, casou-se em segundas núpcias com Dona Leonor Lopes da Silva, filha do paranaense Coronel Jesuíno Lopes.
Conforme relato de seus amigos, o Dr. Nilo Cairo destacava-se por sua intensa atividade e laboriosidade. Demonstrava coragem e um espírito determinado para a realização de empreendimentos difíceis. Fundou, em Curitiba, o Dispensário Homeopático Infantil, que prestou inúmeros serviços à população carente. Em virtude de sua dedicação e de seu desejo de contribuir para o progresso de seu estado natal, idealizou um plano ambicioso: a fundação da Universidade do Paraná, fruto de um sonho e de um ideal que parecia inatingível. A criação desse importante estabelecimento de ensino superior, considerado um dos melhores da República, deve-se, indubitavelmente, à sua determinação, perseverança e energia. O Dr. Nilo Cairo foi a alma e a força motriz que impulsionou todas as ações necessárias.
Nessa notável instituição, ele atuou como Secretário-Geral e lecionou diversas disciplinas no curso de Medicina. Ao se retirar do Paraná, foi-lhe prestada homenagem com a colocação de um busto em bronze no vestíbulo do edifício da Universidade, em 19 de agosto de 1921. Durante a cerimônia de inauguração do busto, o Dr. Victor do Amaral proferiu um longo discurso, narrando a fundação dessa eminente instituição.
É justo afirmar que, se o Dr. Nilo Cairo foi a força impulsionadora da fundação da Universidade, em 19 de dezembro de 1912, o Dr. Victor do Amaral foi e continua sendo o espírito conservador, responsável por manter viva essa grandiosa obra, que tanto enaltece os créditos morais e intelectuais do Paraná. O corpo docente das três faculdades, ciente da responsabilidade que lhe cabe na formação das futuras gerações, tem mantido uma postura digna, destacando o nome dessa respeitável instituição, de onde têm surgido e continuarão a surgir profissionais dedicados à grandeza da Pátria.
A partir de determinado momento, o Dr. Nilo Cairo foi acometido por uma esclerose parcial do tímpano, o que prejudicou sua atuação na clínica. Talvez esse tenha sido o motivo que o levou a deixar a carreira militar. Dotado de vasto conhecimento, produziu obras consagradas tanto por nacionais quanto por estrangeiros, sendo as mais importantes as seguintes:
Similia Simiübus Curantur – these inaugural, 162 pags. (1903). Tratmnento Homeopático da Coqueluche (1906). Tratamento Homcopathicoa In- 2 14 f lue’!’tza (1907). Tratamento Homoepathico das Molestias Tropicaes (1909) . Guia de Medicina 1-forneoP.athz’ca (43 Edição, 1 921). A Homeopathia e a Critzca (1909). O Dr. Huchard e a flomeopatlúa (1910). A Cantharida na T h eurapeuthica Official (1904 ). Os Antzmoniaes 11a Tlz eurapeuthica Official (190 4 ). Us S a licylados na T h erap euti ca 0/]icial – (190 4). Medicamentos Complexos – Discurso pronunciado perante o Instituto Hahnemanniano do Brazil ( 1905). Hahnem ann – (1905). Lachesis Mutus-Mati ere Médicale et Thérapeutique (1 91 0). Crotalus T errijicus Materia Medica and Therapeutics (1 910). Lachesis Lanceo la tus – Materia Medica and Therapeutics (In The Hahnemannian Monthly – 1910). El aps Corallinus (In The Hahnemannian Monthly, 1910), A Fe- hre Amar ella e seu Tratamento Homeopathico ( 168 pags. 19 10). Elementos de Physiologia (280 pag~. 1916). Elemfntos de Pa tho logia G er al (324 pags. 191 6 ). Tra tamento Homeopathico das Diarrrhéas Infartlis (2~ e diç ã o, 64 p ags. 19 17). A Cultura da Terra (156 pags. 1920). Guia Prático da Cultura do Fumo (64 pags. 1922).
Em 1925, Nilo afastou-se das salas de aula devido a problemas de saúde e, logo em seguida, transferiu sua residência para sua cidade natal. Alguns anos antes, havia contraído matrimônio pela terceira vez, agora com Ermelina Schmidt.
Residindo em Paranaguá e afastado da vida acadêmica docente em decorrência de problemas provocados por uma úlcera estomacal, em 1928, Nilo viajou para a cidade do Rio de Janeiro com o propósito de tratar da enfermidade. Contudo, na quarta-feira, dia 6 de junho de 1928, faleceu na capital federal, aos 53 anos e 6 meses de idade.
Em 1933, seus restos mortais foram transladados do Rio de Janeiro para Curitiba e depositados no pedestal de seu busto, que estava sendo inaugurado em frente ao prédio da antiga Universidade do Paraná (ainda desmembrada em várias faculdades) e futura UFPR, na Praça Santos Andrade.
Além do busto, as homenagens ao médico homeopata, engenheiro e um dos fundadores da primeira universidade federal brasileira são inúmeras, destacando-se duas: em Apucarana, cidade do interior do Paraná, encontra-se o Colégio Estadual Nilo Cairo, a maior escola do município e da região; e, no centro da capital paranaense, está localizada a Rua Nilo Cairo, ambas justas homenagens ao parnanguara que realizou o sonho da “Liberdade de Ensino e Liberdade Profissional”. Outra homenagem provém do Curso de Medicina da Universidade Federal do Paraná, cujo diretório acadêmico leva o seu nome.
Referências:
André Fedalto (7 de setembro de 2009). Quem foi Nilo Cairo – Diretório Acadêmico Nilo Cairo (DANC). Visitado em 29 de dezembro de 2009. – Yimg (data não informada). Nilo Cairo. Visitado em 1 de dezembro de 2009. – Redação. Filha de Nilo Cairo Relembra suas Obras. Gazeta do Povo, Curitiba, 12 nov. 1968 – CARNEIRO, David. A Universidade e o Centenário do Dr. Nilo Cairo. Gazeta do Povo, Curitiba, 13 nov. 1974 – FILHO, B. Nicolau do Santos. Conheça Nilo Cairo da Silva – Um Conterrâneo de Muito Valor. O Estado do Paraná, Curitiba, 17 nov. 1974 – Redação. Nilo Cairo. Gazeta do Povo, Curitiba, 26 jun. 1993 – Redação. UFPR Comemora 50 Anos da Morte de Nilo Cairo. Diário Popular, Curitiba, 31 mai. 1978 – WACHOWICZ, Ruy Christovam. A Universidade do Mate: História da UFPR, Editora da UFPR, Curitiba. 1983.
Instituto Moises Soares