Imagem: “Voto em Azulejo na Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem de Salvador, Bahia, encomendado pelo português Bernardo da Costa por ter escapado de um ataque de Piratas Mulçumanos do Norte da África a caminho do Brasil em 1720:
Milagre que fez N. Sra da boa Viagem a Bernardo da Costa vindo das ilhas pa Lix a (Lisboa) lhe sahirão quatro Naus de Mouros e apegando-se com muita fé com a dita Sra sucedeu levantar-se um grande temporal que logo desapareceu, no ano de 1720″.
Além dos Corsários Ingleses e Holandeses, o Brasil também foi alvo dos Temidos Piratas Berberes, da região litoral do Norte de África correspondente hoje às costas da Argélia, Tunísia, Líbia e do Marrocos.
Nos Séculos XVII e XVIII não era incomum embarcações que saiam do Brasil serem alvo de ataques dos piratas do Norte da África, alguns navios negreiros portugueses tinham toda sua carga humana roubada e desviada para os mercados de Argels e Túnis.
Existem registros de cativos do Brasil nos Portos do Norte África, como Maria, resgatada ao fim de 12 anos cativa com sua filha, ou também o padre Romão Furtado de Mendonça, ambos resgatados junto com outros 365 cristãos pelos frades trinitários que usaram um financiamento do Rei Dom João V de Portugal em 1720.
“Entre os 365 cristãos resgatados estavam os “brasileiros” padre Romão Furtado de Mendonça, natural do Rio de Janeiro, de 27 anos, Miguel de Sequeira, homem negro, marinheiro, natural do Pará, de 57 anos; Esperança, mulher negra, natural do Maranhão, de 25 anos; e Manuel Tapuia, natural do Pará, de 14 anos, todos eles com um ano de cativeiro.
Possivelmente viajavam numa charrua “veleiro lento“, com grandes porões e armamento reduzido do Maranhão, que fora aprisionada perto da costa brasileira”.
Prova de que saques e atividades de corsários eram realizados em pleno Atlântico e, talvez, até mesmo na costa brasileira.
Em 1644 o fidalgo maranhense Bento Maciel, cavaleiro da Ordem de Santiago, veterano das guerras contra os holandeses e da guerra de Independência portuguesa, foi capturado por piratas berberes do Norte da África, e feito escravo pela poderosa família dos al-Naksis de Teutao, onde “padeceu de cruel cativeiro” por 7 anos.
Em 1651 Rei de Portugal Dom João IV ordenou o pagamento de seu resgate.
Na sua obra nativista “Desagravos do Brasil e Glória de Pernambuco” do ano de 1757 o cronista beneditino Domingos do Loreto Couto relata o martírio de quatro índios brasileiros no Marrocos no ano de 1690, capturados e torturados por piratas beberes por negarem a ser converter à fé islâmica.
Nesta época o Franciscano espanhol Gaspar Gonzales negociava a soltura de escravos cristãos no Norte da África.
Fonte: Earle, Peter, The Pirate Wars. Thomas Dunne, 2003/Nobrezas do Novo Mundo: Brasil e ultramar hispânico. De Ronald Raminelli
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