O Cisne Negro

hamilton |19 novembro, 2022

Blog | Rastro Ancestral

João da Cruz e Sousa (1861-1898) foi um poeta e jornalista catarinense.

Nascido em 1861, filho dos escravos alforriados Guilherme da Cruz, mestre-pedreiro, e Carolina Eva da Conceição. João da Cruz desde pequeno recebeu a tutela e uma educação refinada de seu ex-senhor, o marechal Guilherme Xavier de Sousa – de quem adotou o nome de família, Sousa. A esposa de Guilherme Xavier de Sousa, Dona Clarinda Fagundes Xavier de Sousa, não tinha filhos, e passou a proteger e cuidar da educação de João.

Talentoso, aos oito anos de idade Cruz e Sousa revela-se um poeta precoce ao declamar versos de sua autoria, homenageando o retorno do coronel Xavier de Sousa da Guerra do Paraguai e sua promoção a marechal.

Atualmente reconhecido como um dos grandes poetas sociais do Brasil. Sabe-se que Cruz e Sousa participou ativamente da campanha abolicionista, tendo contato, inclusive, com grandes figuras do movimento, como Joaquim Nabuco. Em 1887, o poeta publicou, a 22 de Julho, no periódico Renegação, portanto cerca de dez meses antes da Lei Áurea, um importantíssimo texto acerca das pretensões dos abolicionistas e sobre a questão da cultura escravocrata estar escancaradamente enraizada no sistema político e econômico brasileiro.

Em 1881, dirigiu o jornal Tribuna Popular, no qual combateu a escravidão e o preconceito racial. Em 1883, foi recusado como promotor de Laguna por ser negro. Em 1885, lançou o primeiro livro, Tropos e Fantasias em parceria com Virgílio Várzea. Cinco anos depois foi para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como arquivista na Estrada de Ferro Central do Brasil, colaborando também com diversos jornais.

Em fevereiro de 1893, publicou Missal (prosa poética baudelairiana) e em agosto, Broquéis (poesia), dando início ao simbolismo no Brasil que se estende até 1922. Em novembro desse mesmo ano casou-se com Gavita Gonçalves, também negra, com quem teve quatro filhos, todos mortos prematuramente por tuberculose, levando-a à loucura.

Fundador e um dos principais representantes do simbolismo no Brasil, Cruz e Souza foi um dos precursores da literatura afro-brasileira e figura proeminente de seu tempo.

Morreu a 19 de março de 1898 em Minas Gerais, na localidade de Curral Novo, então pertencente ao município de Barbacena vítima de tuberculose.

Teve o seu corpo transportado para o Rio de Janeiro em um vagão destinado ao transporte de cavalos. Ao chegar, foi sepultado no Cemitério de São Francisco Xavier por seus amigos, dentre eles José do Patrocínio, onde permaneceu até 2007, quando seus restos mortais foram então acolhidos no Palácio Cruz e Sousa, antigo palácio de governo do estado de Santa Catarina e atual Museu Histórico de Santa Catarina, no centro de Florianópolis.

Cruz e Sousa é um dos patronos da Academia Catarinense de Letras, representando a cadeira número 15

Fonte: O Veredito de Cruz e Sousa sobre o Abolicionismo

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